Não precisa mais ser 'tech' para fundar uma startup, segundo executivo da Amazon
Alvaro Echeverria, da AWS, fala sobre como o ecossistema de startups da América Latina é um "campo fértil" para inovação e está se tornando mais acessível do que nunca
Repórter
Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 07h00.
LAS VEGAS — Se você acha que para fundar uma startup precisa ser um gênio da programação ou um mestre dos códigos, Alvaro Echeverria, diretor de startups da Amazon Web Services ( AWS ) na América Latina, tem uma notícia: não precisa. Pelo menos, não mais.
Para ele, o cenário das startups está mudando. Especialmente com o desenvolvimento da inteligência artificial generativa, a tecnologia está se tornando cada vez mais uma ferramenta.
Se antes ela era reservada para os nerds do Vale do Silício com ideias brilhantes para tirar do papel, hoje ela é uma ferramenta que pode ser dominada por artistas, professores, médicos e muito mais.
"Você não precisa ser da área de TI para ter uma boa ideia. A tecnologia pode ser sua aliada, não um obstáculo", afirma o executivo. Originalmente do México, Echeverria é formado em Administração e já passou por grandes empresas como a americana Dell, de notebooks.
Startups no centro
Nos últimos seis anos, Echeverria tem atuado no desenvolvimento de startups da América Latina na AWS, braço de nuvem da gigante do e-commerce, Amazon.A empresa já investiu mais de US$ 250 milhões em créditos para apoiar startups da América Latina, e prometeu mais US$ 1 bilhão globalmente em 2025.
Os créditos são para aproveitar ao máximo as tecnologias da AWS, como computação em nuvem, inteligência artificial e big data. Se uma startup coloca tudo na nuvem da AWS e, anos depois, se torna um unicórnio, por exemplo, quem sai ganhando é também a gigante por trás de todos esses serviços.
Ex-fundadores e empreendedores que já mergulharam no vasto mar das startups compõem o time de Echeverria. Segundo o executivo, essa vivência permite que eles entendam as dificuldades diárias dos empreendedores e ofereçam mentoria e suporte especializado.
Claro, a realidade não é tão romântica assim. Echeverria lembra quemais de 97% das startups não sobrevivem após cinco anos, e muitos empreendedores enfrentam dificuldades imensas para manter o negócio de pé.
"Muitos de nós já passamos por isso. Sabemos que o caminho é difícil e por isso queremos ajudar esses fundadores a dar o próximo passo", explica o executivo.
Por aqui, o mexicano vê um enorme potencial na área de fintechs . Das oitenta startups selecionadas para participar do programa de aceleração da AWS, dez são brasileiras e somente duas delas são fintechs: a Base39, que ajuda startups menores a oferecer crédito, e a Magie, banco com chatbot integrado ao WhatsApp.
"No Brasil e no México, milhares de pessoas ainda não têm acesso a serviços bancários tradicionais, o que abre um mercado enorme e cheio de oportunidades", disse. "São lugares onde a inovação tem um terreno fértil, porque as pessoas buscam soluções mais simples e acessíveis."
*A jornalista viajou a convite da Amazon Web Services (AWS)