Google tem nova política de licença maternidade e paternidade
A política está em vigor desde o começo de abril e é retroativa para Googlers que se tornaram pai ou mãe desde primeiro de janeiro de 2017
Karin Salomão
Publicado em 29 de julho de 2017 às 08h00.
Última atualização em 29 de julho de 2017 às 08h00.
São Paulo – O Google aumentou o tempo da licença para pais e mães não-biológicos. Em todo o mundo, os funcionários terão pelo menos 12 semanas de licença com remuneração integral para passar com sua criança recém-chegada.
Até então, o tempo oferecido era de até quatro semanas para pais-biológicos. O benefício vale igualmente para pais e mães biológicos, que adotaram uma criança ou que se tornaram pais por outro meio.
A política está em vigor desde o começo de abril e é retroativa para colaboradores que se tornaram pai ou mãe desde primeiro de janeiro de 2017.
Globalmente, as mães biológicas continuarão a receber um mínimo de 18 semanas de licença de maternidade, com isto inclui 6 semanas de tempo de recuperação do parto e 12 semanas de licença de amamentação. Já no Brasil, como Empresa Cidadã, a empresa de tecnologia oferece até 6 meses de licença maternidade.
Outra novidade é a Ramp-back policy, voltada para facilitar o retorno da licença. Qualquer pai ou mãe do Google que tenha mais de 10 semanas de licença consecutiva pode voltar a trabalhar em 50% do seu horário semanal normal por até duas semanas com pagamento integral. Também vale para licenças por motivo de saúde.
Quando se fala em aumentar esses benefícios, há preocupações como o custo para as empresas, o aumento de pressão para os colegas que ficam e o receio de que as vantagens poderiam desincentivar a contratação e promoção de mulheres. No entanto, o Google vê a expansão das licenças como um diferencial para atrair e manter os melhores funcionários.
O gerente de benefícios do Google para a América Latina, Paulo Bento, explica a nova política em entrevista a EXAME.com. Confira abaixo.
EXAME.com - Por que o Google decidiu aumentar a licença paternidade globalmente de 4 para 12 semanas?
Paulo Bento - Quando se discute o papel de cada um no contexto familiar, entendemos que a responsabilidade da criação e do cuidado dos filhos não é apenas da mulher. O papel do pai vai além de ajudar, é uma questão de divisão de responsabilidades. Entendemos que precisamos permitir que os pais tenham essa participação mais ativa.
EXAME.com - Por que incluir também pais e mães adotivos, não biológicos?
Paulo Bento - O Google já oferecia licença para pais e mães não-biológicos. A novidade foi unir os benefícios debaixo de uma só política e estender para 12 semanas. Isso vêm do nosso respeito e apoio à diversidade e cuidado que temos com Googlers. Não importa se ele é pai biológico, um funcionário que adotou uma criança ou que se tornou pai ou mãe por outro meio, todos têm a direito à mesma quantidade de tempo para criar laços com o novo membro da família.
EXAME.com - A licença é opcional ou um requerimento? Como garantir que pais e mães de fato tirem esse tempo de licença, ao invés de voltar mais cedo ao trabalho?
Paulo Bento - Este é um direito de todos os Googlers, mas não é uma obrigação. Em geral os funcionários utilizam os benefícios de forma natural, e possuem canal aberto com gestores e RH para discutirem o tema.
Através de conversas, nós mostramos que dá para fazer funcionar. Os pais e as mães precisam se afastar com tranquilidade para aproveitar o momento em família, seguros de que a ausência neste período não vai impactar negativamente o desenvolvimento da carreira.
Além disso, o período não precisa ser usufruído de forma contínua e nem imediata após a chegada da criança e pode ser tirada em até um ano.
EXAME.com - Como o aumento do tempo e do alcance das licenças pode afetar o Google?
Paulo Bento - É claro que existem custos ao estender a licença, mas isso se paga ao longo prazo. É um diferencial para atrair os melhores talentos ou Googlers mais comprometidos e realizados.
EXAME.com - Tanto o aumento do tempo de licença quanto a Ramp-back policy podem impactar na eficiência da companhia, como um todo? Como?
Paulo Bento - Nós entendemos que só temos a ganhar com essas novas políticas. Uma pessoa não consegue dar o seu melhor no trabalho se tem preocupações em outros aspectos da sua vida. Ao dar esse tempo, ganhamos ao longo prazo, com um trabalho ainda melhor e profissionais ainda mais comprometidos.
EXAME.com - O aumento da licença maternidade ou paternidade pode dificultar a contratação de pessoas de certa idade, por medo que elas passem mais tempo fora do trabalho? Ou ainda poderia aumentar a desigualdade de gênero dentro da companhia, com taxas menores de contratação e promoção para mulheres?
Paulo Bento - No Google, temos um trabalho intenso para tirar o viés inconsciente da contratação. Todos os colaboradores passam por um treinamento com o objetivo de detectar e extinguir os preconceitos inconscientes que temos, aumentando em nosso quadro a presença de grupos minoritários. Acreditamos que não existe inovação sem diversidade.