Jorge Paulo Lemann: é importante treinar pessoas para manterem a cultura das empresas vivas. "Se você acha que vai ficar aqui para sempre, está errado." (Divulgação/Divulgação)
Natália Flach
Publicado em 6 de julho de 2019 às 13h04.
Última atualização em 11 de julho de 2019 às 16h39.
São Paulo - Depois de investir em gigantes como a lanchonete Burger King e a fabricante de bebidas AB Inbev, o megainvestidor Jorge Paulo Lemann está apostando no crescimento de três empresas brasileiras iniciantes, chamadas de startups. São elas a adquirente Stone, a holding Movile (dona do iFood) e a novata de cartões de crédito Brex.
A princípio, pode não parecer, mas essas companhias têm semelhanças. As três são unicórnios - como são chamadas as startups que atingiram mais de 1 bilhão de dólares em valor de mercado - e atuam em mercados bem diferentes dos que Lemann costuma investir com seus sócios, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, por meio da gestora 3G Capital. "Tem que se adaptar, né?", questiona o megainvestidor, em evento da corretora XP, em São Paulo, neste sábado (6).
Aos 79 anos, Lemann diz que tem a tarefa de transmitir a cultura organizacional para os mais jovens que vão continuar liderando as empresas investidas, como a fabricante de alimentos Kraft Heinz. "O sonho grande ajuda a manter as pessoas unidas, mas também é importante ter poucas metas e metas claras. No entanto, chega um momento que você tem que ter certeza de que as pessoas vão dar continuidade a essa cultura. Até porque se você acha que vai ficar aqui para sempre, está errado", afirma. "É necessário 'criar' pessoas que eventualmente vão liderar mais que você."
Mas esse movimento de treinar pessoas não é uma via de mão única. Lemann também aprende com os mais jovens e com as novas tecnologias. "Tenho amigos importantes que sempre se encontram para observar passarinhos nos Estados Unidos. À noite, as conversas são sempre sobre a beleza do canto dos pássaros. Fiquei uns cinco anos sem fazer esse programa. Fui recentemente com eles e as conversas foram sobre os dados estatísticos da migração dos pássaros. Até olhar passarinho agora se baseia em dados", afirma, dando uma risada - acompanhada pelo público. "Estou tentando correr atrás dessas novidades."