Brookfield: "Sempre quisemos voltar a esse setor, mas tivemos que esperar seis anos" (Germano Lüders/EXAME.com)
Reuters
Publicado em 10 de novembro de 2016 às 19h05.
São Paulo - A gestora de fundos canadense Brookfield viu na crise enfrentada pelos leilões de novos projetos de linhas de transmissão de energia do Brasil uma oportunidade e iniciou em 2015 uma busca por negócios no setor que a levou a acumular um portfólio de projetos que demandará um investimento total de 7,5 bilhões de reais, afirmou nesta quinta-feira um executivo da companhia.
O movimento da Brookfield é seu terceiro avanço sobre o setor de transmissão do Brasil, no qual a companhia já havia investido em duas ocasiões anteriores e depois vendido os ativos.
O executivo responsável pela área de infraestrutura da companhia no Brasil, Marcos Pinto Almeida, afirmou que o que levou à decisão de voltar foi justamente o cenário de licitações vazias para novos projetos que o país enfrentava em 2015 --no ano passado, mais da metade das linhas de energia cuja concessão foi oferecida em leilão não atraiu nenhum investidor.
"Sempre quisemos voltar a esse setor, mas tivemos que esperar seis anos. Não conseguíamos os retornos (no nível desejado), não conseguíamos competir", afirmou.
Em leilão no final de outubro, a Brookfield arrematou três lotes em parceria com o grupo espanhol Cymi, comprovando o forte interesse da gestora canadense pelo Brasil, onde a companhia fechou recentemente a compra da fatias majoritárias das Nova Transportadora do Sudeste, da Petrobras, e da Odebrecht Ambiental.[nL2N1BZ14E]
O valor do portfólio de investimento da Brookfield no setor de transmissão inclui os lotes arrematados no certame recente.
"Estamos felizes com essa oportunidade, já estamos aqui (no país) há mais de 100 anos e esperamos continuar, investindo nessas linhas também."
Segundo o executivo, a carteira de projetos de transmissão da Brookfield no Brasil deverá gerar uma receita anual de 1,3 bilhão de reais quando todos empreendimentos estiverem em operação.
A companhia levanta capital para os empreendimentos com o lançamento de fundos nos quais a própria Brookfield entra com entre 20 e 30 por cento dos recursos e obtém o restante junto a parceiros, como fundos soberanos e de pensão.
Almeida destacou que essas captações têm registrado cada vez mais interesse de investidores orientais.
"No último fundo, quase um terço dos recursos era de asiáticos... acreditamos que no próximo fundo mais de 50 por cento dos recursos serão de origem asiática".