Gautam Adani perde 36,1 bilhões de dólares em um mês e cai para a 11ª posição entre os mais ricos
Desde o dia 25, as empresas do Grupo Adani perderam mais de 60 bilhões de dólares
Marcos Bonfim
Publicado em 31 de janeiro de 2023 às 12h20.
Última atualização em 31 de janeiro de 2023 às 14h34.
O bilionário indiano Gautam Adani levou todo o ano de 2022 para ganhar 33,8 bilhões de dólares, entrar para a lista das 10 pessoas mais ricas do mundo e alcançar a terceira posição.
Em apenas um mês de 2023, o cenário é o aposto. Ele perdeu uma quantia ainda maior, US$ 36,1 bilhões nos 31 dias de janeiro e caiu para a 11ª posição no ranking da Bloomberg.
O janeiro infinitivo, como o mês tem sido chamado nas redes sociais, tem sido duro com o executivo, fundador do conglomerado Adani. As empresas do grupo listadas da bolsa já vinham perdendo dinheiro, acompanhando quedas do mercado indiano.
Nada comparado, no entanto, com o movimento ladeira abaixo após a acusação de fraude contábil feita pela Hindenburg , empresa americana especializada em pesquisa financeira, publicado em relatório no da 24 de janeiro.
Desde o dia 25, as empresas do Grupo Adani perderam mais de 60 bilhões de dólares.
Quais são as acusações contra o Grupo Adani
O relatório Hindenburg retrata uma rede de entidades offshore controladas pela família Adani em paraísos fiscais, no Caribe, Ilhas Maurício e Emirados Árabes Unidos.
Segundo a empresa, os destinos teriam sido usados para facilitar corrupção, lavagem de dinheiro e roubo dos contribuintes, enquanto desviavam dinheiro das empresas listadas em bolsa do grupo.
O relatório foi divulgado na terça-feira, 24, apenas alguns dias após a abertura da oferta subsequente das ações da Adani Enterprises, a principal empresa do grupo Adani.
Desde que o material foi publicado, o grupo tenta uma resposta à altura dos impactos que a denúncia tem gerado.
Primeiro, com Jugeshinder Singh, CFO do Grupo Adani, dizendo que “o relatório é uma combinação maliciosa de desinformação seletiva e alegações obsoletas, infundadas e desacreditadas que foram testadas e rejeitadas pelos mais altos tribunais da Índia”.
E acrescentou que o material “revela claramente uma intenção descarada e de má-fé de minar a reputação” da companhia, no momento do maior follow on da história do grupo.
Como a Hindenburg opera vendida e detém títulos e derivativos das empresas de Adani, o Grupo tem acusado a empresa de tentar de beneficiar com as acusações.
Na quinta, 26, a holding subiu o tom e declarou em comunicado assinado pelo chefe jurídico, Jatin Jalundhwala, que avalia ações jurídicas na Índia e nos Estados Unidos para tomar contra a empresa americana.
O último movimento da companhia foi a divulgação no domingo, 29, de um documento de 413 páginas em que responde às acusações e volta a alegar interesses escusos da empresa americana.
“Este não é apenas um ataque injustificado a qualquer empresa específica, mas um ataque calculado a Índia, a independência, integridade e qualidade das instituições indianas e a história de crescimento e ambição da Índia”, declarou.
O material não foi suficiente para mudar a trajetória das ações do grupo, que continuam a cair.
Quem é Gautam Adani
Hoje com 60 anos, Adani começou a sua trajetória como negociador de diamantes em Mumbai, após abandonar a faculdade. De volta ao estado natal de Gujarat, ele entrou para o setor de comércio exterior trabalhando com importação de PVC para o negócio de plástico do seu irmão.
Em 1988, ele criou a sua primeira empresa, a Adani Enterprises, a mais importante até hoje em termos financeiros e responsável pelo avanço do grupo como um conglomerado. O negócio foi fundado para atuar com importação e exportação de commodities.
No começo de 2022, Gautam Adani se tornou o primeiro homem asiático a alcançar o pódio no índice da Bloomberg
Como Gautam Adani construiu a sua fortuna
O Grupo Adani tem atuação diversificada em transporte, logística e desenvolvimento de infraestrutura.
Os investimentos do magnata vão desde minas de carvão a portos, aeroportos e usinas de energia — essas últimas numa tentativa mais recente de se tornar um produtor massivo de energias renováveis.
Todas as companhias fundadas por Adani são listadas em Bolsa e o bilionário detém boa parte das ações de cada uma delas. Nas empresas Adani Enterprises, Adani Power e Adani Transmission, por exemplo, concentra 75% de participação. Também possui mais da metade das ações da Adani Ports & Special Economic Zone e da Adani Green Energy e 37% das ações da Adani Total Gas.
Além disso, ele é o dono do maior porto comercial da Índia e de uma das maiores minas de carvão do país. Outro ativo importante é o aeroporto de Mumbai, o principal da nação asiática. Ele detém 75% de participação.
O empresário entrou para a lista de bilionários em 2008, 20 anos após a criação da empresa que se transformaria em um conglomerado.