Loja da Macy's, em Nova York: turismo de compras deixou de ser possível na pandemia (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Bianca Alvarenga
Publicado em 25 de agosto de 2021 às 10h27.
Última atualização em 25 de agosto de 2021 às 11h34.
O turismo de compras ficou em um distante passado pré-pandêmico. Com as fronteiras dos países fechadas para os brasileiros, em razão da covid-19, voltar para casa com as malas cheias de produtos de beleza, roupas, itens para bebês ou eletrônicos deixou de ser possível.
Mas nem as restrições geográficas e nem o dólar mais caro conseguiram limitar o desejo dos consumidores por produtos estrangeiros. Sites como AliExpress, Shopee, Shein e muitos outros ganharam protagonismo nos últimos meses.
De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela Ebit/Nielsen, as vendas no chamado e-commerce cross border (sites estrangeiros que enviam produtos para o Brasil) chegou a quase 23 bilhões de reais em 2020. O número de pedidos cresceu 52% em relação a 2019.
O cross border Tiendamia começou a operar no Brasil em 2019, mas está passando por um processo de reformulação completa. A empresa, com base no Uruguai, também tem operações na Argentina, Equador, Peru, Uruguai e Costa Rica.
O site é, na verdade, um marketplace que reúne os catálogos completos dos e-commerces gringos da Amazon, eBay, Walmart e, agora, Macy's. De acordo com a empresa, tudo que está disponível para os consumidores dos Estados Unidos pode ser enviado para o Brasil.
Em entrevista exclusiva à EXAME Invest, Michele Chahin, chefe de operações do Tiendamia no Brasil, contou que a empresa considera 2021 como o ano do "relançamento" no país, em razão dos investimentos feitos para melhorar a navegabilidade e o suporte do site -- tudo em português, falando a língua do cliente local.
Pode parecer uma banalidade, mas a falta de suporte no pós-venda e a dificuldade para entender os produtos são dois problemas bastante comuns encontrados por quem recorre a sites do exterior. "Queremos romper fronteiras, trazendo ao consumidor brasileiro a mesma experiência que ele tem no e-commerce local", conta a executiva do Tiendamia.
Outra barreira a ser vencida é o ceticismo do cliente. Muitas vezes, quem faz compra em sites cross border acaba escolhendo apenas produtos de baixo valor, para evitar um prejuízo grande, caso o produto seja diferente do anunciado, caso chegue avariado ou caso simplesmente nada seja entregue. É a chamada "compra loteria": o cliente paga, sem ter certeza do que vai receber.
O Tiendamia quer fugir do estigma de vendedor de "quinquilharia" -- até porque, segundo Chahin, os produtos ofertados no catálogo não têm o mesmo preço e perfil dos vendidos por sites da China. Um exemplo disso é o extenso catálogo da varejista de moda Macy's, que estará disponível aos clientes brasileiros já a partir desta semana.
"Seremos a porta para o brasileiro entrar na maior loja de departamentos dos Estados Unidos", afirma a chefe da Tiendamia no país. Ela conta que quando o catálogo da varejista de moda foi disponibilizada para os clientes do Peru, levou apenas duas semanas para as vendas da Macy's superarem as do eBay. Espera-se que o mesmo ocorra aqui no Brasil.
Entre as marcas vendidas pela Macy's estão algumas bem conhecidas dos brasileiros, como Guess, Tommy Hilfiger, Michael Kors, Calvin Klein, Nike e diversas outras.
Ao contrário de outros players, como AliExpress e Shopee, o Tiendamia é o responsável pela compra e entrega dos produtos -- ou seja, a empresa não atua meramente como intermediadora entre o vendedor e o consumidor brasileiro.
Funciona da seguinte forma: o cliente escolhe quais produtos deseja comprar e reúne tudo no carrinho. O frete é calculado e os valores são convertidos para reais. Nesse momento, o usuário tem a opção de já pagar os impostos e taxas de importação antecipadamente, no chamado envio premium, ou pode fazer o envio simples, correndo o risco de ser taxado e ter o produto retido na alfândega brasileira.
Quando o pedido é concluído, a própria Tiendamia compra os produtos diretamente dos e-commerces parceiros e manda para um armazém, que fica nos Estados Unidos. Lá, a equipe de logística embala todos os itens em um único pacote e envia para o cliente no Brasil. Se o envio for premium, a empresa faz todo o processo de desmbaraço da encomenda. Se não, ela faz a remessa por parceiros logísticos e, quando o produto chega ao Brasil, pelos Correios.
"O prazo de entrega depende do estado. Em geral, os envios para a região Sudeste levam 22 dias úteis, em média. Em outras regiões, esse prazo sobe para 26 dias úteis. Mas temos clientes que conseguem receber os produtos em 15 a 20 dias corridos, dependendo da localização e do vendedor escolhido", explica a executiva do Tiendamia.
Envios de produtos novos pela Amazon, por exemplo, costumam transcorrer dentro de poucas horas no território dos Estados Unidos. A agilidade nessa primeira etapa da compra pode significar um ganho de dias no prazo de envio para o Brasil.
Pela regra da Tiendamia, se o produto não chegar ao cliente brasileiro dentro do prazo de 120 dias, o valor da compra é 100% reembolsado.
"A garantia de entrega e as condições de reembolso são nossas. A compra acontece dentro do catálogo do parceiro, mas nós nos responsabilizamos por tudo", diz Chahin.
A única exceção para essa situação é caso o cliente tenha optado pelo envio simples, e a entrega não tenha acontecido porque a mercadoria ficou presa na alfândega brasileira. Aí a responsabilidade de desembaraço é do próprio cliente.
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