Petrobras: segundo a estatal, todas as plataformas da empresa estão com licença ambiental (Rich Press/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 14h23.
Rio de Janeiro - Relatórios do Ibama e da Polícia Federal mostram que a Petrobras apresentou dados "falsos ou enganosos" para análise de contaminação das águas em decorrência de óleo e graxa jogados no oceano por plataformas marítimas de exploração de petróleo.
As informações foram obtidas pelo jornal O Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Procurada, a estatal informou nesta segunda-feira, 5, que está negociando com o Ibama o uso de outro método para fazer essa contabilidade.
Segundo a reportagem, em relatório de junho de 2017 o Ibama apontava que "a totalidade dos resultados reais apresentou valores bem acima do limite máximo diário permitido, chegando o resultado real a ser 1.925% maior do que o resultado falso informado".
A Petrobras informou ao jornal O Estado de S. Paulo que negocia com o Ibama um termo de compromisso para migrar do método utilizado desde 1986 para medir o teor de óleo e graxa lançado ao mar nas plataformas marítimas para o implantado em 2015 pelo órgão.
Segundo a estatal, todas as plataformas da empresa estão com licença ambiental e isso só seria possível com a concordância do Ibama.
"A visão do Ibama sobre o processo mudou mais recentemente e, com isso, estabeleceu-se um diálogo para a transição, com a companhia já tendo chegado a um entendimento com o órgão regulador ambiental", disse a Petrobras, em nota.
"A Petrobras esclarece que envia dados fidedignos e verdadeiros regularmente ao Ibama, atende à legislação aplicável e que todas as plataformas de produção da empresa estão devidamente licenciadas pelo órgão ambiental", declarou, afirmando que discorda do relatório mencionado pela reportagem.
A empresa informa que o método a ser substituído é usado pela companhia há mais de 30 anos e parte integrante do processo de licenciamento de suas plataformas ao longo das últimas décadas.
Para a diretora executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, a mudança do método representa uma evolução. "Vamos evoluir, reforçando o nosso compromisso e respeito ao meio ambiente."
Procurado pela reportagem, o Ibama informou que soltará uma nota oficial sobre o assunto apenas no fim da tarde desta segunda-feira.
De acordo com um funcionário do órgão que pediu para não ser identificado, o texto deverá informar que não houve mudança de método em 2015, e o que está sendo discutido com a Petrobras no momento é a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para que a infração não se repita nas demais plataformas da companhia.
As punições do Ibama atingiram cinco plataformas, mas outras 30 poderão entrar na lista se não o método não for revisto, informou a fonte.
A multa aplicada na plataforma P-51 foi a única que não teve recurso da Petrobras e pode custar à companhia R$ 14,287 milhões.
As outras quatro plataformas multadas somam cerca de R$ 60 mil e tiveram recurso da estatal. As multas foram aplicadas no âmbito da operação Ouro Negro, uma força-tarefa que envolve Ministério Público, Ministério do Trabalho, Polícia Federal e órgãos ambientais.