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Indústria 4.0 e comida para pet: A aposta bilionária da Nestlé no Brasil

Gigante anunciou aporte de R$ 1,8 bilhão no Brasil; 730 milhões de reais vão para a construção de uma nova fábrica da Purina

Fábrica da Nestlé em Caçapava, São Paulo: produção com robôs inteligentes (Germano Lüders/Exame)

Fábrica da Nestlé em Caçapava, São Paulo: produção com robôs inteligentes (Germano Lüders/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 23 de fevereiro de 2022 às 10h42.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2022 às 11h18.

Com mais de 150 anos de história – 101 deles no Brasil -- a gigante de alimentos Nestlé se esforça para se manter moderna e presente no cotidiano dos brasileiros. A companhia anunciou ontem o investimento recorde em sua operação no Brasil de 1,8 bilhão de reais para 2022, o dobro do investido em 2021 e o maior dos últimos cinco anos. O aporte de peso evidencia o valor estratégico do Brasil, o quarto maior mercado da Nestlé. Mostra também como a companhia quer manter sua presença nas próximas décadas por aqui: aliando tradição com dinamismo.

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Presente em 99% dos lares brasileiros, a Nestlé encara um mercado em transformação, ditado pela busca por alimentos mais saudáveis, mais frescos e que deem conta de alimentar 7 bilhões de pessoas com menos impacto ambiental. Para fazer frente aos desafios, a gigante está em meio à maior transformação de sua história.

Parte dessa transformação exige se manter atenta às tendências do mercado. Do 1,8 bilhão de reais investidos aqui, 730 milhões de reais vão para a construção de uma nova fábrica da marca de alimentos para pets Purina, a ser instalada em Vargeão (SC).

A divisão de alimentos para pets é uma das grandes apostas da empresa já há alguns anos. Em 2021, foi uma das áreas de maior crescimento na Nestlé global, com alta de dois dígitos. Por aqui, esse é um mercado que cresceu 87% nos últimos cinco anos, segundo a Euromonitor.

Na produção, a meta é acelerar a inserção das fábricas na indústria 4.0. Do 1,8 bilhão de reais anunciado, 1,1 bilhão de reais irá para modernização da indústria e da cadeia logística, com novas tecnologias, transformação digital e adoção de processos sustentáveis.

A modernização do parque fabril da Nestlé no Brasil já está em curso. EXAME visitou no ano passado a fábrica de chocolates em Caçapava, interior de São Paulo. Lá praticamente tudo é feito por robôs, da disposição do chocolate em cada barra à checagem do recheio de biscoitos waffle. Caixas e pacotes também são fechados de forma automática, por um maquinário inteligente que trabalha em cooperação com os operadores. Em vez de passar 8 horas por dia montando caixas de chocolates, os funcionários agora controlam o trabalho das máquinas por meio de tablets.

Agora, essa modernização chegará a outras plantas. Uma das prioridades do investimento é colocar as fábricas de Araras (SP), Caçapava (SP), Ituiutaba (MG) e Montes Claros (MG) na indústria 4.0, com robôs e tecnologias que trazem maior eficiência e produtividade. A Nestlé tem 20 unidades industriais no Brasil.

A empresa também vai colocar 239 milhões de reais em modernização de produtos e embalagens. A Nestlé é signatária do compromisso global da Fundação Ellen MacArthur, que prevê metas para a redução do uso de plásticos até 2025. Entre elas estão a eliminação de embalagens desnecessárias e a utilização de 100% de embalagens reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis.

Entre as mudanças já visíveis para o consumidor brasileiro estão a substituição dos canudos de plástico pelos de papel e a retirada do plástico que envolvia a caixa de bombons Especialidades, o que permitirá reduzir 450 toneladas de plástico por ano. A meta da empresa para o Brasil é reduzir o uso de mais de 6.100 toneladas de materiais em embalagens até 2024.

O olhar para a sustentabilidade é cada vez mais importante na conexão das marcas com o consumidor. Essa é uma condição fundamental para gigantes como a Nestlé se manterem relevantes em um mercado em transformação. A visão na companhia é de que não basta ser centenária, é preciso se manter atual e vinculada às necessidades do consumidor. E ela está disposta a colocar 1,8 bilhão de reais para estreitar esse contato com seus clientes no Brasil.

Veja também: Depois de 100 anos no Brasil, o que quer a Nestlé?

 

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