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Latam diz que continuará negociação com BNDES por crédito de R$ 2 bi

Subsidiária brasileira não entra no pedido de recuperação judicial feito nos EUA. Empresa não descarta mais demissões

Latam: estão na recuperação judicial a matriz no Chile e as subsidiárias no Peru, Colômbia, Equador e EUA (Regis Duvignau/Reuters)

Latam: estão na recuperação judicial a matriz no Chile e as subsidiárias no Peru, Colômbia, Equador e EUA (Regis Duvignau/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 26 de maio de 2020 às 12h01.

Última atualização em 26 de maio de 2020 às 15h03.

Depois de entrar com pedido de proteção judicial nos EUA, o chamado Capítulo 11, a LATAM vai propor ao BNDES entrar em um pool de financiamento DIP (debtor-in-possession, em inglês), modalidade que garante aos credores preferência na hora de reaver os créditos.

– O governo chileno vai entrar no DIP. Nada impede que o governo brasileiro entre também e faça um direcionamento dos recursos para a subsidiária brasileira. A gente acredita que existe uma maneira de continuar avançando, mas tem que ser ajustada a essas novas condições –, afirmou o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier.

A empresa negocia um aporte de R$ 2 bilhões com o BNDES, que já reiterou sua disposição de apoiar apenas a operação brasileira da companhia.

As famílias Cueto e Amaro e a Qatar Airways, acionistas da companhia aérea, se comprometeram a fazer um financiamento DIP de US$ 900 milhões, valor que pode chegar a US$ 1,3 bilhão.

Para o presidente executivo do grupo Latam, Roberto Alvo, as regras do Capítulo 11 poderão favorecer as negociações com o BNDES.

– A reabilitação oferece opções interessantes para o BNDES participar. Creio que a estrutura que o banco propôs é complexa, mas queremos que os países entendam a importância da aviação para a economia. Nenhuma linha aérea no mundo conseguirá sobreviver sem ajuda – disse Alvo. – Agora que estamos no Capítulo 11 vamos falar de novo com o banco para saber as novas possibilidades que o processo vai nos permitir trabalhar.

O pedido de proteção judicial nos EUA vale apenas para a matriz no Chile e para as empresas no Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos. A subsidiária brasileira ficou fora do processo de recuperação.

Segundo o executivo, a decisão de recorrer ao Capítulo 11 nos EUA se deve ao fato de que 95% das dívidas da matriz são de contratos regidos por leis americanas. A dívida total da empresa é de US$ 10 bilhões.

O fato de haver uma negociação em curso no Brasil com o BNDES também pesou para a empresa decidir não recorrer à proteção da lei no Brasil.

O Capítulo 11 tem também uma vantagem em relação à lei de recuperação judicial brasileira: ela permite às companhias romper os contratos de leasing de avião sem penalização. – Vamos precisar reduzir o número de aviões na nossa frota e os valores dos contratos – , diz Cadier.

A empresa manterá as ações negociadas na Bolsa de Santiago. A Latam não tem capital aberto no Brasil.

Empresa não descarta mais demissões

Alvo afirmou que a empresa terá de tomar “decisões complexas nas próximas semanas para ajustar a demanda” e não descartou demissões.

– Lamentavelmente temos que reduzir pessoal e principalmente cortar pessoas que estavam fazendo bem seu trabalho. O Chapter 11 permite adequar a estrutura da companhia de maneira mais rápida e eficiente –, disse Alvo.

Segundo o presidente da empresa no Brasil, uma previsão de queda de demanda de 30 a 40% pelos próximos dois anos vai exigir corte de frota e pessoal nessa ordem também. Hoje a companhia tem 333 aviões, sendo 162 no Brasil, e 40 mil funcionários globalmente.

– Vamos ter que otimizar a frota. Pode ser 250, 240. Temos algumas famílias de aviões nos voos internacionais. Pode ser que a gente elimine uma família para ser mais eficiente. Mas como a demanda cai e eventualmente ela volta, podemos tomar a decisão de não devolver algum avião mas deixá-lo no chão pagando menos. E você ganha flexibilidade para retomar o voo mais pra frente.

Ele não deu previsão sobre os cortes no pessoal – nem o volume de demissões esperado para o Brasil.

Alvo ressaltou que o pedido de proteção judicial foi uma decisão voluntária da empresa e que normalmente esse processo nos EUA dura de 12 a 18 meses.

– É a melhor opção para a companhia se estruturar financeiramente, sem afetar a integridade operacional. Vamos seguir retomando voos na medida em que as restrições sanitárias e de voos forem sendo retiradas e a demanda retome.

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