Felipe Barth de Castro, CEO da Panobianco: “Queremos expandir para fora de São Paulo, onde temos 92% das nossas unidades, e vamos estrear no México, com investimento estimado em US$ 500 mil” (Panobianco/Divulgação)
Repórter
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 09h20.
Última atualização em 23 de dezembro de 2025 às 12h16.
Fundada há 13 anos por três educadores físicos no interior de São Paulo, a Panobianco é uma rede de academia familiar que foi criada com o conceito de low cost (baixo custo). A expansão do negócio aconteceu em um ritmo acelerado após a pandemia e desde então não parou de crescer: neste ano, a rede soma cerca de 400 unidades em operação, após 160 inaugurações - quase o dobro de unidades registradas no ano anterior.
Para 2026, a meta é ainda mais agressiva, segundo Felipe Barth de Castro, CEO da Panobianco (primeiro fora da família fundadora).
“Para 2026, a meta é crescer ainda mais. Queremos expandir para fora de São Paulo, onde temos 92% das nossas unidades, e vamos estrear no México, com investimento estimado em US$ 500 mil, em parceria com um sócio local”, afirma.
Executivo com histórico em expansão e franchising, Castro assumiu o comando da companhia em setembro, após um processo de transição com André Panobianco, que hoje ocupa a presidência do conselho. Como missão, o CEO tem o desafio de manter o "pace correto" em um ano de expansão.
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A Panobianco começou a franquear ainda no terceiro ano de operação, mas o salto mais expressivo veio após a pandemia. Segundo o CEO, a combinação entre maior busca por saúde, expansão do modelo low cost e ajustes operacionais permitiu acelerar o crescimento.
Hoje, a rede opera academias com área média entre 850 m² e 1.000 m², menores do que grandes concorrentes, como a Smart Fit, mas com capacidade para até 2.000 alunos por unidade.
“É uma academia de grande porte, mas menos cheia, com mais proximidade no atendimento. Isso reflete inclusive no nosso índice de satisfação”, diz o executivo, citando o desempenho da marca em plataformas de reputação como o Reclame Aqui.
A companhia atua exclusivamente como franqueadora “puro-sangue”, movimento que segue uma tendência do setor.
“Ter lojas próprias e franquias ao mesmo tempo gera conflito de interesse. Optamos por sair totalmente da operação direta para focar em escala, suporte e governança”, afirma. “Ainda temos três lojas próprias e a ideia é vender todas”.
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Embora ainda concentrada no interior paulista, a estratégia da Panobianco é diversificar o mapa. A meta é que ao menos metade dos novos contratos de aluguel assinados em 2025 esteja fora de São Paulo, com prioridade para Sul, Nordeste e Centro-Oeste.
Estados como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul já entraram no radar, e novas inaugurações estão previstas também no Nordeste.
“Para crescer de forma sustentável, precisamos ganhar densidade nacional”, diz Castro que buscará, até o final de 2026, a cobertura dos 300 maiores municípios do Brasil.
O passo mais simbólico da nova fase, porém, acontece fora do país. A Panobianco vai inaugurar sua primeira unidade no México. A operação terá 80% de participação da Panobianco Brasil e será comandada por um CEO mexicano.
“A marca nasce brasileira, mas precisa virar mexicana. Desde comunicação até preço e processos, tudo está sendo adaptado à cultura local”, afirma Castro. A estratégia prevê abrir 10 unidades próprias no primeiro ano, em paralelo ao desenvolvimento do franchising.
A ambição é alta: em 5 anos, o plano é atingir 500 academias no país. “Fora a Planet Fitness, não há um player nacional dominante no México. Vemos uma oportunidade clara para ocupar esse espaço”, diz.
O plano internacional de longo prazo ganhou musculatura com a entrada de Chris Rondeau, ex-CEO da Planet Fitness, no conselho da Panobianco. Rondeau também se tornou acionista da companhia.
“Ele não entrou apenas como conselheiro. Investe, acompanha números e fala comigo semanalmente. É alguém que construiu uma rede global do zero e traz uma visão muito clara de escala e operação”, afirma Barth de Castro.
Com esse apoio, a Panobianco traçou um objetivo ousado: estar entre as três maiores redes de academias do mundo até 2035, começando pela consolidação na América Latina.
A expansão ocorre em meio ao crescimento do mercado fitness no Brasil, que avança a dois dígitos ao ano. A Panobianco também se beneficia de mudanças no perfil do consumidor. Segundo o CEO, a geração Z impulsionou fortemente a demanda no pós-pandemia, atraindo inclusive os pais para as academias.
Outro vetor relevante são os benefícios corporativos, como Wellhub e TotalPass.
“Esses agregadores democratizaram o acesso e conversam muito com a geração Z, que não é fiel a um único espaço. Ela transita entre academia, estúdio de yoga e funcional”, diz o CEO que afirma que a rede soma cerca de 1 milhão de clientes ativos.
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Por trás do crescimento acelerado, a companhia vem estruturando a base. A Panobianco contratou a KPMG para auditar seus números pela primeira vez e criou um conselho de franqueados, além de um fundo de marketing com governança própria — práticas ainda raras no setor, segundo o executivo.
“Chega um momento em que não dá mais para falar um a um. Precisamos de estruturas formais, indicadores, metas claras e transparência”, diz.
Essa organização também pavimenta o caminho para um evento de liquidez, que pode incluir a entrada de um fundo ou um IPO.
“Ainda é cedo para cravar um IPO, mas em dois anos a empresa estará pronta para qualquer uma dessas opções”, afirma o CEO.
A Panobianco elevou o sell-out (o volume de vendas na ponta, nas unidades da rede) de R$ 183 milhões em 2022 para R$ 497 milhões em 2024. A expectativa é encerrar 2025 com R$ 830 milhões e alcançar R$ 1,3 bilhão em 2026.