Fintechs: pesquisa mostra perfil das startups de finanças do Brasil (Getty Images/Getty Images)
Ainda que representem grande parte das startups brasileiras, as fintechs — pequenas empresas de serviços financeiros — ainda dão seus primeiros passos no mercado, e passam longe da maturidade observada em startups do varejo ou de educação (hoje líderes em termos de quantidade no país), por exemplo.
Essa é uma das conclusões do Mapeamento de Fintechs, levantamento feito pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) em parceria com a consultoria Deloitte e obtido com exclusividade pela EXAME.
Para mapear o perfil das fintechs brasileiras, o estudo se propôs a avaliar suas regiões de origem, características dos fundadores e as principais soluções criadas no setor. De maneira generalista, o mapeamento mostra que as fintechs brasileiras são novatas e, em sua maioria, lideradas por homens — cerca de 85% das fintechs são masculinas.
Segundo a pesquisa, o Brasil tem hoje 204 fintechs. Para classificar os diferentes tipos de fintechs com base nas suas soluções e produtos, a pesquisa da Deloitte adotou nomenclaturas e divisões já estabelecidas pela Universidade britânica de Oxford. As categorias consideram também o tipo de serviço que pode ser oferecido por essas empresas.
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Em relação aos segmentos de atuação, a pesquisa destaca backoffice, crédito e meios de pagamento como os mais comuns entre as fintechs brasileiras. Nos cálculos da Abstartups, ao menos 60% das empresas atuam em alguma dessas três áreas. Depois delas estão as empresas de serviços digitais, tecnologia e investimento.
A maior parte das fintechs em operação no Brasil foram fundadas há 2 anos — cerca de 22% das startups desse setor nasceram em 2020. Já as empresas com um ano de mercado são 19,6% do total.
A região Sudeste é a que concentra mais fintechs no país, com mais de 50% do total. Os estados com o maior número de fintechs são
De cada 10 pessoas fundadoras de fintechs, 8 são homens As fintechs brasileiras são fundadas, majoritariamente, por pessoas com mais de 36 anos (56%), que tenham cursado o ensino superior (93%) e realizado algum tipo de especialização (60%). Normalmente atuam como CEO (77%) na startup.
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Quase todas (97%) as fintechs reconhecem a importância do tema diversidade e deixam claro seu apoio ao assunto. No entanto, apenas 21% das empresas têm políticas e práticas estabelecidas dedicadas ao tema. Um exemplo está nos processos seletivos voltados dedicados a pessoas acima de 50 anos, pessoas transexuais, mulheres, pessoas pretas e pardas e pessoas com deficiência.
A ausência de práticas que visam a diversidade anda em conjunto com a falta de maturidade das próprias startups como um todo, avalia Ingrid Barth, vice-presidente da ABStartups. “As startups de uma maneira geral são empresas muito novas, que ainda estão construindo a sua cultura e os seus valores”, diz. “Então, muitas vezes é difícil você endereçar todas essas preocupações relacionadas ao ESG.”
Para ela, aumentar a participação de diferentes perfis e grupos sociais nas fintechs é um desafio de longo prazo, e que parte do estímulo à entrada de mulheres no universo da tecnologia e inovação. “A gente precisa de fato despertar o interesse das nossas meninas, ainda lá no processo de formação acadêmica tradicional, nas áreas de matemática, engenharia, tecnologia, ciências de uma maneira geral, para que a gente possa mudar esse cenário passe a ser de fato um cenário diverso. A preocupação já está muito mais forte do que no passado, mas ainda tem bastante trabalho pela frente”, afirma.
Em outra frente, a pesquisa também buscou mapear as principais tendências para o segmento. Em ascensão, a pesquisa destaca os segmentos de backoffice, meios de pagamento e crédito como os mais proeminentes para as fintechs nos próximos anos.
Para Barth, soluções com alguma relevância em outros países também tendem a ganhar força por aqui nos próximos anos, como o Buy Now Pay Later (BNPL), método de pagamento que simula um crediário digital.
Na esteira da aprovação de novas regulamentações, o setor de fintechs, segundo Barth, também deve experimentar bons ares daqui para frente. “Nós ainda temos muitas coisas para desenvolver. Algumas regulamentações estão melhorando ali a possibilidade de novos projetos”, diz.
A ineficiência e ausência de respostas mais digitais em setores tradicionais como câmbio e crédito também deve acelerar a criação de novas soluções, avalia. “Acho que tem bastante coisa bacana de seguros e câmbio também que a gente vai observar são ainda produtos que não tiveram tanta inovação quanto pagamentos, crédito e etc, então acredito que essas são as tendências para o futuro falando de fintechs”, diz.
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