Marca de leites veganos lança programa de assinaturas e projeta R$ 20 milhões de faturamento em 2023
Naveia, que produz variedades à base de aveia, tem crescido 30% ao mês desde o lançamento de seu e-commerce, no final do ano passado
EXAME Solutions
Publicado em 17 de novembro de 2023 às 08h00.
Um copo de 200 mililitros de leite de vaca por dia, ao longo de um ano, corresponde a 73 litros. Até aí, nada de mais. Para produzir essa quantidade, porém, é preciso manter como pasto uma área de 652 metros quadrados e gastar 45.733 litros d’água — para hidratar a vaca e para garantir que ela tenha o que pastar. Mais: essa produção resulta na emissão de 229 quilos de gases que contribuem com o efeito estufa. Já a marca Naveia, de leites à base de aveia, diz produzir aquela mesma quantidade gastando bem menos água — 3.512 litros —, comprometendo uma área 80% menor e emitindo 65 metros cúbicos de poluentes.
O primeiro produto da marca, lançada em novembro de 2020, mistura água, aveia, óleo vegetal de girassol, cálcio e sal marinho. O segundo, indicado para misturar com café, leva os mesmos ingredientes e um ou outro mineral. Depois surgiram a versão achocolatada, a que leva manga e as duas voltadas para o público infantil — uma tem sabor de chocolate e a outra, de morango. A Naveia também lançou um chantilly vegetal, um creme de leite e um leite condensado — nenhum produto contém ingredientes de origem animal.
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A marca foi fundada pelo economista carioca Felipe Ufo e sua mulher, a geocientista sueca Alex Soderberg. O berço da Naveia é Berlim, onde o casal morou até 2019 e os leites à base de aveia vendem muito. Vegano de carteirinha, Ufo não pensou duas vezes ao se deparar com a existência de produtos do tipo: decidiu ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, combater a exploração dos animais e a devastação do meio ambiente. “Não somos uma marca com propósito”, defende Ufo. “Somos um propósito que criou uma marca”.
“Naveia existe porque despertamos”, diz o site da marca “E aprendemos que a única coisa que ‘não dá pra viver sem’ é o planeta”. A página vai além: “Ser “vegetal” não é caso de medalha olímpica, Nobel da paz, nem homenagem em praça pública — a gente também leva multa no trânsito, esquece aniversário de amigo e acumula louça na pia como quase todo ser humano”.
Desde o lançamento do e-commerce, no final do ano passado, a marca tem crescido a cerca de 30% ao mês — para este ano, ela projeta um faturamento de 20 milhões de reais. Perto de 5 mil unidades e packs são vendidos a cada mês — o litro da variedade mais em conta custa R$ 15,90. Nos últimos 90 dias, o faturamento do site cresceu 40% — foram mais de 35.000 sessões. Para estreitar os laços com os consumidores, a marca está lançando um programa de assinaturas. Com ele, você poderá receber leites veganos, com preços diferenciados, na porta de casa.
Trata-se de uma companhia que entrou para o rol das empresas B, aquelas comprometidas em construir um mundo melhor para a sociedade e o planeta. Prova disso é a agrofloresta da Naveia, localizada no sul de Minas Gerais. Espalha-se por 220 hectares de terra que antes eram usados como pasto de vacas leiteiras. Quando passou para as mãos da marca de leites veganos, em 2021, essa área começou a ser recuperada. Em um ano de atividade, o sistema agroflorestal implantado no local já consegue produzir cerca de 80 toneladas de alimentos por hectare.
Para deixar o solo menos exposto, a companhia criou um viveiro que já produziu cerca de 30 mil mudas. E os trechos que estavam mais degradados já dispõem de alguma cobertura verde. Mais de 60 espécies vegetais estão sendo produzidas na propriedade. Abóbora, feijão, batata, couve, beterraba, tomate e banana são algumas das variedades colhidas na agrofloresta. A maioria delas não combina com leite, mas harmoniza perfeitamente com os propósitos dos fundadores da Naveia.