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Santander Brasil teve queda de 41% no lucro do segundo trimestre

Os principais mercados do Santander, que abrangem o Brasil e a Espanha, foram alguns dos mais afetados pela pandemia de coronavírus

Santander: banco tem melhorado suas carteiras de crédito desde 2022 em termos de provisões e clientela e deve aproveitar melhora do ciclo (Jakub Porzycki/Getty Images)

Santander: banco tem melhorado suas carteiras de crédito desde 2022 em termos de provisões e clientela e deve aproveitar melhora do ciclo (Jakub Porzycki/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de julho de 2020 às 09h02.

Última atualização em 29 de julho de 2020 às 18h01.

O Santander Brasil apresentou lucro líquido gerencial, que não considera ágio de aquisições, de R$ 2,136 bilhões no segundo trimestre, cifra 41,2% menor que a vista um ano antes, de R$ 3 635 bilhões. No comparativo trimestral, houve declínio de 44,6%.

Os resultados do banco espanhol no País foram impactados pelo reforço de provisões para devedores duvidosos (PDDs) no montante de R$ 3,2 bilhões feito por conta da pandemia do novo coronavírus. O Santander era a única grande instituição financeira de capital aberto no Brasil que ainda não tinha ampliado o colchão para perdas no primeiro trimestre pela covid-19.

Sob os reflexos da pandemia, o lucro líquido do Santander Brasil no primeiro semestre foi de R$ 5,989 bilhões, redução de 15,9% na comparação com o mesmo intervalo de 2019. Analistas veem os números do banco se recuperando de forma mais lenta que os rivais daqui para frente justamente pelo fato de ter adiado o movimento de reforço nas provisões em meio à crise.

A carteira de crédito ampliada do Santander Brasil encerrou junho com saldo de R$ 466,749 bilhões, alta de 0,7% em relação a março. Em um ano, os empréstimos apresentaram incremento de 18 4%.

Após bater a marca histórica de R$ 1 trilhão em ativos no primeiro trimestre, o Santander abandonou-a em meio à crise. Ao fim de junho, os ativos totais do banco somavam R$ 987,679 bilhões, queda de 1,3% frente a março. Em um ano, contudo, cresceram 18,1%.

Com o reforço nas provisões por conta da pandemia, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do Santander Brasil também foi atingido. A rentabilidade do banco despencou de 22,3% no primeiro trimestre para 12,0% no segundo.

O patrimônio líquido do Santander era de R$ 72,455 bilhões no segundo trimestre, alta de 3,5% frente ao primeiro. Em um ano, cresceu 5,4%.

Ao contrário do que fazia há anos, o Santander não informou desta vez qual foi a parcela de participação dos países no lucro atribuível ao grupo, mas sim a participação por região. O Brasil tradicionalmente é o maior gerador de resultados do banco no mundo.

A América do Sul contribuiu com 45% do lucro da instituição na primeira metade de 2020 enquanto a atividade do banco na Europa foi responsável por 35% e a na América do Norte, por 20%.

Efeitos extraordinários

O reforço nas provisões fez o Santander Brasil divulgar um lucro desconsiderando tal movimento. Neste caso, o resultado gerencial líquido seria de R$ 3,896 bilhões no segundo trimestre, aumento de 1,1% ante os três meses anteriores. Em um ano, teria crescido 7,2%

Já lucro líquido societário, que considera o ágio de aquisições passadas, foi de R$ 2,025 bilhões no segundo trimestre, queda de 46,3% frente ao primeiro. Em um ano, quando ficou em R$ 3,410 bilhões, a queda foi de 40,61%.

Índice de Basileia

O índice de Basileia do Santander era de 14,41% no segundo trimestre deste ano ante 13,81% nos três meses anteriores. Em um ano, porém, diminuiu, considerando que estava em 16,2%. O indicador mede o quanto o banco pode emprestar sem comprometer o seu capital.

O Santander explica, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que o índice de Basileia foi influenciado pelo aumento de 23,8% nos ativos ponderados pelo risco (RWA, na sigla em inglês) dado o crescimento da carteira de crédito no mesmo período e da alta no saldo dos créditos tributários.

O banco destaca ainda que seu índice de Basileia supera em 4,16 ponto porcentual a soma dos requerimentos mínimos do Patrimônio de Referência e Adicionais de Capital Principal. A exigência de capital é de 10,25%, sendo mínimo regulatório de 8,0% mais conservação de 1,25% mais adicional de importância sistêmica de 1%.

Fechamento de agências

O Santander Brasil fechou 50 agências no País e demitiu 844 funcionários durante o segundo trimestre, ápice da pandemia do novo coronavírus no Brasil. O banco assim como os rivais assumiu o compromisso de não desligar trabalhadores por conta da covid-19, aderindo, inclusive, ao abaixo assinado 'Não Demita'.

No início de junho, as demissões feitas pelo Santander Brasil começaram a se tornar públicas diante da denúncia do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. O banco explicou, na ocasião, que o compromisso de não demitir havia terminado em maio.

O Santander Brasil encerrou junho com 46,348 mil funcionários no País ante 47,192 mil em março. Já a rede de agências físicas somava 2.209 unidades contra 2.259, respectivamente.

As despesas gerais do Santander Brasil, que incluem gastos administrativos e pessoais, totalizaram R$ 5,191 bilhões no segundo trimestre, queda de 1,9% frente ao primeiro. Em um ano, ficaram praticamente estáveis, com queda de 0,2%.

De acordo com o Santander, no semestre, o aumento das despesas gerais foi influenciado pelo maior gasto com processamento de dados para suportar a

transformação digital do banco, intensificada nos últimos meses em meio à pandemia, e o aumento das transações de autoatendimento.

O índice de eficiência do banco atingiu 35,7% no segundo trimestre, melhora de 1,5 ponto porcentual em três meses, atingindo o menor patamar histórico. O desempenho resulta, conforme o Santander, de uma "gestão diligente de gastos, comprometimento pela eficiência e produtividade".

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