Finep decide virar sócia de empresas de tecnologia
A Financiadora de Estudos e Projetos pretende ir além das linhas de crédito
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2015 às 08h39.
São Paulo - Criada para estimular a inovação no Brasil no fim dos anos 60, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) pretende ir além das linhas de crédito e virar sócia de empresas de tecnologia .
A Finep já levantou R$ 500 milhões em um fundo para comprar participações em empresas e fechou o primeiro negócio em março. Com a nova atuação, a Finep retoma uma política abandonada nos anos 80 e assume junto com as empresas o risco do negócio.
Hoje, o principal instrumento utilizado pela Finep para apoiar as empresas nos seus projetos de inovação são os empréstimos.
O volume de recursos liberados atingiu R$ 4,5 bilhões em 2014, alta de 77% em relação ao desembolso de 2013.
Mas a visão da Finep é a de que só o crédito não basta. "Muitas empresas de tecnologia não têm garantias para oferecer e não se enquadram nas linhas de crédito", explica o gerente do Departamento de Investimento em Participações da Finep, Augusto da Costa Neto.
Para atender essas empresas, a financiadora se tornou cotista de fundos de capital semente, venture capital e private equity, que fazem aportes em empresas com potencial de crescimento em troca de uma participação acionária.
Desde 2000, a Finep comprou cotas de 34 fundos, que investiram em cerca de 100 empresas. Mas a financiadora não pode selecionar as empresas beneficiadas.
"Observamos que muitas empresas não eram atendidas pelos fundos e decidimos formatar um fundo próprio", explica Costa.
Segundo ele, os fundos privados, especialmente os de private equity, que investem em empresas maiores, ainda são arredios a negócios com risco tecnológico.
Em geral, esses fundos compram empresas visando a uma rápida expansão e ganho de eficiência com melhorias na gestão, mas dificilmente entram em negócios que dependem de saltos tecnológicos para prosperar.
De olho justamente nesses negócios, a Finep lançou o FIP Inova Empresa para comprar participações de empresas médias e grandes de setores considerados prioritários pelo governo, como aeroespacial, tecnologia da informação e agronegócios.
A primeira aquisição foi uma fatia de 20% na holding gaúcha Parit, por R$ 50 milhões. A intenção da Finep é fomentar o negócio e depois revender sua participação, possivelmente, por meio de uma abertura de capital (IPO, na sigla em inglês).
A Parit é dona da empresa de automação industrial Altus e da fabricante de cápsulas para semicondutores HT Mitron. "Chegamos a negociar com fundos privados, mas é difícil para eles entender o nosso mercado. Com a Finep foi mais fácil, já tínhamos uma relação de 30 anos negociando linhas de crédito", explicou um dos fundadores do grupo, Luiz Gerbase.
Após fechar o primeiro negócio, a Finep tem sido procurada por cerca de cinco empresas por semana para apresentar seus plano de negócios.
Já há uma aquisição na fase de due diligence (checagem financeira) e outras duas em análises avançadas. Questionado se a Finep pode ter seu orçamento cortado em meio ao ajuste fiscal, Costa diz que os recursos para esse fundo já estão captados.
Risco
O apoio a inovação por meio de compra de participações envolve um risco maior. Se a empresa for mal, a Finep pode perder todo ou parte do capital investido.
O BNDES, por exemplo, que tem política semelhante, registrou perda contábil de R$ 2,6 bilhões só com ações da Petrobrás em 2014.
Costa diz que a Finep faz a gestão do risco do negócio e que os investimentos visam o lucro. "Mas, mais do que isso, queremos possibilitar o nascimento de empresas com tecnologia nacional." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Criada para estimular a inovação no Brasil no fim dos anos 60, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) pretende ir além das linhas de crédito e virar sócia de empresas de tecnologia .
A Finep já levantou R$ 500 milhões em um fundo para comprar participações em empresas e fechou o primeiro negócio em março. Com a nova atuação, a Finep retoma uma política abandonada nos anos 80 e assume junto com as empresas o risco do negócio.
Hoje, o principal instrumento utilizado pela Finep para apoiar as empresas nos seus projetos de inovação são os empréstimos.
O volume de recursos liberados atingiu R$ 4,5 bilhões em 2014, alta de 77% em relação ao desembolso de 2013.
Mas a visão da Finep é a de que só o crédito não basta. "Muitas empresas de tecnologia não têm garantias para oferecer e não se enquadram nas linhas de crédito", explica o gerente do Departamento de Investimento em Participações da Finep, Augusto da Costa Neto.
Para atender essas empresas, a financiadora se tornou cotista de fundos de capital semente, venture capital e private equity, que fazem aportes em empresas com potencial de crescimento em troca de uma participação acionária.
Desde 2000, a Finep comprou cotas de 34 fundos, que investiram em cerca de 100 empresas. Mas a financiadora não pode selecionar as empresas beneficiadas.
"Observamos que muitas empresas não eram atendidas pelos fundos e decidimos formatar um fundo próprio", explica Costa.
Segundo ele, os fundos privados, especialmente os de private equity, que investem em empresas maiores, ainda são arredios a negócios com risco tecnológico.
Em geral, esses fundos compram empresas visando a uma rápida expansão e ganho de eficiência com melhorias na gestão, mas dificilmente entram em negócios que dependem de saltos tecnológicos para prosperar.
De olho justamente nesses negócios, a Finep lançou o FIP Inova Empresa para comprar participações de empresas médias e grandes de setores considerados prioritários pelo governo, como aeroespacial, tecnologia da informação e agronegócios.
A primeira aquisição foi uma fatia de 20% na holding gaúcha Parit, por R$ 50 milhões. A intenção da Finep é fomentar o negócio e depois revender sua participação, possivelmente, por meio de uma abertura de capital (IPO, na sigla em inglês).
A Parit é dona da empresa de automação industrial Altus e da fabricante de cápsulas para semicondutores HT Mitron. "Chegamos a negociar com fundos privados, mas é difícil para eles entender o nosso mercado. Com a Finep foi mais fácil, já tínhamos uma relação de 30 anos negociando linhas de crédito", explicou um dos fundadores do grupo, Luiz Gerbase.
Após fechar o primeiro negócio, a Finep tem sido procurada por cerca de cinco empresas por semana para apresentar seus plano de negócios.
Já há uma aquisição na fase de due diligence (checagem financeira) e outras duas em análises avançadas. Questionado se a Finep pode ter seu orçamento cortado em meio ao ajuste fiscal, Costa diz que os recursos para esse fundo já estão captados.
Risco
O apoio a inovação por meio de compra de participações envolve um risco maior. Se a empresa for mal, a Finep pode perder todo ou parte do capital investido.
O BNDES, por exemplo, que tem política semelhante, registrou perda contábil de R$ 2,6 bilhões só com ações da Petrobrás em 2014.
Costa diz que a Finep faz a gestão do risco do negócio e que os investimentos visam o lucro. "Mas, mais do que isso, queremos possibilitar o nascimento de empresas com tecnologia nacional." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.