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Queda do real poderia prejudicar aposta da Telefónica

A operadora espanhola é uma das empresas que estão lutando contra a queda do real, a única moeda importante que se desvalorizou frente ao euro neste ano

Telefônica: atualmente a Telefónica gera 23% da receita na maior economia da América do Sul (Susana Vera/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2015 às 21h15.

Ao mesmo tempo em que as empresas exportadoras europeias estão aproveitando um ano de queda do euro, que impulsionou a receita e os lucros, a operadora espanhola Telefónica SA é uma das companhias que estão lutando contra uma dor de cabeça cambial: o real brasileiro.

O real é a única moeda de importância que se desvalorizou frente ao euro neste ano. Apesar de ter tido um rali nas primeiras semanas de 2015, a moeda brasileira começou a cair em 23 de janeiro e desde então despencou cerca de 18 por cento.

A Telefónica faz parte do grupo de apenas dez grandes empresas europeias que obtêm pelo menos 20 por cento de sua receita total no Brasil, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Deste grupo, a operadora espanhola é a que tem a receita total mais alta no Brasil. Ter uma grande fatia das vendas no Brasil também pode prejudicar a companhia de seguros Mapfre SA e os supermercados Carrefour SA neste ano.

“O real mais fraco é um problema para a Telefónica”, disse Andrés Bolumburu, analista do Banco Sabadell SA, em entrevista por telefone. “Sim, também se paga dívida e se gera receita com o real mais baixo, mas no fim das contas há menos dinheiro para levar para casa”.

Atualmente a Telefónica gera 23 por cento da receita na maior economia da América do Sul, uma fatia que aumentará porque a operadora com sede em Madri está investindo 7,45 bilhões de euros (US$ 8,1 bilhões) para adquirir a provedora de banda larga GVT, que pertence à Vivendi SA.

Embora o preço de compra esteja coberto, os lucros futuros não estão, e isso significa que o real desvalorizado levará menos euros à matriz na Espanha e menos dinheiro para pagar dividendos.

Mercado a futuro

O real está agora a R$ 3,50 por euro, e operadores do mercado a futuro projetam uma queda para R$ 3,82 até o fim do ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A GVT e a Telefônica Brasil geraram um total de R$ 40,5 bilhões (US$ 12,5 bilhões) em receita e R$ 12,6 bilhões em lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização no ano passado.

Cada queda trimestral de 1 por cento do real frente ao euro implicaria uma redução de aproximadamente 0,22 por cento da receita total da Telefónica, de acordo com Erhan Gurses, analista da Bloomberg Intelligence.

Um real mais fraco não é o único problema da Telefónica na América do Sul.

No mês passado, a maior operadora da Europa na região anunciou uma baixa contábil de 2,8 bilhões de euros na Venezuela, vinculada à depreciação da moeda, e disse na semana passada que uma decisão judicial relativa a impostos no Peru poderia reduzir os lucros em 437 milhões de euros.

Investigação de corrupção

O real está sofrendo a maior queda frente ao dólar entre as moedas de importância enquanto a presidente Dilma Rousseff está lutando para reerguer a economia e uma investigação cada vez mais abrangente sobre corrupção está minando a confiança dos investidores.

O Banco Central disse na semana passada que vai reduzir gradualmente um programa de swaps que sustentou o real durante os dois últimos anos.

A queda do real é parcialmente compensada pela valorização de outras moedas latino-americanas, como os pesos mexicano, chileno e argentino, em relação ao euro.

A dívida da Telefónica também poderia diminuir caso o valor de seus créditos denominados em reais caiam em termos de euros. A operadora pode compensar as flutuações cambiais, e em parte o faz, cobrindo os contratos denominados em dólares com fornecedores no Brasil.

Um assessor de imprensa da Telefónica não quis comentar sobre a dependência da empresa em relação ao real.

O CEO César Alierta disse no mês passado que a empresa está muito contente com o Brasil e com sua perspectiva macroeconômica.

A operadora espanhola vem reduzindo sua presença na Europa e aumentando as apostas na América Latina.

Ela anunciou a venda das unidades na Irlanda e na República Tcheca em 2013 e, no dia 24 de março, a Hutchison Whampoa Ltd., que pertence ao bilionário Li Ka-shing, decidiu comprar a O2, a operadora wireless da Telefónica no Reino Unido, por 10,25 bilhões de libras (US$ 15,3 bilhões).

