Presidente da BRA garante que a empresa é lucrativa
Humberto Folegatti, dono da BRA, diz que o lucro em 2005 será menor, mas que a empresa não ficará no vermelho. Ele também afirma que a companhia está preparada para a guerra de tarifas
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
O empresário Humberto Folegatti terá um ano movimentado e difícil pela frente. Sua empresa, a BRA, vende as passagens aéreas mais baratas do mercado e muitos especialistas têm sido céticos quanto ao futuro desse modelo de negócios, devido à forte concorrência de Gol e TAM. Essas empresas estão no seu encalço, oferecendo tarifas semelhantes nos horários e rotas operados pela BRA. Folegatti, porém, garante que os preços baixos serão mantidos, sem que a companhia deixe de gerar lucro em 2006.
"Estamos preparados para a briga de preços. Temos caixa para isso", diz o empresário, sem dar detalhes sobre o montante. "A concorrência tem mais dinheiro, mas também tem mais problemas com que lidar", completa.
A BRA atua há seis anos no segmento de vôos fretados (charter). Em 21 de novembro do ano passado, iniciou a operação de suas primeiras rotas regulares. Foram apenas 40 dias de atividade, cujo resultado ainda está sendo tabulado pelo departamento financeiro. Folegatti antecipa que o lucro de 2005 será menor que os 16 milhões de reais registrados em 2004. A cifra será pressionada, sobretudo, pelos investimentos que o segmento de vôos regulares exigiu.
"Lucro menor é bem diferente de prejuízo", afirma o empresário, quando questionado sobre os boatos de que a empresa estaria operando no vermelho.
Segundo o Departamento de Aviação Civil (DAC), a BRA reportou um prejuízo de 4,3 milhões de reais entre agosto e setembro do ano passado nas rotas regulares. No entanto, vale ressaltar que essa operação estreou apenas em novembro. "Houve um mal-entendido com os números, pois o DAC exigiu que enviássemos os resultados mensais logo após a concessão ser liberada. O problema é que só começamos a voar três meses depois. Ou seja, de agosto a meados de novembro não houve receita, apenas despesas com investimentos", explica o empresário.
Sua previsão é que a empresa poderá faturar 700 milhões de reais em 2006, o que representaria um crescimento de 55% sobre o resultado de 2005.
Briga pela frente
A disputa por passageiros de menor renda continuará em 2006. Com a saída momentânea da Webjet do mercado, em novembro de 2005, teoricamente a BRA passou a explorar sozinha esse nicho de mercado. Na prática, porém, é provável que a empresa sofra uma forte concorrência o que pôde ser observado já no ano passado, quando tanto a Gol como a TAM reduziram drasticamente suas tarifas em horários operados por ela.
"A empresa tem feito investimentos e está crescendo. Como estaríamos conseguindo esse dinheiro? Isso prova que estamos com caixa", diz Folegatti. No contra-ataque, a BRA pretende, neste ano, atrair o público executivo terreno dominado pelas grandes. Ele conta que vem conversando com clientes empresariais interessados em fechar contratos com a BRA, mas prefere ainda não citar nomes.
Em 2005, a BRA contabilizou 1,6 milhão de embarques incluindo o charter e os vôos regulares. Segundo o empresário, o número representa 4,8% do total de embarques registrados pelo DAC. A taxa de ocupação das aeronaves tem ficado acima de 80%.
Conversa com investidores
Se os planos de Folegatti derem certo, até o final do ano a BRA , que hoje é uma empresa limitada, se transformará em uma sociedade anônima e contará com novos investidores. Seu capital, porém, continuará fechado. O empresário limita-se a contar apenas que as conversas estão em curso, mas diz que as mudanças na estrutura societária não passam desse ano. Este será um passo prévio para outro objetivo: abrir o capital da empresa. "Depois que os investidores chegarem, aí sim daremos início ao processo de abertura de capital na bolsa, que deve acontecer em 2007", diz.
Os planos para 2006 incluem ainda a compra de cinco aeronaves, além da estréia da BRA no segmento de venda de passagens online, prevista para este mês. Atualmente, as vendas ocorrem apenas nas lojas da PNX Travel, agência de viagens com a qual mantém parceria. "Vínhamos trabalhando em um programa que impedisse as fraudes com cartão de crédito, e agora já está pronto para entrar no ar", conta. "A BRA é assim: conservadora, sadia e preocupada com resultados", diz o empresário.