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Plano da Petrobras reduz investimentos e mantém produção

O corte de investimento atingiu várias áreas e ficou acima do esperado por analistas, conforme revelou nesta terça-feira a petroleira


	Petrobras: a estatal apontou uma meta de desinvestimentos de 19,5 bilhões de dólares para o biênio de 2017 e 2018
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Petrobras: a estatal apontou uma meta de desinvestimentos de 19,5 bilhões de dólares para o biênio de 2017 e 2018 (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2016 às 19h46.

São Paulo - A Petrobras prevê investir 74,1 bilhões de dólares entre 2017 e 2021, uma queda de 25 por cento em relação ao Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, revisado em janeiro deste ano, elevando ainda projeções de vendas de ativos enquanto busca melhorar suas finanças.

O corte de investimento atingiu várias áreas e ficou acima do esperado por analistas, conforme revelou nesta terça-feira a petroleira em aguardado anúncio que impulsionou as ações da empresa, cujas novas projeções de produção indicam poucas mudanças no médio prazo.

A estatal apontou ainda uma meta de desinvestimentos de 19,5 bilhões de dólares para o biênio de 2017 e 2018, ante 15,1 bilhões projetados em vendas de ativos entre 2015-2016, tópico considerado fundamental para a empresa reduzir seu enorme endividamento líquido de 332,4 bilhões de reais em 30 de junho.

"Já há um processo em andamento da recuperação financeira da empresa e no fim do prazo de dois anos vamos estar com indicadores financeiros que nos permitirão almejar a voltar a situação anterior, especialmente ao nosso custo financeiro", disse o presidente da Petrobras, Pedro Parente, em conferência de imprensa.

Diante do bilionário plano de venda de ativos e do novo plano de negócios austero, a empresa pôde encurtar em dois anos o tempo previsto para reduzir a alavancagem (medida pela relação de dívida líquida/Ebitda) de 5,3 vezes em 2015 para 2,5 vezes em 2018. No plano anterior, a queda estava prevista para 2020. 

Com um plano mais enxuto, Parente disse que a empresa --que perdeu seu grau de investimento em meio aos desdobramentos das investigações de um enorme esquema de corrupção e da acentuada queda nos preços do petróleo-- aspira melhorar os seus ratings.

Os ajustes, segundo Parente, trarão novos cortes de empregos. "Toda vez que a gente fizer uma parceria ou desinvestimento, haverá um plano de demissões voluntárias", afirmou Parente a jornalistas.

Metas de produção 

Priorizando investimentos na exploração e produção do pré-sal, e já considerando o novo nível de aportes, as parcerias e os desinvestimentos, a empresa prevê produzir 2,77 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) de óleo e líquido de gás natural (LGN) no Brasil em 2021, ante 2,7 milhões de barris de petróleo por dia, em média, em 2020, no plano anterior.

Entretanto, no próximo ano, a empresa passará por uma queda de produção, devido ao atraso na entrada de plataformas registrado no passado e também aos ajustes realizados, segundo a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes.

A produção de petróleo no Brasil vai cair para média de 2,07 milhões de barris/dia em 2017, ante a média de 2,145 milhões de barris/dia de petróleo prevista para 2016.

A partir de 2018, a produção da empresa deverá voltar a crescer, segundo a diretora.

Nos planos anteriores a Petrobras não deixava explícita uma meta de produção para 2017.

Para os próximos cinco anos, a Petrobras prevê investimentos da área de Exploração & Produção de 60,6 bilhões de dólares, ou 82 por cento do total de recursos.

No plano anterior, a principal divisão da empresa receberia investimentos de 80 bilhões de dólares.

Nas demais áreas de negócios, os aportes visarão, basicamente, a manutenção das operações e projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás, afirmou a estatal.

A área de Refino e Gás Natural receberá 17 por cento do total dos investimentos entre 2017-2021, enquanto as outras áreas da companhia responderão por 1 por cento.

As ações preferenciais da Petrobras fecharam em alta de 3,45 por cento, enquanto as ordinárias avançaram cerca de 1,1 por cento, em uma sessão em que o Ibovespa encerrou com alta de 0,67 por cento.

Corte acima do esperado 

O corte nos investimentos foi maior do que o esperado pelo mercado, com analistas ouvidos pela Reuters projetando em média aportes de cerca de 80 bilhões de dólares até 2021.

A redução dos investimentos é ainda maior quando comparada com o plano de negócios da petroleira em 2014, de 220,6 bilhões de dólares em cinco anos, quando a companhia ainda não havia reportado perdas bilionárias pelo escândalo de corrupção revelado pela operação Lava Jato e quando os preços do petróleo estavam mais altos.

O analista da corretora Brasil Plural Caio Carvalhal afirmou em nota a clientes que o grande corte de investimentos com a curva de produção praticamente mantida agrada ao mercado.

Entretanto, destacou que a meta é desafiadora e que há ainda pontos de preocupação, como a política de preços.

"O destaque negativo do plano, embora um pouco esperado, é a menção tímida sobre precificação de combustíveis, sem nenhum sinal de qualquer metodologia de precificação", afirmou.

Parente rebateu críticas sobre a política de preços. Segundo o executivo, desde que ele assumiu a gestão da empresa, ainda não houve necessidade de ajustar preços, que estão atualmente favoráveis ao desempenho da empresa.

"A principal diferença (das gestões anteriores) é que se a gente quiser mudar o preço hoje, nós mudamos... nós não temos que perguntar nada a ninguém", afirmou Parente.

Desinvestimentos 

A Petrobras afirmou ainda que vai sair integralmente das atividades de produção de biocombustíveis, incluindo etanol e biodiesel, onde tem participação relevante, mas não deu prazo para a realização dos acordos.

A empresa vai deixar também os setores de distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (gás de cozinha), produção de fertilizantes e das participações em petroquímica.

A petroleira reafirmou que, como empresa integrada, buscará reduzir o riscos por meio de parcerias e desinvestimentos na atuação em Exploração e Produção, Refino, Transporte, Logística, Distribuição e Comercialização.

Ativos de refino da Petrobras estão em avaliação e poderão participar no plano de desinvestimentos da empresa, mas ainda não há definição sobre como isso poderá ser feito.

Executivos da empresa disseram ainda que buscarão reestruturar os negócios de energia, consolidando os ativos termelétricos e demais negócios desse segmento, buscando a alternativa que maximize o valor para a empresa.

A companhia afirmou também que vai rever o posicionamento do negócio de lubrificantes, objetivando maximizar a geração de valor.

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