Rio de Janeiro - A Nestlé anunciou hoje no Rio de Janeiro um investimento de R$ 163 milhões na construção de uma nova fábrica de bebidas no município de Três Rios, no interior do Estado. A expectativa da empresa é concluir a primeira fase no segundo semestre deste ano, já colocando leites líquidos das marcas Ninho e Molico no mercado. Essa será a 31ª unidade da companhia no País. O empreendimento deve processar, inicialmente, 200 mil litros de leite por dia.

Segundo o presidente da Nestlé Brasil, Ivan Zurita, a escolha do Rio de Janeiro para receber a planta foi motivada pelo potencial do mercado consumidor do Estado. No ano passado, pela primeira vez nos 90 anos de atuação da empresa no Brasil, o Rio ultrapassou São Paulo em participação nos negócios da Nestlé.

Os Estados responderam, respectivamente, por fatias de 12% e 11% nos negócios da companhia em 2010. "Essas filiais disputam historicamente, mas pela primeira vez o Rio ocupa esta posição", declarou. Segundo o executivo, cerca de 80% da produção da unidade de Três Rios será comercializada no Estado do Rio, e o restante deve ser dividido entre Minas Gerais e São Paulo.

O executivo minimizou a importância que os incentivos fiscais recebidos tiveram na definição do local de instalação da unidade. O projeto é beneficiado pelo programa Rio Leite, criado pelo governo para incentivar investimentos no setor. "Sou totalmente contra guerra fiscal, mas faz parte do jogo. Nossa definição, porém, não está ligada a isso", disse. "Não definimos como critério o diferencial de imposto", acrescentou, ressaltando a importância do mercado consumidor fluminense.

Presente ao evento de anúncio do investimento, o governador Sérgio Cabral Filho defendeu o programa Rio Leite, destacando que o Rio deve avançar em qualidade dos produtos para competir com outros Estados. "Do ponto de vista agrícola, o Estado do Rio não tem extensão para competir com Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul, mas tem um potencial grande de qualidade."

Crescimento

O presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Zurita, afirmou hoje que a cada 3% de crescimento alcançado pela Nestlé, a empresa abrirá uma nova "fábrica-tipo" - que pode ser tanto uma unidade nova como a ampliação de uma já existente. Para este ano, ele projeta um crescimento de, no mínimo, o dobro do Produto Interno Bruto (PIB). "Isso representaria três novas fábricas-tipo", afirmou. Este ano, a empresa deve anunciar novos investimento na construção de novas unidades ou ampliações. O executivo, no entanto, não quis dar detalhes.

De acordo com Zurita, o faturamento da empresa no País saltou de cerca de R$ 4,6 bilhões em 2001 para aproximadamente R$ 17,4 bilhões em 2010. Ele aponta que o aumento da renda e a ascensão das classes mais baixas foram fatores importantes para isso. Segundo o executivo, as classes C, D e E hoje respondem por 87% do consumo de alimentos. "Isso nos fez mudar nossas estratégias de comunicação e de distribuição", disse.

O investimento anual previsto pela empresa para sustentar seu crescimento nos próximos anos é de R$ 1 bilhão, sendo uma metade destinada à área comercial e a outra metade, à técnica. Zurita declarou que a empresa está de olho no mercado para possíveis aquisições, mas informou que os gastos com esse tipo de operação não estão incluídos no total de investimento previsto.