Não adianta abrir restaurantes antes da hora, diz dono do Giraffas
Para empresário Carlos Guerra, melhor é esperar indicação das autoridades de saúde e melhorar ações do governo para ajuda ao setor
Mariana Desidério
Publicado em 15 de maio de 2020 às 13h23.
Última atualização em 15 de maio de 2020 às 17h32.
Fundador da rede de fast-food Giraffas , com 400 restaurantes pelo país, o empresário Carlos Guerra afirma que, apesar das perdas financeiras, o melhor é ter cautela na reabertura dos estabelecimentos e fazê-lo somente quando as autoridades indicarem que é adequado. “Não adianta abrir agora como se todo mundo fosse ocupar os restaurantes e sem tem certeza de que isso é realmente indicado”, afirmou o empresário ao exame.talks .
A rede tem hoje cerca de um quarto das unidades funcionando, com quase a totalidade das vendas feitas via delivery. Com isso, tem tido cerca de 20% do faturamento, na comparação com números do ano passado, quando o Giraffas faturou 750 milhões de reais no ano. A expectativa do empresário é de que, até o final do ano, a crise causada pelo novo coronavírus gere uma perda de receita da ordem de 30% para a rede. “Imaginamos que a partir de julho as vendas fiquem perto de 50%, com uma volta gradual até o final do ano. Mas, no curto prazo, vamos precisar ter paciência”, afirma.
A rede tem investido para ampliar sua operação de delivery. No entanto, os desafios são vários. "O delivery é um canal difícil, com custos elevados com embalagens, marketplace e entrega. É importante fazer, mas é muito desafiador ter um bom resultado trabalhando somente com o delivery", disse. Também está fazendo a adaptação de suas lojas físicas. Dentre as medidas estão instalação de barreiras físicas no caixa e na área de entrega dos pratos. O Giraffas também está melhorando seu aplicativo, e vai permitir encomendar o prato e pagar pelo app, evitando contato físico na loja.
Na visão do empresário, as medidas de ajuda do governo para o setor de bares e restaurantes deixam a desejar. “As ações até agora são mal desenhadas e insuficientes”, afirmou. Segundo Guerra, empreendedores do setor têm tido dificuldade de acesso a crédito, mesmo com os recentes incentivos do governo federal. “É querer muito de um banqueiro brasileiro emprestar nessas circunstâncias. Quem tem que fazer isso é o tesouro”, diz. “Os donos de bares e restaurantes são pequenos empreendedores que já estavam numa situação difícil e não têm capital de giro”, completa. O setor perdeu 80% da receita com a crise do coronavírus.