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Ao mesmo tempo em que as empresas exportadoras europeias estão aproveitando um ano de queda do euro, que impulsionou a receita e os lucros, a operadora espanhola Telefónica SA é uma das companhias que estão lutando contra uma dor de cabeça cambial: o real brasileiro.

O real é a única moeda de importância que se desvalorizou frente ao euro neste ano. Apesar de ter tido um rali nas primeiras semanas de 2015, a moeda brasileira começou a cair em 23 de janeiro e desde então despencou cerca de 18 por cento.

A Telefónica faz parte do grupo de apenas dez grandes empresas europeias que obtêm pelo menos 20 por cento de sua receita total no Brasil, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Deste grupo, a operadora espanhola é a que tem a receita total mais alta no Brasil. Ter uma grande fatia das vendas no Brasil também pode prejudicar a companhia de seguros Mapfre SA e os supermercados Carrefour SA neste ano.

“O real mais fraco é um problema para a Telefónica”, disse Andrés Bolumburu, analista do Banco Sabadell SA, em entrevista por telefone. “Sim, também se paga dívida e se gera receita com o real mais baixo, mas no fim das contas há menos dinheiro para levar para casa”.

Atualmente a Telefónica gera 23 por cento da receita na maior economia da América do Sul, uma fatia que aumentará porque a operadora com sede em Madri está investindo 7,45 bilhões de euros (US$ 8,1 bilhões) para adquirir a provedora de banda larga GVT, que pertence à Vivendi SA.

Embora o preço de compra esteja coberto, os lucros futuros não estão, e isso significa que o real desvalorizado levará menos euros à matriz na Espanha e menos dinheiro para pagar dividendos.

Mercado a futuro

O real está agora a R$ 3,50 por euro, e operadores do mercado a futuro projetam uma queda para R$ 3,82 até o fim do ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A GVT e a Telefônica Brasil geraram um total de R$ 40,5 bilhões (US$ 12,5 bilhões) em receita e R$ 12,6 bilhões em lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização no ano passado.

Cada queda trimestral de 1 por cento do real frente ao euro implicaria uma redução de aproximadamente 0,22 por cento da receita total da Telefónica, de acordo com Erhan Gurses, analista da Bloomberg Intelligence.

Um real mais fraco não é o único problema da Telefónica na América do Sul.

No mês passado, a maior operadora da Europa na região anunciou uma baixa contábil de 2,8 bilhões de euros na Venezuela, vinculada à depreciação da moeda, e disse na semana passada que uma decisão judicial relativa a impostos no Peru poderia reduzir os lucros em 437 milhões de euros.

Investigação de corrupção

O real está sofrendo a maior queda frente ao dólar entre as moedas de importância enquanto a presidente Dilma Rousseff está lutando para reerguer a economia e uma investigação cada vez mais abrangente sobre corrupção está minando a confiança dos investidores.

O Banco Central disse na semana passada que vai reduzir gradualmente um programa de swaps que sustentou o real durante os dois últimos anos.

A queda do real é parcialmente compensada pela valorização de outras moedas latino-americanas, como os pesos mexicano, chileno e argentino, em relação ao euro.

A dívida da Telefónica também poderia diminuir caso o valor de seus créditos denominados em reais caiam em termos de euros. A operadora pode compensar as flutuações cambiais, e em parte o faz, cobrindo os contratos denominados em dólares com fornecedores no Brasil.

Um assessor de imprensa da Telefónica não quis comentar sobre a dependência da empresa em relação ao real.

O CEO César Alierta disse no mês passado que a empresa está muito contente com o Brasil e com sua perspectiva macroeconômica.

A operadora espanhola vem reduzindo sua presença na Europa e aumentando as apostas na América Latina.

Ela anunciou a venda das unidades na Irlanda e na República Tcheca em 2013 e, no dia 24 de março, a Hutchison Whampoa Ltd., que pertence ao bilionário Li Ka-shing, decidiu comprar a O2, a operadora wireless da Telefónica no Reino Unido, por 10,25 bilhões de libras (US$ 15,3 bilhões).

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