Sadia retira oferta de compra da Perdigão
Empresa desiste de adquirir concorrente, após acionistas recusarem prontamente duas ofertas
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
A Sadia decidiu retirar a proposta de compra da totalidade do capital de sua maior concorrente, a Perdigão. O informe foi enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no início desta tarde (21/7). No documento, a empresa afirma que, diante das "reiteradas recusas manifestadas por acionistas integrantes do grupo de controle da Perdigão", a Sadia decidiu "revogar definitivamente a oferta".
Segundo uma fonte que acompanhou a negociação, o que mais pesou na decisão da Sadia foi a "intransigência" dos fundos de pensão, que detêm a maior parte do capital da concorrente. "Todos os sinais foram de que eles não estavam dispostos nem a negociar", diz. A primeira oferta foi lançada pela Sadia no início da tarde de segunda-feira (17/7). No mesmo dia, a diretoria-executiva da Perdigão levantou objeções sobre o preço ofertado - 27,88 reais por ação - bem como à forma com que a proposta foi apresentada. Os acionistas a consideraram "hostil", enquanto a Sadia a classificava como "voluntária", já que os termos do acordo eram baseados no estatuto da própria rival.
Na tarde de terça-feira (18/7), a Perdigão comunicou oficialmente ao mercado a recusa da proposta. Nove fundos de pensão, mais a Weg Participações, detentores de 55,38% do capital da empresa, rechaçaram a oferta por estar "aquém das expectativas", segundo expressão corrente dos comunicados. Um dia depois, a CVM considerou insuficiente a documentação apresentada pela empresa para caracterizar a renúncia. Os investidores apresentaram novas manifestações por escrito. A CVM concedeu, então, prazo de 24 horas para que a Sadia retirasse ou reformulasse a oferta.
A empresa elevou, então, o preço oferecido para 29 reais por ação - um reajuste de 4%, que elevaria o total a ser pago pela empresa de 3,7 bilhões de reais para 3,85 bilhões.
Menos de 24 horas após a nova proposta, o mesmo bloco de acionistas da Perdigão reiterou a recusa, o que contrariou a direção da Sadia, que esperava um processo de negociação, e não rejeições tão rápidas.