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Novo presidente da Microsoft terá de tomar grandes decisões

Novo presidente deverá escolher entre avançar com o ambicioso plano de Steve Ballmer, de fornecer ampla oferta de dispositivos e serviços, ou mudar de foco

Steve Ballmer:  fracas vendas do novo tablet Surface, somadas à falha da Microsoft em ganhar dinheiro com buscas online e smartphones têm lançado dúvidas sobre abordagem do executivo (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 11h58.

Seattle - O próximo presidente-executivo da Microsoft tem uma grande decisão a tomar: avançar com o ambicioso plano do atual chefe da companhia, Steve Ballmer, de transformar a gigante do software em uma empresa com ampla oferta de dispositivos e serviços, ou concentrar recursos em torno de softwares para negócios.

Batizado de "One Microsoft", o grande projeto de Ballmer prevê a união de hardware e serviços baseados em nuvem para forjar um futuro baseado em ambos. O plano foi revelado apenas seis semanas antes do anúncio surpresa de sexta-feira sobre a aposentadoria do executivo dentro de um ano.

Mas as fracas vendas do novo tablet Surface, somadas à falha da Microsoft em ganhar dinheiro com buscas online e smartphones têm lançado dúvidas sobre essa abordagem.

Durante anos investidores têm pedido para a Microsoft redirecionar para os acionistas o dinheiro gasto em projetos deficitários ou periféricos, limitando o foco nos rentáveis negócios do Windows, do Office e das franquias em servidores.

A ValueAct Capital Management, que atua como investidor ativista na Microsoft e cujo lobby recente pode ter desempenhado um papel na decisão de Ballmer de se aposentar mais cedo que o esperado, é visto como favorável a essa estratégia.

Somente nos últimos dois anos, a Microsoft perdeu quase 3 bilhões de dólares com o site de buscas Bing e com outros projetos na Internet, sem contar uma baixa contábil de 6 bilhões de dólares referente à frustrada compra da agência de publicidade online aQuantive. A companhia também teve encargos de 900 milhões de dólares com seu tablet Surface no último trimestre, com o dispositivo registrando poucas vendas.

Pelo menos por enquanto, a Microsoft parece decidida a perseguir a visão de Ballmer. John Thompson, o diretor independente da Microsoft, que também está à frente do comitê que nomeará um novo presidente-executivo para a empresa, disse na sexta-feira que o conselho está "comprometido" com o plano de transformação de Ballmer.


A eventual escolha dessa comissão, que estabeleceu o prazo de um ano para cumprir a tarefa, deve fornecer uma pista sobre o quão comprometido o conselho realmente está, e o quanto ele está aberto a aconselhamentos externos.

"Optando por um candidato interno como Satya Nadella, responsável pelos servidores, ou alguém da equipe do Windows, faria sentido para manter a estratégia nesta reorganização", disse Norman Young, analista da Morningstar.

"Mas um forte argumento poderia ser que a empresa precisa de renovação, com alguém que pode executar a estratégia, mas também trazer uma perspectiva de fora", acrescentou.

Para a Microsoft, isso poderia significar vender as operações com o videogame Xbox e abandonar o Bing, ou cortar esforços para fabricar tablets ou outros computadores.

A saída iminente de Ballmer deixa uma escolha difícil e talvez impossível para o seu sucessor, a de empurrar uma gigante rumo a uma transformação de alto risco no mundo de comunicações móveis ou manter a empresa presa a uma ilha rentável de negócios, mas centrada PCs.

"Eu não tenho certeza se há alguém que pode fazer o trabalho de Steve (Ballmer) melhor. É um trabalho extremamente difícil, talvez inadministrável", disse Brad Silverberg, um ex-executivo sênior do Windows e co-fundador da empresa de investimento de risco Ignition Partners. "Talvez a maneira como o trabalho é definido precise mudar, e isso é o prenúncio de grandes mudanças que virão." Os primeiros sinais públicos de desentendimento no conselho de administração da Microsoft ocorreram em 2010, quando o bônus de Ballmer foi cortado explicitamente para refletir performances fracas do celular Kin e fracasso em tentativa de criação de rival para o iPad, da Apple, segundo documentos enviados ao mercado.


Uma fonte interna da companhia afirmou que há cerca de 18 meses, Ballmer, que tem cerca de 4 por cento da Microsoft, começou a pensar seriamente em um plano de sucessão.

O momento não foi marcado por boas notícias para o executivo. Houve o fraco lançamento do Windows 8, decepção com o tablet Surface e multa de 731 milhões de dólares imposta pela União Europeia depois que a empresa não inclui escolha de browsers de Internet para os usuários do Windows.

O resultado trimestral decepcionante da empresa divulgado em julho, que não deu mostras de uma recuperação rápida da companhia, pode ter servido para selar a decisão. Ballmer disse na sexta-feira que tomou sua decisão alguns dias antes e que informou o conselho na quarta-feira. Não ficou claro se o conselho da Microsoft pediu para Ballmer deixar o cargo.

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Batizado de "One Microsoft", o grande projeto de Ballmer prevê a união de hardware e serviços baseados em nuvem para forjar um futuro baseado em ambos. O plano foi revelado apenas seis semanas antes do anúncio surpresa de sexta-feira sobre a aposentadoria do executivo dentro de um ano.

Mas as fracas vendas do novo tablet Surface, somadas à falha da Microsoft em ganhar dinheiro com buscas online e smartphones têm lançado dúvidas sobre essa abordagem.

Durante anos investidores têm pedido para a Microsoft redirecionar para os acionistas o dinheiro gasto em projetos deficitários ou periféricos, limitando o foco nos rentáveis negócios do Windows, do Office e das franquias em servidores.

A ValueAct Capital Management, que atua como investidor ativista na Microsoft e cujo lobby recente pode ter desempenhado um papel na decisão de Ballmer de se aposentar mais cedo que o esperado, é visto como favorável a essa estratégia.

Somente nos últimos dois anos, a Microsoft perdeu quase 3 bilhões de dólares com o site de buscas Bing e com outros projetos na Internet, sem contar uma baixa contábil de 6 bilhões de dólares referente à frustrada compra da agência de publicidade online aQuantive. A companhia também teve encargos de 900 milhões de dólares com seu tablet Surface no último trimestre, com o dispositivo registrando poucas vendas.

Pelo menos por enquanto, a Microsoft parece decidida a perseguir a visão de Ballmer. John Thompson, o diretor independente da Microsoft, que também está à frente do comitê que nomeará um novo presidente-executivo para a empresa, disse na sexta-feira que o conselho está "comprometido" com o plano de transformação de Ballmer.


A eventual escolha dessa comissão, que estabeleceu o prazo de um ano para cumprir a tarefa, deve fornecer uma pista sobre o quão comprometido o conselho realmente está, e o quanto ele está aberto a aconselhamentos externos.

"Optando por um candidato interno como Satya Nadella, responsável pelos servidores, ou alguém da equipe do Windows, faria sentido para manter a estratégia nesta reorganização", disse Norman Young, analista da Morningstar.

"Mas um forte argumento poderia ser que a empresa precisa de renovação, com alguém que pode executar a estratégia, mas também trazer uma perspectiva de fora", acrescentou.

Para a Microsoft, isso poderia significar vender as operações com o videogame Xbox e abandonar o Bing, ou cortar esforços para fabricar tablets ou outros computadores.

A saída iminente de Ballmer deixa uma escolha difícil e talvez impossível para o seu sucessor, a de empurrar uma gigante rumo a uma transformação de alto risco no mundo de comunicações móveis ou manter a empresa presa a uma ilha rentável de negócios, mas centrada PCs.

"Eu não tenho certeza se há alguém que pode fazer o trabalho de Steve (Ballmer) melhor. É um trabalho extremamente difícil, talvez inadministrável", disse Brad Silverberg, um ex-executivo sênior do Windows e co-fundador da empresa de investimento de risco Ignition Partners. "Talvez a maneira como o trabalho é definido precise mudar, e isso é o prenúncio de grandes mudanças que virão." Os primeiros sinais públicos de desentendimento no conselho de administração da Microsoft ocorreram em 2010, quando o bônus de Ballmer foi cortado explicitamente para refletir performances fracas do celular Kin e fracasso em tentativa de criação de rival para o iPad, da Apple, segundo documentos enviados ao mercado.


Uma fonte interna da companhia afirmou que há cerca de 18 meses, Ballmer, que tem cerca de 4 por cento da Microsoft, começou a pensar seriamente em um plano de sucessão.

O momento não foi marcado por boas notícias para o executivo. Houve o fraco lançamento do Windows 8, decepção com o tablet Surface e multa de 731 milhões de dólares imposta pela União Europeia depois que a empresa não inclui escolha de browsers de Internet para os usuários do Windows.

O resultado trimestral decepcionante da empresa divulgado em julho, que não deu mostras de uma recuperação rápida da companhia, pode ter servido para selar a decisão. Ballmer disse na sexta-feira que tomou sua decisão alguns dias antes e que informou o conselho na quarta-feira. Não ficou claro se o conselho da Microsoft pediu para Ballmer deixar o cargo.

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