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Petrobras e Braskem terão de explicar balanços

A CVM apura a adoção da contabilidade de hedge para reduzir o impacto da alta do dólar nos resultados do segundo trimestre


	Fábrica da Braskem: tanto a estatal quanto a Braskem passaram a adotar a contabilidade de hedge em maio
 (Miriam Fichtner/Braskem)

Fábrica da Braskem: tanto a estatal quanto a Braskem passaram a adotar a contabilidade de hedge em maio (Miriam Fichtner/Braskem)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2013 às 10h25.

Rio - A adoção da contabilidade de hedge (proteção) por companhias abertas para reduzir o impacto da alta do dólar nos resultados do segundo trimestre está sendo apurada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O regulador pediu explicações para pelo menos dois grupos: Petrobras e Braskem.

Uma consulta a dados públicos revela que a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM abriu processos administrativos para analisar as informações trimestrais dessas companhias. O da estatal foi iniciado na segunda-feira, 12, três dias após a publicação do balanço financeiro do segundo trimestre.

Consultada, a CVM informou que não comenta casos específicos. No entanto, confirmou que a SEP “está analisando o referido tema contábil para um conjunto de companhias, no âmbito do Sistema de Supervisão Baseada em Risco (SBR)”.

A prática da contabilidade de hedge é legal e autorizada no País desde 2009. A opção por esse modelo já foi feita anteriormente por grandes companhias. A hipótese é que a CVM esteja questionando o momento e a forma como as duas empresas comunicaram ao mercado a nova política. Esse mecanismo neutraliza parte do impacto da variação sobre a dívida da empresa no curto prazo.

Em entrevista coletiva ontem, o diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, afirmou que a contabilidade de hedge “veio para ficar”.

Para Barbassa, a contabilidade de hedge é um instrumento muito útil para países em desenvolvimento, que têm maior dificuldade de captar recursos no mercado internacional “e acabam expostas a variações”. Além disso, reduz a volatilidade no resultado fruto de variações cambiais.

Repercussão. A decisão da Petrobrás teve forte repercussão no mercado por ter sido tomada em meio à escalada do dólar.


No segundo trimestre do ano passado, quando o dólar se valorizou 10,93%, a Petrobrás registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, o primeiro balanço no vermelho desde a maxidesvalorização do real, em 1999. Tanto a estatal quanto a Braskem passaram a adotar a contabilidade de hedge em maio. No entanto, as companhias só comunicaram a nova prática ao mercado em julho, quando os balanços já estavam fechados.

É possível que a CVM também olhe a maneira como o impacto dessa contabilidade foi destrinchada nos balanços. Outro ponto é verificar se as companhias cumpriram o trâmite necessário à adoção do hedge. Por exemplo, se há garantias de receita futura compatível com a perda contábil referente ao efeito do câmbio sobre a dívida.

Na contabilidade de hedge as exportações são usadas como proteção contra a variação da dívida em moeda estrangeira. A manobra elimina o descasamento contábil entre os efeitos benéficos da valorização do câmbio na receita de empresas exportadoras - mais demorado - e o imediato peso negativo sobre a variação da dívida em moeda estrangeira.

A decisão da Petrobras de adotar a mudança a partir de maio evitou um resultado trimestral fraco. O lucro de R$ 6,201 bilhões reportado entre abril e junho foi alcançado porque um montante de R$ 7,982 bilhões em perdas cambiais não foi contabilizado no resultado, mas no patrimônio líquido da empresa.

No caso da Braskem, o hedge adotado evitou que o prejuízo líquido de R$ 128 milhões no segundo trimestre fosse mais de oito vezes superior. prejuízo da petroquímica teria chegado a R$ 1,082 bilhão no período, segundo a própria empresa.

O início da temporada de balanços do segundo trimestre já indica que nos próximos meses outras companhias tendem a usar a contabilidade de hedge. A mineradora Vale informou que estuda a adoção da prática.

No entanto, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, declarou em teleconferência com analistas e investidores que a empresa decidiu não usar a prática no segundo trimestre para não parecer uma medida “casuística”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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