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Montadoras globais podem demitir 80 mil em desafio tecnológico

A indústria automobilística global deve produzir 88,8 milhões de carros e caminhões leves este ano, uma queda de quase 6% na comparação anual

Audi: Daimler e Audi anunciaram quase 20 mil demissões em uma semana (Audi/Divulgação)

Audi: Daimler e Audi anunciaram quase 20 mil demissões em uma semana (Audi/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 5 de dezembro de 2019 às 07h00.

Este ano pode ser um dos piores da história para trabalhadores do setor automotivo global, que sente o impacto da menor demanda e da profunda transformação da tecnologia de veículos. Daimler e Audi anunciaram quase 20 mil demissões em uma semana.

No total, as montadoras devem cortar mais de 80 mil empregos nos próximos anos, segundo dados compilados pela Bloomberg News. Embora as demissões estejam concentradas na Alemanha, nos EUA e no Reino Unido, as economias de crescimento acelerado não estão imunes, e as montadoras também encolhem operações nessas regiões.

Montadoras alemãs se unem à General Motors, Ford e Nissan na grande onda de demissões anunciadas nos últimos 12 meses. O conflito comercial e tarifas aumentam os custos e paralisam investimentos de montadoras, que reavaliam a força de trabalho na era da eletrificação, direção autônoma e serviços sob demanda.

A indústria automobilística global deve produzir 88,8 milhões de carros e caminhões leves este ano, uma queda de quase 6% na comparação anual, segundo a consultoria IHS Markit. O grupo de lobby alemão VDA disse na quarta-feira que o declínio deve continuar no ano que vem, com a previsão de entregas globais de 78,9 milhões de veículos, o nível mais baixo desde 2015.

O ritmo de cortes de empregos na Alemanha, sede da Mercedes-Benz, Porsche e BMW, deve ser “mais pronunciado em 2020”, disse o presidente da VDA, Bernhard Mattes, em conferência de imprensa em Berlim, acrescentando que apenas a mudança tecnológica pode levar à perda de 70 mil empregos na próxima década.

“Uma mudança estrutural fundamental com investimentos enormemente altos em um momento de deterioração da dinâmica do mercado - muitas sentem a tensão”, disse Mattes.

As demissões também acontecem na China, que emprega o maior número de pessoas no setor e enfrenta queda das vendas. A startup de veículos elétricos NIO, com prejuízo de bilhões de dólares e ações em queda livre na Bolsa de Nova York, havia demitido cerca de 20% da força de trabalho até o fim de setembro, com o corte de mais de 2 mil empregos.

“A persistente desaceleração nos mercados globais continuará afetando as margens e os lucros das montadoras, que já foram afetados pelo aumento dos gastos em P&D para tecnologia de direção autônoma”, disse Gillian Davis, analista da Bloomberg Intelligence. “Muitas montadoras estão agora focadas em planos de corte de custos para evitar a erosão das margens.”

--Com a colaboração de Keith Naughton, Gabrielle Coppola, Craig Trudell, Cécile Daurat, Chris Reiter e Kristie Pladson.

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