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Por que ter uma empresa sustentável é uma questão de inteligência

Executivos da Coca-Cola, Natura e Fundação Renova conversaram sobre como fomentar o desenvolvimento verdadeiro de companhias

A Revolução do Novo: Guilherme Leal, da Natura, Claudia Lorenzo, da Coca-Cola, e Roberto Waack, da Fundação Renova, debatem sustentabilidade com a jornalista Ana Luiza Herzog  (Maurício Grego/Site Exame)

A Revolução do Novo: Guilherme Leal, da Natura, Claudia Lorenzo, da Coca-Cola, e Roberto Waack, da Fundação Renova, debatem sustentabilidade com a jornalista Ana Luiza Herzog (Maurício Grego/Site Exame)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 21 de março de 2017 às 12h36.

Última atualização em 21 de março de 2017 às 15h28.

São Paulo – Em época de crise econômica, a fórmula de muitos executivos é realizar cortes em áreas aparentemente acessórias – e os aportes em gestão da sustentabilidade costumam figurar na lista.

Porém, ser sustentável não é apenas uma questão de manter um valor aparente da marca: é uma estratégia inteligente para alcançar o sucesso.

Esse é o pensamento de executivos como Flavia Neves, gerente de sustentabilidade da Coca-Cola; Guilherme Leal, co-presidente do conselho de administração da Natura; e Roberto Waack, presidente da Fundação Renova, que atua na recuperação ambiental da região de Mariana, em Minas Gerais, atingida pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco.

Os empresários debateram por que a sustentabilidade é tão essencial quanto o lucro em uma empresa durante o fórum A Revolução do Novo, realizado por EXAME e VEJA em parceria com Coca-Cola Brasil no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo).

O evento, que é o segundo de uma série de três, debate as mudanças na economia, na política, na tecnologia e na sociedade e seus efeitos nas empresas. O primeiro encontro, em janeiro, debateu a transformação das pessoas. E o terceiro vai discutir as mudanças no mundo.

Ser sustentável é ser estratégico

O momento que estamos vivendo mostra claramente que os modelos adotados até então não são sustentáveis, segundo Neves, da Coca-Cola. E a transformação deve partir das próprias pessoas.

“Não temos opção a não ser mudar e aumentar nossa consciência. A revolução nas empresas começa nas pessoas, porque toda empresa é feita de indivíduos. Nesse sentido, a crise é benéfica”, afirma.

E qual seria esse novo modelo? Para a empresária, é pensar na sustentabilidade não apenas como uma promessa que flutua ao sabor da recessão, mas como uma forma de fazer negócio e sedimentar os valores de uma empresa. “A crise passa, mas os nossos valores não. Por isso, na crise, devemos fortalecer essa agenda de sustentabilidade.”

Colaboração entre grandes e startups

Para conseguir tais inovações, muitas empresas fazem uma colaboração com pequenas empresas disruptivas – as startups. É o caso da Coca-Cola, por exemplo. A gigante possui uma cadeia produtiva de frutas, para a marca Del Valle, no Espírito Santo. Porém, a região sofre grande estresse hídrico e muitas cooperativas parceiras enfrentavam problemas para produzir.

No lugar de simplesmente procurar um novo estado para comprar suas frutas, a Coca-Cola se uniu à startup Agrosmart, que é especializada em tecnologia para mensurar a umidade no campo.

“Com isso, pudemos reduzir em 30% o uso de água, e continuamos a comprar das cooperativas do Espírito Santo. É algo bom para ao meio ambiente, para a sociedade e para o nosso negócio”, ressalta Neves.

A importância do alto escalão

Porém, adotar estratégias sustentáveis só é possível após o convencimento da direção da empresa – desde sócios até acionistas e investidores.

“Essa decisão depende principalmente de como os investidores veem a relação entre o curto e o longo prazo. É preciso ter uma visão cada vez mais ampla de quais são as externalidades que uma organização pode causar, mesmo que o risco delas seja baixíssimo, como foi em Mariana”, diz Waack, da Fundação Renova.

Segundo o empresário, a visão do custo-benefício em longo prazo faz parte de uma “avenida de inovações”, que o contexto de melhor uso de recursos naturais e de mudanças climáticas passaram a fomentar.

“É aí que me parece haver o maior número de oportunidades para desenvolver o novo padrão das empresas. Mas, sem a participação profunda de quem coloca o capital e desenha a expectativa de retorno, como acionistas e investidores, esse jogo irá andar a uma velocidade menor do que deveria.”

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