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Executiva deixa cargo em multinacional para empreender: “O corporativismo me adoeceu”

"Eu não deixei o meu trabalho, o que eu gosto de fazer. Eu deixei o corporativismo", diz Denise Oliveira. Conheça sua trajetória profissional:

Denise Oliveira fundou a primeira startup categorizada como ‘Insurtech as a Service’ da América Latina (Divulgação/Divulgação)

Denise Oliveira fundou a primeira startup categorizada como ‘Insurtech as a Service’ da América Latina (Divulgação/Divulgação)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 5 de agosto de 2022 às 10h09.

Denise de Oliveira, 44 anos, construiu uma carreira de sucesso na área de tecnologia de grandes multinacionais. IBM, a consultoria Ernst & Young (EY) e a seguradora American International Group (AIG) são algumas das empresas em seu currículo. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, ela conseguiu crescer profissionalmente e conquistar seus objetivos pessoais.

"Desde o começo, eu tinha uma meta cristalizada sobre a minha carreira: eu queria ter uma vida independente. Eu tracei um plano e consegui cumprir a meta que eu tinha me proposta lá atrás: carro, salário, apartamento, uma vida muito confortável", conta Oliveira.

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Apesar de gostar do trabalho que desenvolvia em grandes empresas do mercado financeiro, a executiva disse que precisava se adaptar a políticas internas, o chamado 'status quo', para conseguir crescer profissionalmente.

"Dentro de mim eu sabia que era um personagem. Eu tinha pouco tempo de qualidade com a minha família e minha saúde mental não estava boa", diz a executiva que pediu demissão em 2019 para empreender.

Quem é a empreendedora

Oliveira estudou a vida toda em colégios públicos em São Paulo e conseguiu pagar um ensino técnico no colegial com o salário que recebia no programa Jovem Aprendiz. Aos 15 anos, ela trabalhou em uma agência do Banco do Brasil.

Depois de tentar cursar Direito e outras graduações, ela fez uma faculdade técnica de Tecnologia da Informação (TI). Nem mesmo uma gravidez não planejada, aos 22 anos, interrompeu seus estudos.

"Lembro de levar meu filho no bebê conforto comigo nas aulas", conta.

Nessa época, ela fez um movimento para estagiar com TI. Desde então, nunca mais deixou de atuar na área, atendendo em boa parte de sua carreira instituições financeiras.

Corporativismo

Oliveira diz que logo percebeu que para crescer profissionalmente, ela teria que se adequar a padrões estéticos e comportamentais da empresa. Isso incluiu roupas, sapatos e bolsas de marca, alisar o cabelo e ser porta-voz dos ideias da empresa.

"Quando você está a serviço de uma corporação, você precisa agir de acordo com as crenças e padrões de comportamentos defendidos por ela. Isso me causava uma perda emocional muito grande. O corporativismo me adoeceu", conta.

Oliveira conquistou cargos de alta direção em bancos, instituições financeiras e seguradoras nacionais e multinacionais. Liderou equipes locais e internacionais em países como Estados Unidos, Reino Unido, China, México e Colômbia.

"Eu não trabalhava do jeito que eu acreditava. Depois de muitos anos, percebi que precisava largar a corporação, então comecei a buscar alternativas”.

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O que faz a Fitinsur

Fundada em 2019, a Fitinsur foi a primeira startup categorizada como ‘Insurtech as a Service’ da América Latina.

Focada em gerar escalabilidade de negócios no segmento de seguros de linhas comerciais, sua plataforma viabiliza o desenvolvimento de novos modelos, produtos e canais de distribuição em ecossistemas digitais, além de suportar o processo de transformação digital de empresas tradicionais.

"Eu não deixei o meu trabalho, o que eu gosto de fazer. Eu deixei o corporativismo e passei a fazer a gestão do meu trabalho", diz Oliveira.

Ao lado dos sócios Erika Chou, diretora de Marketing e Relacionamento, e Carlos Oliveira, diretor Técnico, a empreendedora conta que tenta combater o corporativismo com a horizontalidade e flexibilidade das equipes.

"Não temos equipes fixas. Hoje, você tem um líder conduzindo um projeto e amanhã você terá outro. As equipes são formadas de acordo com competência técnica e não efetivamente pelo cargo e crachá", explica.

Em 2021, a receita da Fitinsur cresceu 156%, para 2,97 milhões de reais — oitava maior expansão na categoria de 2 a 5 milhões do Ranking Negócios em Expansão da EXAME.

O bom resultado ficou a cargo de um projeto desenvolvido para a corretora global Texel, com sede em Londres e escritórios espalhados por Estados Unidos, Europa e Ásia.

Para atuar mundo afora, a tecnologia da Fitinsur recebeu certificação do Lloyd’s of London, o maior mercado de seguros e resseguros do planeta.

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A tecnologia da Fitinsur conectou 65 seguradoras e 85 clientes da Texel, a maioria grandes bancos também com presença internacional, numa espécie de marketplace para compra e venda de várias modalidades de seguros. Em nove meses de operação, mais de 210 milhões de negócios foram gerados a partir dali.

"Diferente do que o mundo corporativo determinava para as minhas roupas e meu cabelo, hoje eu consigo ser eu mesma, eu me visto e me apresento da forma que de forma eu sou", diz a empreendedora.

"Hoje eu tenho mais responsabilidades. 25 famílias dependem diretamente da gente. Mas eu trabalho feliz. Eu sou mais feliz e verdadeira comigo. Hoje eu tenho preocupações no trabalho, mas elas me deixam mais forte e mais humana", conclui.

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