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No topo da pirâmide

Fiel ao público classe A, o Fleury se mantém na liderança. Até quando?

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

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  • Maior laboratório de análises clínicas da Grande São Paulo por faturamento, o Fleury atende diariamente menos da metade do número de clientes do segundo colocado no ranking, o Delboni Auriemo, que tem quase o dobro de unidades de atendimento na região metropolitana. O Fleury, no entanto, não enxerga o Delboni como seu concorrente direto. "Atendemos outro tipo de cliente, que paga por um serviço diferenciado", diz o médico Ewaldo Russo, diretor-superintendente do Fleury. "Nosso objetivo é o topo da pirâmide, enquanto o Delboni atinge o meio."

    Não importa que no meio da pirâmide haja muito mais gente. Fiel ao público classe A, o Fleury, fundado em 1926, projeta para este ano um aumento de menos de 10% no faturamento em relação a 2001. Já o Delboni, criado em 1961, prevê um crescimento de cerca de 70%. Outro laboratório, o Lavoisier, fundado em 1952, traça um cenário ainda mais otimista: espera fechar 2002 com mais que o dobro da receita do ano passado. O Lavoisier atua com unidades menores, muitas delas instaladas em áreas de grande movimento de pessoas, como shoppings e hipermercados. São 34 unidades na Grande São Paulo -- mais 15 devem ser abertas até o fim do ano. O Delboni e o Lavoisier pertencem ao grupo Diagnósticos da América, criado em 2000 com a ambição de montar uma rede de laboratórios de âmbito nacional (completam o grupo as bandeiras Bronstein e Lâmina, que atuam no Rio de Janeiro).

    Se confirmadas todas as projeções, o Delboni e o Lavoisier, juntos, vão atingir até o fim de 2002 um faturamento superior ao do Fleury. A diferença aumenta se forem consideradas também as receitas da Bronstein e da Lâmina. No total, a Diagnósticos da América prevê um faturamento de 430,4 milhões de reais neste ano.

    O Fleury possui atualmente dez unidades na capital paulista, uma em Santo André e outra em Barueri. Juntas, as 12 unidades na região metropolitana atendem mais de 2 000 pacientes por dia e representam 90% do faturamento, que, neste ano, deve atingir 250 milhões de reais. O restante do atendimento é realizado pelas unidades localizadas no interior do estado -- nas cidades de Jundiaí, Campinas e Sorocaba -- e em Brasília, cujo laboratório foi inaugurado em março. A próxima parada será o Rio de Janeiro, onde o Fleury abre uma unidade em novembro.

    Apesar de ter iniciado a expansão para outros estados, São Paulo continua como o principal alvo do laboratório. Até o fim do ano, entre reformas e aberturas de novas unidades, o Fleury deve investir 25 milhões de reais em São Paulo, ante 5 milhões de reais em outras regiões. "Estudamos o mercado e percebemos que nenhuma outra cidade, a não ser São Paulo, conseguiria abrigar mais de duas unidades do Fleury", diz Russo.

    O Fleury vem seguindo à risca um programa: todas as suas unidades passam por uma reforma a cada cinco anos. Elas ganham mais espaço físico, recebem novos equipamentos, passam a prestar novos serviços e a usar tecnologias mais modernas. Se não valer a pena reformar as instalações, o Fleury busca um novo endereço na mesma região. Foi o que aconteceu recentemente com sua unidade na avenida Brasil, transferida em julho para um espaço mais moderno na avenida Brigadeiro Luís Antônio. Essa é uma estratégia que o Fleury usa para manter a liderança na prestação de serviço de medicina diagnóstica.

    O Fleury realiza hoje mais de 2 000 tipos de exames laboratoriais. Para acompanhar a evolução dos serviços, planeja a abertura de megacomplexos. Serão unidades que, além da medicina diagnóstica, contarão com um centro médico e especialistas para atender os casos mais delicados. Esses especialistas vão orientar os clientes antes de encaminhá-los de volta aos respectivos médicos. Os megacomplexos contarão também com um centro cirúrgico e um day hospital (leitos para um dia de internação). "Estamos buscando uma solução para oferecer a nossos clientes um tratamento integrado de saúde", diz Russo. O primeiro megacomplexo deve ser inaugurado dentro de quatro anos em São Paulo. O investimento previsto é de 70 milhões de reais.

    Se o Fleury não considera o Delboni um concorrente, o oposto não é verdadeiro. "Estamos disputando a preferência do cliente", diz Caio Auriemo, presidente da Diagnósticos da América. Com um plano de expansão agressivo, o grupo inaugurou neste ano três megaunidades do Delboni na capital paulista. Mais espaçosas -- ocupam acima de 3 000 metros quadrados --, essas unidades oferecem cerca de 2 500 tipos de exames laboratoriais. Além disso, contam com o clube DA: salas privativas para executivos, que, nos intervalos dos exames, podem desfrutar de comodidades como computador com conexão à internet, fax, telefone, home theater, jornais e revistas.

    Até dezembro, o grupo deve inaugurar outra megaunidade, em São Bernardo do Campo, na região do ABC. Cada um desses laboratórios completos exige um investimento de cerca de 10 milhões de reais. Até o fim do ano, a Diagnósticos da América, que tem como sócio o Patrimônio Private Equity, fundo administrado pelo banco americano JP Morgan, deve realizar um investimento de 120 milhões de reais em São Paulo. Desse total, 60% estão sendo aplicados na bandeira Delboni e 40% no Lavoisier. Com cerca de 70% de participação no faturamento, São Paulo é o maior mercado para a Diagnósticos da América. O grupo se prepara para expandir sua área de atuação. "Nosso objetivo é ampliar a rede em São Paulo e levar a medicina diagnóstica às principais capitais do país", diz Auriemo.

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