Negócios

Resultado positivo de companhias de celulose surpreende

Empresas apresentaram prejuízo no terceiro trimestre por causa da apreciação co câmbio, mas a situação pode se inverter no quarto trimestre


	Fábrica da Fibria: Apesar de a desvalorização do real ter afetado a dívida das empresas, resultado operacional foi positivo
 (Fabiano Accorsi//Site Exame)

Fábrica da Fibria: Apesar de a desvalorização do real ter afetado a dívida das empresas, resultado operacional foi positivo (Fabiano Accorsi//Site Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2014 às 08h47.

São Paulo - A desvalorização média de 11% do real ante o dólar durante o terceiro trimestre de 2014 afetou a dívida das empresas de papel e celulose no período. Dessa forma, Fibria e Suzano Papel e Celulose apresentaram prejuízo de julho a setembro deste ano. O resultado operacional das companhias, no entanto, surpreendeu de forma positiva, com avanço do volume de vendas, produção e queda do custo caixa.

A analista do BESI Securities/Grupo Novo Banco, Catarina Pedrosa, explica que o câmbio se valorizou no final do trimestre e, como a dívida é reconhecida no último dia do período, impactou a despesa financeira. No quarto trimestre, no entanto, a situação deve se inverter. "Os resultados foram em linha com o esperado e se o dólar ficar nos níveis atuais no quarto trimestre, as receitas e margens virão maiores, e a despesa não deve aumentar tanto", comentou a analista do setor de papel e celulose.

No terceiro trimestre de 2014, a Fibria apresentou prejuízo líquido consolidado de R$ 359 milhões, ante lucro líquido de R$ 57 milhões no mesmo período do ano passado. O Ebitda da companhia caiu 24% na mesma base de comparação, para R$ 562 milhões. A Suzano também reverteu o lucro, de R$ 43 milhões de julho a setembro de 2013, para prejuízo de R$ 362 milhões em 2014.

Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente da Suzano, Walter Schalka, explicou que as vendas no trimestre foram realizadas pelo valor médio do dólar, em R$ 2,28, mas que a dívida foi convertida no dia 30 de setembro, em R$ 2,45. Diante do reajuste da dívida, houve um impacto de R$ 600 milhões. "Tivemos prejuízo no trimestre de melhor resultado das vendas operacionais", pontuou o executivo, se referindo ao aumento de 78,7% das vendas de celulose no terceiro trimestre ante o mesmo intervalo de 2013.

Na Fibria, a dívida atingiu R$ 7,313 bilhões, alta de 11% contra o ano passado e de 9% ante abril a junho de 2014. Segundo o presidente da empresa, Marcelo Castelli, a Fibria teria um lucro de R$ 94 milhões se excluído o efeito cambial.

Ao contrário da Fibria e Suzano, a Klabin reportou lucro de R$ 7 milhões de julho a setembro deste ano, com queda de 96% ante 2013. Segundo a analista do BESI, a dívida da companhia em dólar é menor do que nos concorrentes, mas Catarina alerta para os riscos de aumento da alavancagem do projeto de celulose, localizado em Ortigueira (PR). "A dívida começa a aumentar agora com o projeto Puma".

A alavancagem da Klabin no trimestre e perspectivas de novas altas com o projeto Puma foram os pontos preocupantes do balanço, segundo analistas do Itaú BBA e BTG Pactual. "Esperamos que a alavancagem da Klabin continue a se elevar à medida que os investimentos no projeto Puma subam no quarto trimestre de 2014 e em 2015", alertou a equipe do Itaú BBA, formada por formada por Marcos Assumpção, André Pinheiro e Daniel Sasson.

A alavancagem da Klabin, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, atingiu 2,4 vezes ao final do terceiro trimestre deste ano, com uma dívida líquida total de R$ 4,028 bilhões. Diante do endividamento, o diretor-geral da companhia, Fábio Schvartsman revelou que projetos de expansão serão interrompidos em 2015 e retomados somente após a conclusão do Projeto Puma, previsto para março de 2016.

Resultados operacionais

As três companhias de capital aberto do setor de papel e celulose apresentaram receita líquida em linha com o esperado pelo mercado, mas a Suzano se destacou com avanço das vendas e produção de celulose.

A receita líquida da Suzano atingiu R$ 1,979 bilhão, alta de 30,2% ante o terceiro trimestre de 2013, e da Fibria somou R$ 1,746 bilhão, recuo de 5% na mesma base de comparação.

No caso da celulose, a produção cresceu 62,6% na Suzano e ficou estável na Fibria no terceiro trimestre do ano contra igual intervalo de 2013. Já as vendas tiveram expansão de 78,7% na Suzano e 5% na Fibria.

Na Klabin, as vendas totais, sem incluir madeira, somaram 467 mil toneladas, alta de 3% ante 2013 e de 12% na comparação com o trimestre exatamente anterior. O volume de vendas ficou 4% abaixo das projeções do BTG Pactual, mas a receita líquida, de R$ 1,282 bilhão, foi em linha com as estimativas tanto do BTG, como das outras quatro casas consultadas pelo Broadcast.

Custo caixa

A redução do custo caixa da produção de celulose de julho a setembro deste ano foi o principal destaque do balanço da Suzano, segundo análise do Goldman Sachs e do BESI. Na comparação com o ano passado, o valor caiu 13,6%, para R$ 501,9 por tonelada.

O custo caixa da Fibria ficou praticamente estável ante o ano passado, de R$ 501 para R$ 502 por tonelada, mas ante o segundo trimestre deste ano o recuo chegou a 10,2%. O BTG Pactual destacou a queda na comparação trimestral. "Esperamos uma melhora no custo caixa, já que não ocorrerão mais paradas previstas no segundo trimestre de 2014 e melhora do desempenho dos volumes, com forte demanda no quarto trimestre", detalhou a equipe da instituição financeira.

Na Klabin, o custo caixa unitário da produção de papel no terceiro trimestre de 2014 ficou em R$ 1.796/t, valor 3% acima do verificado em igual período de 2013.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasFibriaMadeiraPapel e Celulosesuzano

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia