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Petrobras: mudança no comando pode levar mais de um mês; entenda

Demissão de José Mauro Coelho pouco mais de um mês depois de sua posse surpreende diretores e conselheiros da estatal

Substituição exigirá nova assembleia de acionistas (MAURO PIMENTEL/AFP/Getty Images)

Substituição exigirá nova assembleia de acionistas (MAURO PIMENTEL/AFP/Getty Images)

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Agência O Globo

Publicado em 24 de maio de 2022 às 06h50.

Última atualização em 24 de maio de 2022 às 08h59.

De acordo com fontes no alto escalão da Petrobras, a mudança no comando da estatal decidida pelo governo na noite desta segunda-feira não será imediata. Para ser efetivado no comando da empresa, o novo presidente vai ter que ser nomeado integrante do Conselho de Administração.

Esta será a terceira vez, em menos de quatro anos, que o presidente Jair Bolsonaro troca o comando da Petrobras. O governo dele começou, em 2019, com Roberto Castello Branco, indicado pelo ministro Paulo Guedes, à frente da estatal. Ele foi substituído no ano passado pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, que caiu um ano depois pelo mesmo motivo do antecessor: desagradou a Bolsonaro com a manutenção dos reajustes dos combustíveis seguindo a cotação internacional do petróleo.

José Mauro Coelho caiu em desgraça logo em 9 de maio, após a Petrobras anunciar aumento de 8,8% do diesel, e agora deixa o cargo após apenas 40 dias. Só que trocar o presidente da maior estatal brasileira, uma empresa de capital misto com ações negociadas em Bolsa, não é simples.

VEJA TAMBÉM: Governo troca presidência da Petrobras e Caio de Andrade assumirá

O processo começou com uma carta, enviada nesta segunda-feira por José Roberto Bueno Junior, chefe do Gabinete do Ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em que pede ao presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Márcio Weber, providências para convocar Assembleia Geral Extraordinária de acionistas com o "objetivo de promover a destituição e eleição de membro do Conselho de Administração", referindo-se a Coelho. Além de presidir a estatal, ele ocupa um dos seis assentos da União entre os 11 do colegiado.

Para Caio Mario Paes de Andrade assumir a empresa no lugar de José Mauro Ferreira Coelho, ele precisa primeiro ser eleito pelos acionistas membro do conselho, para depois ser escolhido pelo colegiado para a presidência. O governo, como maior acionista, tem condições de aprovar o nome dele nas duas instâncias, mas é preciso seguir uma série de ritos e regras.

Como Coelho foi eleito para o conselho por meio do sistema de voto múltiplo, uma nova assembleia de acionistas terá de ser convocada e uma nova eleição dos conselheiros terá de ser feita.

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Fontes dizem que isso pode levar mais de um mês até que as mudanças ocorram. Até lá, o presidente da Conselho de Administração ou o diretor financeiro podem assumir interinamente o comando da estatal.

Segundo uma fonte do setor, a mudança no comando da Petrobras pegou de surpresa diretores e conselheiros, já que havia uma indicação de o comando da estatal "trabalhar em parceria com o governo" para achar uma solução para os preços.

A demissão de José Mauro Ferreira Coelho da presidência da Petrobras pegou de surpresa o alto escalão da empresa. De acordo com fontes, embora uma saída já fosse esperada, a velocidade da notícia foi uma surpresa até para o aliados do governo Jair Bolsonaro dentro da companhia.

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Segundo fontes, a demissão foi classificada como uma "loucura". Outros afirmaram que o próprio Coelho, embora animado com o novo cargo, já esperava uma decisão do governo após a demissão de Bento Albuquerque do cargo de Ministro de Minas e Energia, que o escolheu para o cargo e de quem fora auxiliar na pasta.

Segundo relatos de amigos próximos, Coelho foi pego de surpresa com o comunicado da Petrobras na noite desta segunda-feira. Até às 15h, contou um interlocutor, ele não sabia desse cenário.

José Mauro Coelho esteve com o presidente Jair Bolsonaro na semana passada em evento do Rio, eles se cumprimentaram, mas a demissão não teria sido tratada. Para representantes do setor privado, a demissão dele mostra como o governo não respeita a liturgia do cargo na estatal, que tem regras próprias de governança e ações negociadas na Bolsa.

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