De olho na Faria Lima, este russo criou um Uber de luxo com carros blindados
Oferecendo segurança para o cliente e pagamento por hora para o motorista, a Rhino é o novo aplicativo de mobilidade urbana que chega para competir com Uber e 99 na capital paulista
Repórter
Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 11h03.
Última atualização em 8 de janeiro de 2025 às 11h06.
Pegar um Uber em 2024 é uma experiência bem diferente do que era há uma década. Quando o aplicativo chegou ao Brasil, o serviço era quase luxuoso, com motoristas de terno, água e balas no carro.
Ao longo dos anos, o sucesso do formato deu lugar à flexibilidade, adaptando-se a um público maior e mais diverso — tanto para o motorista quanto para o cliente.
Agora, uma startup brasileira quer resgatar parte dessa essência com umfoco total na segurança: a Rhino.
Criada por Daniil Sergunin, um executivo russo que se mudou para o Brasil em 2020, a Rhino é especializada em transporte por carros blindados. A ideia surgiu da própria experiência de Sergunin ao chegar ao país. Como boa parte dos turistas, o russo logo foi alertado pelos amigos locais a tomar cuidado nas ruas paulistas.
"Meus amigos locais foram unânimes: eu precisava de um carro blindado . Não sabia nem o que era, mas logo percebi quea segurança era uma preocupação constante em São Paulo”, diz. Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que 576 mil casos de furto e 133 mil casos de roubo de veículo foram registrados no estado em 2023.
Quando chegou ao Brasil, Sergunin liderava operações de uma multinacional no agronegócio. O russo era responsável pela expansão da empresa na América Latina, o que demandava deslocamentos frequentes: idas e voltas para cafés, aeroportos, hotéis e salas de reunião.
Viajando pela cidade, não demorou para Sergunin perceber que, quando o assunto era segurança, havia uma oportunidade a ser explorada no mercado de mobilidade urbana. Em janeiro de 2023, Sergunin fundou a Rhino com o colega Alexander Karbankov, que focou na parte de tecnologia, para oferecer frotas de carros blindados. De lá para cá, conquistaram 170 mil usuários cadastrados.
Recentemente, a Rhino levantouR$ 18 milhões em rodada Seed e outros R$ 10 milhões em investimento de mídia. Os recursos serão usados para marketing, expandir a frota e atrair novos clientes, especialmente no setor corporativo.
Guiado pela segurança
Os veículos da Rhino são todos blindados no nível III-A, capazes de resistir a disparos de armas de fogo. Cada carro passa por inspeções diárias rigorosas antes de sair para as ruas, e o processo de seleção dos motoristas é igualmente criterioso: mais da metade dos candidatos não é aprovada, segundo Sergunin.
A jornada de quem dirige começa na base operacional da Rhino, onde supervisores verificam a limpeza dos carros e as condições dos motoristas.Qualquer irregularidade, como sintomas de gripe ou vestimenta inadequada, impede que o motorista inicie o turno.
Os motoristas também são pagos por hora, algo raro no mercado. "Isso garante estabilidade financeira e elimina a pressão para aceitar corridas sucessivamente. Eles podem se concentrar em oferecer um serviço excepcional", afirma o fundador. O valor, porém, não foi revelado.
Um modelo diferenciado
A experiência do cliente é desenhada para "superar os padrões do mercado". Os veículos oferecem ar-condicionado sempre ligado, carregadores para diferentes dispositivos e, em alguns casos, motoristas bilíngues para atender executivos e visitantes estrangeiros. "Os detalhes importam", diz o executivo russo.
Atualmente, a Rhino concentra sua operação em uma área prioritária de São Paulo, que abrange bairros nobres como Vila Nova Conceição, Itaim Bibi, Pinheiros, Jardins e Cidade Jardim. Nessa região, a startup garanteum tempo de espera de 5 a 7 minutos para os clientes.
É possível agendar corridas em áreas fora da zona prioritária. Assim, evita o tempo de espera. O cliente só não consegue fugir do preço salgado, cujo valor ultrapassa o de aplicativos como Uber e 99.
A EXAME testou um trecho de 15 minutosde distância dentro da zona permitida da Rhino e pagou R$ 65. O valor subiu para R$ 136 quando o destino foi alterado para fora desses bairros, numa zona há cerca de 30 minutos de distância. Nos aplicativos da concorrência, as mesmas corridas ficaram por volta de R$ 17 e R$ 32, respectivamente.
Não é à toa, então, que os bairros escolhidos para começar a operação da Rhino são aqueles que ficam em volta da Faria Lima. Apelidada de “condado”, a região abriga as sedes de gigantes do mercado de capitais e do mundo corporativo. Ou seja, a clientela é aquela disposta a gastar extra mais por uma viagem mais segura e "luxuosa".
Até por isso, uma das estratégias para garantir o crescimento em São Paulo tem sido apostar no mercado B2B, atendendo empresas como Vivo, Housi, Urban Science e Azul Linhas Aéreas.
Os planos de expansão para outras cidades já estão em andamento. A empresapossui mais de 30 mil pessoas na fila de espera para o Rio de Janeiro, onde pretende começar a operar em 2025. Futuramente, a meta é alcançar outras capitais brasileiras e grandes cidades da América Latina, como Cidade do México e Bogotá.
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