Garrafa retornável é a arma da Ambev para driblar a crise
As embalagens retornáveis são vendidas por um preço 20% a 30% menor e tem ganhado espaço no mercado, segundo a empresa
Luísa Melo
Publicado em 19 de maio de 2016 às 18h41.
São Paulo - Aumentar a oferta de bebidas em garrafas de vidro retornáveis é uma das apostas da Ambev para tentar vender mais e contornar a crise neste ano.
"É uma opção bem mais sustentável e barata. Ajuda o consumidor que está apertado a continuar comprando nossas marcas", disse Ricardo Rittes, vice-presidente financeiro e de RI da empresa em teleconferência com jornalistas nesta quarta-feira (4).
As cervejas em embalagens retornáveis são vendidas por um preço 20% a 30% menor e têm ganhado espaço no mercado, segundo a fabricante.
Em 2014, 4% do volume total de cervejas Ambev vendido em supermercados era em garrafas retornáveis. No ano passado, essa fatia mais que triplicou, para 14,4%, de acordo com a companhia.
"Há uma tendência de aceleração. A logística (de retornáveis) é mais difícil de operar, mas sabemos fazer muito bem", afirmou o executivo.
Além dessa estratégia, a empresa seguirá reduzindo despesas e reajustando preços de acordo com a inflação e aumento de impostos.
O investimento nas cervejas premium, nas bebidas "near beer" (produzidas a base de malte, como a família Skol Beats) e em energéticos, categorias que têm crescido, também continua nos planos.
Mercado retraído
O volume de cerveja vendido pela Ambev caiu 10% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2015 e chegou a 19,86 milhões de hectolitros.
Em consequência disso, a receita líquida da fabricante de bebidas recuou 4% na mesma comparação e somou 6,25 bilhões de reais.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, tributos, depreciação e amortização) também encolheu e ficou em 3,2 bilhões de reais, queda de 5,5% ante o primeiro trimestre de 2015.
A empresa justificou que, conforme ela mesma previu, os fracos resultados refletem a desaceleração econômica do país.
Ela também argumentou que o aumento da carga tributária no trimestre e o carnaval antecipado em 2016 distorcem a base de comparação.
"O auge do verão é um momento ruim para fazer ajustes de preço. Mas tivemos que repassar os custos e o consumidor sentiu", comentou Rittes.
Ajudinha externa
O mau desempenho local, entretanto, foi parcialmente compensado por números positivos das operações internacionais do Caribe e da América Central e também do Canadá, onde a brasileira comprou cervejarias artesanais recentemente.
No consolidado dos 19 países em que a Ambev opera, o Ebitda ajustado ficou em 5,26 bilhões de reais de janeiro a março, um crescimento orgânico de 1,1% frente ao primeiro trimestre de 2015.
A receita líquida também avançou 2,6%, para 11,565 bilhões de reais.
Em volume vendido, porém, foi registrada uma queda de 7,7% na mesma comparação, para 39,95 milhões de hectolitros.
O lucro líquido ajustado também caiu 2,4%, ficando em 2,90 bilhões de reais.
Tradicional de Riberão Preto, no interior de São Paulo, a empresa fabrica cervejas que misturam malte e lúpulo com ingredientes como café, rapadura, mandioca, mel e castanha do Pará.