Movida pode se beneficiar da alta do dólar, mas coronavírus ameaça
Locadora de veículos espera lucrar mais com aumento do turismo doméstico, mas epidemia pode minar planos
Guilherme Guilherme
Publicado em 10 de março de 2020 às 20h26.
Última atualização em 11 de março de 2020 às 10h50.
São Paulo - Com histórico de crescimento em meio a crises financeiras, a Movida se prepara para mais uma temporada de instabilidade econômica. No entanto, a alta do dólar , que já supera os 4,60 reais, não preocupa a companhia — pelo contrário.
De acordo com Edmar Lopes, CFO da Movida, a empresa pode ser beneficiada pelo câmbio depreciado. “Em vez de o brasileiro viajar para o exterior, ele faz viagens domésticas (onde estamos presentes). Além disso, [o real desvalorizado] deve atrair mais turistas estrangeiros para cá”, disse.
A expectativa, se confirmada, deve impulsionar ainda mais o lucro da Movida, que, em 2019 foi de 228 milhões de reais – 43% acima do registrado em 2018. No último trimestre do ano passado, a taxa de ocupação de aluguel de carros foi recorde, com apenas 21,1% da frota vaga. Segundo a empresa, o resultado foi impulsionado pelos efeitos da “alta temporada”, quando o fluxo de viagens aumenta. Em termos anualizados, a receita com aluguel de veículos cresceu 21% em 2019.
No entanto, o surto de coronavírus, que segue aumentando no Brasil e no mundo, pode frustrar a expectativa de que o turismo aumente. Além disso, a epidemia na China tem impactos no fornecimento de peças industriais, o que pode elevar os preços dos automóveis. Mas Lopes acredita que a inda seja “cedo” para afirmar que a Movida vai ser afetada.
“Parece que a cadeia de fornecimento vai se recompor rapidamente. A gente tem que aguardar para ver como isso vai evoluir. Até agora a gente recebeu todos os carros normalmente”, afirmou.
Em 2019, a empresa aumentou em 18% sua frota de veículos e terminou o ano com 109.661 carros. Com a expansão do número de veículos, a companhia conseguiu também aumentar a receita com venda de seminovos em 63%, passando para 2,214 bilhões de reais no ano. De acordo com Lopes, a empresa deve seguir aumentando a quantidade de carros comprados e revendidos como forma de renovar a frota.