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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.
O grupo gaúcho Gerdau, um dos 20 maiores do mundo no ramo de siderurgia, anunciou uma nova estrutura de gestão com duas novidades: membros externos passam a fazer parte do conselho de administração, ampliando a transparência com o mercado de capitais, e dois representantes da quinta geração da família que controla a empresa passam a integrar o comitê executivo, dando início ao processo de sucessão.
Em 101 anos de existência, a transição das 5 gerações da família no negócio tem se dado a partir de critérios profissionais, em parceria com as melhores consultorias internacionais , diz Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo.
Com base nessas avaliações, assumem o cargo de vice-presidentes executivos, André Gerdau Johannpeter, o filho caçula do presidente, responsável pela operação nos Estados Unidos e pela área de informática, e Claudio Gerdau Johannpeter, filho de Klaus Johannpeter (irmão de Jorge), responsável pelas operações das usinas no Brasil e pelos processos industriais de todas as unidades do grupo. Ambos têm 39 anos e estão na empresa desde os 16.
Ao mesmo tempo em que dois membros da quinta geração assumem vice-presidências executivas, dois representantes da quarta geração deixam as funções executivas e retiram-se para o conselho de administração: Germano e Klaus Johannpeter. O conselho também ganha reforços externos, com a indicação de Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, e Oscar Bernardes, presidente do conselho de administração da Santista Alimentos e da Seara Alimentos. Jorge Gerdau acumula os cargos de presidente do comitê executivo e do conselho de administração.
A nova estrutura de governança corporativa foi anunciada nesta segunda-feira, 08 de julho, em Porto Alegre. Com a expansão do grupo nos últimos anos, precisamos aumentar nossa competitividade no cenário internacional, conduzir o processo de sucessão sem perder as experiências acumuladas e ampliar a transparência com o mercado de capitais , diz Gerdau. Com 19 usinas distribuídas no Brasil (10), Estados Unidos (5), Canadá (2), Chile(1), Uruguai(1), além de uma participação na laminadora argentina Sipar, 16 000 funcionários e mais de 90 000 acionistas, o grupo gaúcho faturou 7,1 bilhões de reais em 2001.
Segundo o presidente da Gerdau, a opção por uma transição parcelada, com os membros da quarta geração se retirando gradativamente para o conselho para dar lugar aos novos executivos, ajuda a consolidar a cultura do grupo e reduz os riscos, comuns em processos sucessórios. É como a seleção brasileira: tem de botar o Ronaldinho Gaúcho, mas também precisa do Cafu , diz Gerdau.
Jorge e o irmão caçula, Frederico, mantêm suas funções executivas, mas devem dedicar-se mais às questões estratégicas. Ainda fazem parte do comitê executivo Carlos Petry, responsável pelos recursos humanos, suprimentos, logística e transporte; Osvaldo Schirmer, que comanda as áreas de finanças e relações com investidores e Paulo Vasconcellos, que comanda a Açominas e os processos globais de marketing e vendas.
Terminado o processo de reestruturação, que consumiu um ano e meio de trabalho, o presidente da Gerdau passa a se ocupar da expansão do grupo. O setor siderúrgico passa por um processo de consolidação muito forte e a empresa quer aproveitar esse momento para crescer. Temos oportunidades fantásticas, mas não queremos nos endividar , diz Gerdau.
A idéia é buscar associações e dar preferência para os negócios que surgirem nas Américas. Na Europa, a demanda está estabilizada, mas nas Américas o crescimento demográfico continua. E a Ásia é muito longe e tem uma cultura muito diferente da nossa.
O mais provável é que o grupo faça novas aquisições nos Estados Unidos. Jorge Gerdau admitiu que esse é o mercado de maior potencial de crescimento no momento.