GM quer cortar 8 mil funcionários na América do Norte e Trump critica
A empresa revelou um plano de reestruturação que também inclui o fechamento de sete fábricas, com o que espera economizar US$ 6 bilhões até o final de 2020
AFP
Publicado em 26 de novembro de 2018 às 20h58.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , que se orgulha dos seus esforços para impulsionar o setor industrial, declarou estar "decepcionado" com o corte de milhares de postos de trabalho na General Motors , anunciado pela gigante automotiva nesta segunda-feira (26).
Trump disse que falou com Mary Barra, diretora executiva da primeira montadora de automóveis dos Estados Unidos. "Disse a ela que estava decepcionado", contou. E assegurou: "Estamos fazendo muita pressão sobre eles".
A empresa revelou um plano de reestruturação que inclui a eliminação de 15% de sua força de trabalho e o fechamento de sete fábricas, com o que espera economizar seis bilhões de dólares até o final de 2020.
O anúncio cai como um balde de água fria na administração Trump, que se gaba de fortalecer a base industrial do país e de proteger os empregos nos EUA.
Neste sentido, Trump renegociou o acordo de livre comércio com Canadá e México (Nafta) especificamente para favorecer o setor automobilístico americano e defender a indústria local diante da guerra comercial com a China.
Trump considera que a General Motors está em dívida com o país após ter sido socorrida com dinheiropúblico durante a crise financeira de 2008.
"Vocês sabem, os Estados Unidos salvaram a General Motors e não é bom que (a diretora executiva Mary Barra) ela tire esta companhia de Ohio", disse Trump sobre uma das unidades que serão fechadas.
Fechando fábricas
A General Motors anunciou que cortará 15% de sua força de trabalho - cerca de 180 mil funcionários - como parte de uma grande reestruturação para economizar US$ 6 bilhões, e a fim de se adaptar às "mudanças nas condições de mercado".
O plano inclui o fechamento de três fábricas de montagem na América do Norte em 2019, além da interrupção de atividades em outras plantas de produção, com o objetivo de "priorizar investimentos futuros" para sua próxima geração de veículos elétricos.
"As ações que estamos adotando hoje prosseguem com nossa transformação para uma empresa mais ágil,resilente e rentável, ao tempo que nos dá mais flexibilidade para futuros investimentos", declarou Mary Barra.
"Reconhecemos a necessidade de nos antecipar às condições instáveis do mercado e às preferências dos clientes para posicionar a nossa empresa para o sucesso a longo prazo".
A GM destacou que à medida que otimiza a atual oferta de veículos "espera que mais de 75% de seu volume de vendas globais venha de cinco plataformas de veículos do princípio da próxima década".
Assim, a GM busca concentrar sua produção nos veículos mais rentáveis, como caminhonetes e SUVs.
Em uma teleconferência com investidores, Barra disse que alguns modelos, como o Chevrolet Cruze, deixarão de ser comercializados na América do Norte.
O plano terá um impacto negativo sobre o desempenho financeiro do grupo no último trimestre de 2018 e no primeiro trimestre de 2019 de entre 3 e 3,8 bilhões de dólares.
As demissões atingirão 25% dos funcionários em cargos executivos, para "agilizar a tomada de decisões" no grupo.
A unidade canadense que será fechada se encontra em Oshawa, e emprega atualmente cerca de 3 mil trabalhadores.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, se mostrou "profundamente decepcionado" com a decisão do grupo. "Os trabalhadores da GM têm sido parte do coração e da alma de Oshawa por gerações e faremos o que for possível para ajudar as famílias afetadas por esta notícia para que voltem a se erguer".
As ações da GM subiram mais de 6% em Wall Street após o anúncio e fecharam em alta de 4,8%.
As reestruturação segue um movimento similar ao adotado pela Ford para reduzir o número de modelos que fabrica.