Fernando e Renata Vichi: "Meu maior legado é a cultura. Não acredito em empresa com camisa 10" (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 14h06.
O Grupo CRM, dono das marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, inicia 2026 com uma mudança importante no topo da sua estrutura.
Após décadas à frente do negócio, Renata Vichi deixa o cargo de CEO para dar início a uma nova etapa pessoal e profissional. No comando, entra Fernando Vichi, atual diretor de operações (COO) e marido de Renata.
O Grupo CRM encerra 2025 consolidado como uma das maiores redes de franquias do país, com mais de 1.300 lojas, presença nacional e integração plena à Nestlé.
A transição entre Renata e Fernando é, nas palavras do casal, mais uma etapa de um processo iniciado a quatro mãos e que agora segue em novo formato.
“É uma evolução, não uma revolução”, diz Fernando à EXAME, em sua primeira entrevista como futuro CEO. “A estrutura permanece, os planos continuam, mas o estilo de liderança muda.”
A executiva ainda não definiu os próximos passos. Pretende explorar oportunidades que unam sua bagagem como empreendedora e executiva. “Não descarto empreender novamente ou atuar em conselhos. Mas agora é hora de entender o que eu não quero mais, antes de escolher o que vem pela frente", diz.
“O meu compromisso sempre foi construir um time forte. Não acredito em empresa com camisa 10, acredito em um time entrosado, com cultura forte e execução disciplinada", diz Renata Vichi.
Segundo o casal, o apoio da Nestlé tem sido ativo desde a aquisição, com integração técnica e acesso ao centro global de inovação da companhia em York, na Inglaterra.
A nova fase também prevê simplificação da estrutura e maior sinergia entre as áreas do CRM e da Nestlé Brasil.
Fernando Vichi assume a cadeira de CEO com foco em continuidade, proximidade com a rede e reforço na execução. “Sou menos redes sociais e mais chão de fábrica. Gosto de estar perto das equipes e franqueados, ouvindo e ajustando os planos no detalhe.”
O executivo também aponta otimismo moderado para 2026. A tendência de queda no preço do cacau alivia parte da pressão dos últimos trimestres, e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil pode estimular o consumo, especialmente nas lojas da Brasil Cacau, voltadas para a classe média.
“Não podemos controlar o cenário macro, mas podemos controlar a nossa execução”, afirma. “Já passamos por pandemia, hiperinflação, caos político. A resiliência da marca foi testada e aprovada.”
Mesmo com a alta do cacau e do café no mercado global, o Grupo CRM projeta encerrar 2025 com crescimento de dois dígitos.
Segundo dados do Varejo 360, a companhia ganhou 2,5 pontos percentuais de participação de mercado no segmento de chocolates entre janeiro e outubro. A base ativa de clientes da Kopenhagen também aumentou o ticket médio em 5% no período.
“O que a gente está colhendo agora é resultado de uma construção de anos”, afirma Renata. “Conseguimos equilibrar um cenário macroeconômico difícil com consistência de marca, disciplina operacional e inovação.”
O giro atual supera o do ano anterior: crescimento de 27% em Brasil Cacau e de 2 pontos percentuais em Kopenhagen. “Já deixei Páscoa e Natal de 2026 prontos”, brinca Renata. “Ainda tem minha digital por um tempo.”