Lixo zero: conheça 5 empresas que reaproveitam seus resíduos ao máximo
Certificação do Instituto Lixo Zero Brasil lança luz sobre companhias determinadas a dar fim ao descarte insustentável — e serve de estímulo para outras seguirem pelo mesmo caminho
EXAME Solutions
Publicado em 25 de março de 2024 às 13h40.
Última atualização em 21 de junho de 2024 às 07h47.
Zerar a produção de lixo é possível? Provavelmente não, pois toda empresa acaba se deparando, em algum momento, com algo que não pode ser reutilizado, reciclado ou direcionado para a compostagem. Mas isso não significa que todo mundo não deva alcançar o mais próximo possível da meta do lixo zero.
É o que defende a Aliança Internacional Lixo Zero (Zero Waste International Alliance), que existe para alertar sobre as desvantagens dos aterros sanitários e da incineração e lançar luz sobre alternativas sustentáveis. O braço brasileiro dessa entidade é o Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), fundado em 2010. É quem concede o selo Lixo Zero, direcionado a companhias determinadas a dar fim ao descarte insustentável.
“Na presidência do G20, o Brasil ocupa posição de destaque nas pautas sobre crescimento econômico e desenvolvimento sustentável, mas ainda esbarra na falta de investimentos e estratégias voltadas à economia verde" afirma Rafael Tello, head de Sustentabilidade na Ambipar.
Para avançar neste aspecto e promover, de fato, os impactos socioeconômicos positivos, diz ele, é urgente implementar mudanças na gestão de resíduos. "Precisamos contar com a união de organizações públicas e privadas para que o país enfrente as mudanças climáticas que estão cada vez mais severas, afetando não apenas as comunidades locais, mas também a estabilidade econômica global", diz Tello.
Conheça, a seguir, algumas empresas que conquistaram a certificação Lixo Zero:
Tetra Pak
Tanto a fábrica em Monte Mor, em São Paulo, quanto a de Ponta Grossa, no Paraná, conquistaram a certificação Lixo Zero. Referência em embalagens para alimentos, a multinacional diz só comercializar produtos totalmente recicláveis. Em 2022, ela atingiu a marca de mais de 89,9 mil toneladas de embalagens pós-consumo recicladas no Brasil, onde trabalha com diversos recicladores homologados. Com a ajuda deles, transforma materiais descartados em novos produtos de valor agregado — de telhas a cadernos, de sacolas a casinhas de cachorro. Mundialmente, a Tetra Pak vendeu 8,8 bilhões de embalagens à base de plantas e 11,9 bilhões de tampas à base de plantas. Com isso, deixou de emitir 131 quilotoneladas de CO2.
Solar Bebidas
Trata-se da segunda maior fabricante do Sistema Coca-Cola no Brasil. Com capacidade para atender mais de 380 mil pontos de venda, a Solar Bebidas tem 13 fábricas e 46 centros de distribuição. Empenhada em diminuir os impactos de suas operações no meio ambiente, aposta em energias renováveis, eficiência produtiva, reciclagem, gestão de resíduos, parcerias comunitárias, capacitação de jovens e voluntariado, entre outras iniciativas do gênero.
A unidade em Fortaleza, no Ceará, obteve a certificação Lixo Zero com um índice de 96%. Já a unidade de Maracanaú, também no Ceará, envia 100% de suas embalagens para reciclagem. Mudanças implantadas pela Coca-Cola ajudam a tornar o dia a dia da Solar Bebidas mais sustentável. Recentemente, por exemplo, a marca anunciou a mudança da embalagem do Sprite. Saiu de cena o PET verde e entrou a versão sem pigmento, mais fácil de reciclar.
Nugali Chocolates
Com sede em Pomerode, em Santa Catarina, a marca adota o modelo “bean-to-bar” e aposta todas as fichas possíveis no reaproveitamento dos resíduos orgânicos e na reciclagem. Graças ao encaminhamento correto dos resíduos, menos de 2% deles terminam em aterros. O Instituto Lixo Zero Brasil concedeu à empresa o selo de Lixo Zero e classificou suas práticas como excelentes, levando em consideração desde a redução do desperdício, à compostagem, ao monitoramento e à otimização nos processos, às compras que não geram lixo e à logística reversa, entre outros tópicos.
Em vez de jogar as cascas das amêndoas no lixo, por exemplo, a Nugali as transforma em adubo. Elas contêm, afinal, 2,5% de nitrogênio, 1% de fósforo e 3% de potássio, além de micronutrientes. Aplicadas como cobertura em vasos ou canteiros, evitam o surgimento de ervas daninhas e mantêm a umidade do solo.
Irani
Listada na bolsa, ela produz embalagens sustentáveis com papel ondulado, fundamentais para a indústria de alimentos. Em 2022, ela anunciou ter produzido 287.000 toneladas de papel para embalagens sustentáveis em um único trimestre. Biodegradáveis, elas apresentam menor risco ambiental na hora do descarte e são facilmente recicláveis. A Irani, no entanto, aposta na economia circular e é por isso 72,3% da matéria-prima que ela utiliza é reciclada.
Uma das metas da Irani é ajudar estabelecimentos diversos, de restaurantes a padarias, a diminuir o uso de plástico, bem mais nocivo ao meio ambiente. Também em 2022, o fundo de corporate venture capital da Irani fez um aporte na Trashin. Focada na gestão 360º de resíduos e logística reversa, a startup oferece soluções criativas e personalizadas para tornar negócios sustentáveis, diminuindo o desperdício e gerando impacto positivo.
Cervejaria Refúgio
Serve de prova de que até pequenos empreendimentos podem contribuir com o meio ambiente e obter o selo Lixo Zero. Primeira cervejaria do país a ganhar essa certificação, ela está localizada no Rio Tavares, no sul de Florianópolis. Foi criada por oceanólogos de formação, que acabaram transformando um hobby — a produção de cervejas artesanais — em um negócio lucrativo e sustentável. A Refúgio trata os resíduos gerados pela marca e diz pagar salários justos para os funcionários. Na sede da cervejaria, certificada pelo Instituto Lixo Zero Brasil em 2019, também funciona um bar com 14 torneiras de chope e uma pizzaria.