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Preço do petróleo pode se aproximar de US$ 80 com ataque dos EUA

No curto prazo, a expectativa é de que as cotações da commodity avancem de US$ 5 a US$ 10 com o prêmio de risco gerado pela instabilidade no Oriente Médio

Instalações da Saudi Aramco: instabilidade na região (Maxim Shemetov/Reuters)

Instalações da Saudi Aramco: instabilidade na região (Maxim Shemetov/Reuters)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 3 de janeiro de 2020 às 13h42.

Última atualização em 3 de janeiro de 2020 às 15h25.

São Paulo - Mais uma vez o mercado global de petróleo encontra-se instável diante do ataque dos EUA ao aeroporto de Badgá. Embora nenhuma reserva tenha sido atingida, a tensão geopolítica deve trazer impactos no curto e médio prazo, com a escalada dos preços, que podem se aproximar dos 80 dólares nas próximas semanas.

Os países envolvidos no episódio são alguns dos maiores players do setor. Além de reservas gigantescas, Estados Unidos, Iraque e Irã são, respectivamente, o segundo, quarto e sexto maiores produtores de petróleo do mundo.

Diante da instabilidade gerada pelo ataque, os preços do Brent já dispararam mais de 4% nesta sexta-feira, 03, para 69 dólares.

Estimativas preliminares de analistas dão conta de que o barril pode subir de 5 a 10 dólares nas próximas duas semanas.

“Embora a produção de petróleo não tenha sido atacada, vemos um prêmio de risco para o barril nas próximas semanas”, diz Jan-Jaap Verschoor, analista que trabalha em Londres na consultoria Oil Analytics.

Ele lembra que o parlamento iraquiano deve se reunir no próximo sábado, 04, para discutir possíveis retaliações. “Os impactos de médio e longo prazo na indústria petrolífera devem se tornar um pouco mais claros após a reunião”, acrescenta o analista.

Choque do petróleo?

A indústria petrolífera global é sensível a instabilidades geopolíticas desde a década de 1960. Com a ascensão de produtores na região do Oriente Médio, integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) passaram a controlar preços por meio de cortes de produção, o que aterrorizava economias altamente dependentes das importações da região.

Da década de 1970 até 1990, o mundo testemunhou quatro grandes “choques do petróleo” com a instabilidade gerada por inúmeros conflitos como a guerra Irã-Iraque (1980) e o ataque do Iraque ao também produtor de petróleo Kwait (1991). As escaladas de preços chegaram a atingir 400% em apenas seis meses.

Atualmente, porém, as oscilações de preços são mais difíceis de perdurar por longos períodos em razão dos gigantescos volumes de produção de petróleo no mundo, puxados por países como Estados Unidos e Brasil. O próprio Irã anunciou, em novembro do ano passado, a descoberta de uma reserva de 50 bilhões de barris no país.

Prova desse risco passageiro foi o ataque a instalações sauditas da Saudi Aramco em setembro do ano passado, que levou a um aumento imediato de 15% das cotações. Contudo, o avanço não persistiu por muitas semanas, diante da retomada rápida da produção por parte da gigante estatal.

“Como a produção e o transporte não foram afetados no ataque de hoje à Bagdá, então o risco deve ser limitado”, pondera Verschoor.

Petrobras

Com a ofensiva dos Estados Unidos no Iraque, as ações preferenciais da Petrobras subiam cerca de 0,5% na manhã desta sexta. Isso porque, em um primeiro momento, a companhia se beneficia da alta das cotações de petróleo no mercado internacional.

No entanto, as ações ordinárias, com direito a voto, recuavam 0,15%. O presidente Jair Bolsonaro admitiu ter procurado o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para falar sobre o impacto do ataque americano nos preços dos combustíveis.

Bolsonaro garantiu, porém, que “não pode intervir no preço do combustível” e ressaltou que a política de tabelamento de preços do passado “não deu certo”.

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