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"Não foi briga, continuamos muito satisfeitos com a XP", diz CEO do Itaú

Segundo Bracher, a concorrência com a corretora foi importante para o banco abrir sua plataforma de investimentos e para a XP mudar remuneração dos agentes

Candido Bracher, CEO do Itaú: a volta ao escritório e às agências será postergada para depois de setembro (Itaú BBA/Divulgação)
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Natália Flach

Publicado em 4 de agosto de 2020 às 12h05.

Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 12h35.

Uma campanha publicitária do Personnalité – segmento de alta renda do Itaú Unibanco – dizendo que os gerentes de banco são isentos na hora de recomendar investimentos criou um zum-zum no mercado financeiro em junho, especialmente com a XP. A corretora cresceu nos últimos anos apoiada no discurso de que assessores financeiros independentes conhecem mais do assunto e, portanto, podem informar melhor os seus clientes. A questão é que o Itaú detém 49% da XP.

"Não me referiria [ao que houve] como briga. Precisamos separar o olhar do investidor do olhar da área de investimentos pessoais [que é de fato concorrente da XP]", disse Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, em conversa com jornalistas na manhã desta terça-feira, 4, após a divulgação do balanço trimestral do banco. "Compramos uma participação na XP - até queríamos mais, mas a operação foi vetada pelo Banco Central - porque é uma empresa enxuta, com excelente gestão e aguerrida. Todos esses elementos continuam válidos até hoje, continuamos muito satisfeitos com a XP", acrescenta o executivo, dissipando rumores sobre a venda da sua fatia na corretora.

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Segundo Bracher, enquanto concorrente, a XP fez o Itaú melhorar muito. Tanto é que o banco abriu a sua plataforma de investimentos – que até então vendia exclusivamente produtos financeiros do próprio Itaú – e melhorou a remuneração dos gerentes. Por outro lado, a campanha publicitária do Personnalité também produziu efeitos positivos. "Foi com grande satisfação que vimos que a XP alterou a remuneração dos agentes autônomos. Como investidor, isso me deixou muito feliz. E quem sai ganhando é sempre o investidor."

Durante a coletiva, Bracher também comentou que o Itaú deve adiar a volta dos colaboradores ao escritório e às agências. Até então, a retomada aos postos de trabalho estava prevista para setembro, mas o prazo deve ser estendido em prol do bem-estar das pessoas. "Temos 55.000 funcionários em home office e está funcionando muito bem desde o princípio. Não temos pressa em promover a volta física às nossas unidades", afirma. "De qualquer forma, não vamos voltar à situação de antes, o home office será incorporado [à nossa estrutura]."

Esse cenário de trabalho a distância acelerou, inclusive, a entrega de espaços alugados, o que resultará em algum momento no maior adensamento nas sedes localizadas nos bairros Jabaquara e Itaim Bibi, em São Paulo. Outra possível consequência é o fechamento de mais agências – além das 300 que foram encerradas no ano passado. "Com aceleração do uso de canais digitais, poderemos fazer alguns ajustes menores daqui para frente [no número de agências]. Mas não acreditamos em banco sem agências, pois o perfil dos nossos clientes é heterogêneo e muitos se sentem bem em ir até o local", diz Milton Maluhy Filho, vice-presidente executivo de riscos e finanças do Itaú, durante a teleconferência.

Nova CPMF

A proposta de criação de um novo imposto sobre transações financeiras (chamada usualmente de nova CPMF), que está em estudo no governo, deve aumentar o custo do dinheiro, encarecendo a cadeia produtiva e consequentemente os produtos como um todo, segundo Bracher. Ao que o executivo se diz contrário. "A busca do equilíbrio fiscal é muito importante, especialmente depois do avanço de gastos que foram essenciais nos últimos meses, mas não por meio do aumento de impostos. A carga tributária já responde por 33% do PIB do Brasil. É extremamente elevada, e o resultado [dessa medida em estudo] vai no caminho contrário ao que ela se propõe", afirma.

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