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Importação de calçados aumenta no Brasil

O impacto do crescimento das importações de calçados no mercado interno já assusta os fabricantes

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

As expectativas dos calçadistas brasileiros para 2008 não são as melhores. O impacto do crescimento das importações de calçados no mercado interno já assusta os fabricantes. A novidade é que não são produtos baratos que estão entrando no Brasil. São sapatos de couro e tênis esportivos de alto valor agregado. "A entrada desse tipo de produto prejudica quem mais emprega no setor, os que fabricam os sapatos mais elaborados, manufaturados", diz Milton Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Calçado.

As importações devem crescer sete vezes entre 2003 e 2008. Em 2003, o Brasil importou 48 milhões de dólares. Este ano foram 223 milhões de dólares. E a estimativa é que sejam importados 335 milhões de dólares no próximo ano. China e Vietnã são os maiores exportadores, com 90% do volume total. A perda estimada de empregos entre 2006 e 2008 é de 34.000 postos de trabalho. O crescimento das importações e as dificuldades nas exportações devido às questões cambiais inibiram os investimentos em produção no Brasil. Em 2005 foram investidos 233,7 milhões de dólares em equipamentos. No ano passado, os calçadistas investiram 217,6 milhões de dólares. Este ano, embora a Abicalçados não tenha o número final, estima-se que os investimentos tenham sido ainda menores.

O setor está encerrando 2007 com redução na produção -- de 796 milhões de pares em 2006 para 764 milhões de pares este ano -- e nas vendas - de 17,2 bilhões de reais para 17 bilhões de reais. As exportações, embora tenham crescido cerca de 11% -- de 1,85 bilhão de reais para 2 bilhões de reais --, devem voltar a cair em 2008. A estimativa é que voltem ao patamar de 1,9 bilhão de dólares. A Abicalçados projeta a cotação média do dólar no próximo ano em 1,8 real, inferior ao 1,9 deste ano e aos 2,1 reais registrados em 2006. "Os indicadores mostram que não será possível recuperar a queda mesmo com a abertura de novos mercados", diz Milton Cardoso, presidente da entidade.

Ainda assim, os esforços da entidade são no sentido de continuar a buscar novos consumidores para o sapato nacional. As exportações brasileiras de sapatos para os Estados Unidos já representaram 80% das vendas externas. Hoje, apenas 36% do produto exportado tem como destino aquele país. O Brasil já exporta para mais de 100 países. Os fabricantes de calçados do Brasil querem exportar para os países asiáticos a partir de 2008, inclusive para a China. Há cinco anos, a China se tornou o maior consumidor de calçados do planeta, com quatro bilhões de pares por ano, o dobro do mercado americano. Agora, os chineses já começam a importar sapatos mais sofisticados da Itália, França e Espanha. É neste nicho que os exportadores brasileiros pretendem entrar. Entre março e abril do próximo ano, pelo menos 15 produtores brasileiros estarão numa feira em Hong Kong. "O desafio dos fabricantes brasileiros hoje é tornar-se fabricantes de marcas fortes", diz Cardoso.

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