Agência de notícias
Publicado em 14 de dezembro de 2024 às 16h32.
Última atualização em 14 de dezembro de 2024 às 16h44.
O empresário Isak Andic, fundador e proprietário da rede de moda Mango, morreu neste sábado aos 71 anos em um trágico acidente. O empresário sofreu uma queda de aproximadamente 150 metros de altura enquanto fazia uma excursão com vários membros da família nas cavernas de salitre de Collbató, em Barcelona.
Andic estava acompanhado de Jonathan, um de seus três filhos, quando escorregou em um dos caminhos e caiu. Foi Jonathan quem chamou por socorro, de acordo com o jornal espanhol La Vanguardia. Quando a equipe de emergência chegou ao local, ele relatou que passeava com seu pai quando ouviu o som de pedras e areia se desprendendo e, em seguida, viu a queda de seu pai.
O corpo sem vida de Andic foi levado ao Instituto de Medicina Legal e Forense da Catalunha, onde será realizada a autópsia necessária.
O CEO da empresa, Toni Ruiz, declarou à agência EFE, por meio de um comunicado: “Com profundo pesar, lamentamos informar o falecimento inesperado de Isak Andic, nosso presidente não executivo e fundador da Mango, em um acidente ocorrido neste sábado.”
“Isak foi um exemplo para todos nós. Dedicou sua vida ao projeto Mango, deixando uma marca indelével graças à sua visão estratégica, liderança inspiradora e compromisso inabalável com valores que ele mesmo impregnava em nossa empresa”, prosseguiu o CEO. “Seu legado reflete as conquistas de um projeto empresarial marcado pelo sucesso, além de sua qualidade humana, proximidade, cuidado e carinho que sempre transmitiu a toda a organização.”
Ruiz concluiu afirmando que a partida de Andic “deixa um enorme vazio, mas todos nós somos, de certa forma, parte de seu legado e testemunhas de suas realizações. Cabe a nós, e este é o melhor tributo que podemos prestar a Isak, garantir que a Mango continue sendo o projeto que ele ambicionava e do qual ele se orgulharia.”
Após a notícia, figuras do setor e colaboradores da Mango expressaram sua dor e destacaram o legado do empresário.
Salvador Illa, presidente da Generalitat (o governo local da Catalunha), lamentou em sua conta no X o falecimento e afirmou que Andic foi “um empresário comprometido que, com sua liderança, contribuiu para engrandecer a Catalunha e projetá-la no mundo”.
Andic, considerado o homem mais rico da Catalunha, com uma fortuna estimada em 4,5 bilhões de euros, segundo a lista da Forbes, deixou uma marca indelével na indústria da moda. Há poucos dias, a revista o havia classificado como a quinta pessoa mais rica da Espanha em 2024.
“Este destacado empresário do mundo da moda, proprietário da Mango, a segunda maior companhia têxtil do país depois da Inditex, subiu nada menos que cinco posições, passando de décima fortuna da Espanha em 2023 para a quinta em 2024, com um aumento patrimonial de 1,8 bilhão de euros”, detalhou a publicação.
A Mango foi fundada em 1984, quando Andic, de origem turca, abriu sua primeira loja no Paseo de Gracia, famosa rua comercial de Barcelona, com a ajuda do irmão mais velho, Nahman.
A rede consolidou-se como um dos principais grupos multinacionais de moda, com presença em mais de 120 mercados, cerca de 2.800 lojas e 15.500 colaboradores em todo o mundo, segundo seu site. A Mango chegou a ter lojas no Brasil, mas acabou decidindo sair do país.
Andic nasceu em Istambul em 1953. Sua família se mudou para Barcelona quando ele tinha 14 anos.
Quando a Mango surgiu, a Espanha havia saído poucos anos antes da ditadura do general Francisco Franco, morto em 1975, e os consumidores estavam ávidos por roupas modernas.
“Ele viu que precisávamos de cor, estilo”, afirmou o diretor de vendas mundiais do grupo, César de Vicente, em entrevista à AFP em março deste ano.
Com o sucesso de sua primeira loja, no Paseo de Gracia, o grupo passou por uma expansão, abrindo centenas de pontos de venda na Espanha e depois em Portugal e França.
A Mango também apostou em estrelas em suas campanhas, protagonizadas pela atriz espanhola Penélope Cruz, a modelo Kate Moss e o jogador de futebol Antoine Griezmann. Mas seu sucesso também se deveu aos preços competitivos e a uma rápida resposta às tendências da moda.
A rede não tem fábricas e terceiriza toda sua produção, especialmente na Turquia e na Ásia, segundo Marcel Planellas, professor de estratégia na escola de negócios Esade.