Odebrecht troca de presidente às vésperas de assembleia decisiva
A decisão foi tomada às vésperas de uma assembleia de credores para discutir o plano de recuperação judicial do grupo
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2019 às 17h40.
Última atualização em 16 de dezembro de 2019 às 17h47.
A Odebrecht troca o comando em um momento crucial para a empresa. O atual presidente do grupo Luciano Guidolin será substituído por Ruy Sampaio, atualmente presidente do conselho de administração. A companhia tem uma assembleia de credores sobre a recuperação judicial agendada para quinta-feira, dia 19.
Guidolin deverá se manter como membro de conselhos de administração de empresas operacionais controladas pelo Grupo Odebrecht. Já o papel de presidente do conselho de administração passará para José Mauro Carneiro da Cunha. Será a primeira vez que o conselho será presidido por um membro independente.
O anúncio foi feito por Emílio Odebrecht, mandatário da Kieppe, holding familiar controladora da Odebrecht, após uma reunião da empresa em Salvador, BA.
Momento decisivo
A decisão foi tomada às vésperas de uma assembleia de credores para discutir o plano de recuperação judicial do grupo. De acordo com Emílio Odebrecht, as negociações com os principais credores do plano de recuperação judicial da Odebrecht e de outras 19 holdings avançaram.
"Temos, portanto, a legítima expectativa de que a aprovação do plano ocorra nas próximas semanas", diz o empresário. Com a aprovação do plano, a companhia espera concluir "um ciclo fundamental para a sobrevivência do Grupo Odebrecht", diz o empresário. A companhia busca elaborar planos para a reestruturação de 55 bilhões de reais em dívidas.
Em junho, cerca de três anos após ter sido atingida pelos efeitos de uma profunda recessão no Brasil e das investigações da operação Lava Jato, a Odebrecht formalizou seu pedido de recuperação judicial, num dos maiores processos do tipo na história no país. No total, o conglomerado tem dívidas de 98,5 bilhões de reais, parte delas passíveis de reestruturação e outras lastradas em ações da Braskem.
A Odebrecht ainda não conseguiu desenhar um plano a ser aceito pelos credores. Em outubro, os credores da Odebrecht, principalmente bancos, apresentaram objeções ao plano de recuperação. A maior parte dos bancos argumentou que o plano era muito vago, sem um indicador de desconto sobre o valor nominal da dívida nem prazo para recebimento.
Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou à Justiça uma contestação ao plano apresentado anteriormente, por considerá-lo incapaz de salvar a empresa do risco de uma eventual falência e pediu que um novo plano seja elaborado.
A Caixa Econômica Federal chegou a pedir a falência do grupo, um dos principais alvos da operação Lava Jato.
Enquanto a empresa enfrenta o descontentamento dos bancos, também lida com a tentativa de Marcelo odebrecht, filho de Emílio e preso na Operação Lava Jato, de voltar a conduzir os negócios do grupo.
Marcelo visitou a empresa no meio de setembro, quando sua pena foi alterada de prisão domiciliar para regime semiaberto. Ele escreveu, na ocasião, uma carta para a família, dizendo que estava disposto a voltar ao grupo e responsabilizou seus sucessores pelas dificuldades econômicas do grupo.