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Magazine Luiza sofre as dores de tentar ser a Amazon

A partir de agora, o Magazine Luiza terá mais dificuldade em continuar superando as expectativas

Centro de Distribuição do Magazine Luiza em Louveira (SP). (Leandro Fonseca/Exame)

Centro de Distribuição do Magazine Luiza em Louveira (SP). (Leandro Fonseca/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 8 de novembro de 2018 às 14h38.

São Paulo - O Magazine Luiza, varejista queridinho de investidores, sente as dores de sua transformação digital. No caminho para se tornar a Amazon brasileira, a companhia vem enfrentando problemas semelhantes aos que afetam a gigante americana.

Depois da divulgação de resultados do terceiro trimestre, apesar de números positivos e empolgantes, as ações da companhia caíram mais de 8% após a divulgação dos resultados. Acostumados a resultados surpreendentes, analistas reagiram à queda da margem Ebitda, que foi de 7,6%, 1,1 ponto porcentual menor em relação ao mesmo período do ano anterior.

De acordo com o presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, as margens menores fazem parte do plano, anunciado desde o começo do ano, de investir mais no cliente. Além disso, as dores fazem parte do processo de crescimento. "Uma empresa não consegue crescer exponencialmente com aumento porcentual de margem", afirmou ele em teleconferência com analistas.

"Empresas digitais, como Google, Alibaba e Amazon, estão focadas em indicadores como aumento das vendas e na base de clientes, e não na margem. Para sermos uma empresa digital, precisamos jogar esse jogo", afirmou Trajano. No entanto, além de se basear nas estratégias de algumas das maiores companhias do mundo, o Magazine também sente as dores e obstáculos que eles enfrentam.

Mais investimentos

O presidente garante que o investimento, ainda que exerça pressão momentânea nas margens da companhia, terá um retorno ainda maior no futuro. Isso porque a explicação para a redução da margem é o investimento maior, de 234 milhões de reais até agora contra 126 milhões de reais nos nove primeiros meses do ano passado.

A empresa está investindo principalmente em logística, para acelerar as entregas, em tecnologia e em abertura e reforma de lojas. Os esforços incluindo incluem dois novos centros de distribuição, que possibilitam que 30% das entregas sejam feitas em até 48 horas. Dessa forma, está atraindo novos clientes e que comprarão mais frequentemente, por conta do investimento no cartão de crédito da companhia.

A transformação da companhia, que quer deixar se tornar uma empresa digital com pontos físicos, a fez ganhar relevância aos olhos de investidores. Desde o começo do ano, suas ações valorizaram quase 190%.

No terceiro trimestre, mais uma vez apresentou números fortes de crescimento, como aumento de 34% nas vendas e de 29% no lucro. No comércio eletrônico, a alta foi ainda maior, de 55%, e o canal já representa 36% das vendas da companhia. O mercado de móveis e eletrodomésticos caiu 2,2% até agosto, de acordo com o IBGE, enquanto o comércio eletrônico cresceu 8% no terceiro trimestre segundo o Ebit, o que significa que o Magazine Luiza está ganhando participação em cima dos concorrentes.

“Em nossa opinião, quando olhamos para o atual cenário de mercado, com seus concorrentes ainda em processo de remodelar seus negócios, deixando de gerar verdadeiros retornos operacionais ou ainda implementando erraticamente uma estrutura mais digital e integrada, vemos o Magazine Luiza como um player diferenciado com uma mentalidade clara e inovadora e chassis operacional robusto”, escreveu o Brasil Plural em relatório.

Além disso, surpreender investidores ficará mais difícil daqui para frente. "Encontrar a base para avaliar o Magazine Luiza usando métricas convencionais de varejo, financeiras e de avaliação tornou-se impossível”, afirmou o Itaú BBA em relatório.

“Os resultados do terceiro trimestre sugerem que, a partir de agora, o Magazine Luiza terá mais dificuldade em continuar superando as expectativas, já que seu atual valor de mercado forçou o mercado a elevar substancialmente o nível da empresa", escreve o banco.

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