Ex-diretor diz que Odebrecht pagou US$ 31 milhões a ex-presidente do Peru
Alejandro Toledo permanece nos EUA desde que a investigação foi aberta contra ele há quase três anos
EFE
Publicado em 25 de abril de 2019 às 09h24.
Lima - A Odebrecht entregou US$ 31 milhões em propinas ao ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo, de acordo com informações do site peruano "IDL-Reporteros", citando declarações do ex-diretor da empresa no país, Jorge Barata.
Segundo o portal, Barata fez essas declarações nesta quarta-feira a promotores peruanos durante o interrogatório na cidade de Curitiba sobre dinheiro entregue a uma série de políticos peruanos, incluindo vários ex-presidentes.
O Ministério Público peruano indiciou Toledo por supostamente solicitar uma propina de US$ 20 milhões para a construção da via Interoceânica sul, após as primeiras declarações da Odebrecht à Justiça dos Estados Unidos.
O ex-mandatário peruano permanece nos EUA desde que a investigação foi aberta contra ele há quase três anos e a Justiça vem buscando sua extradição para que possa ser processado no Peru por lavagem de dinheiro.
De acordo com "IDL-Reporteros", Barata disse que a Odebrecht doou US$ 27 milhões em propinas a Toledo pela estrada Interoceânica Sul, em vários pagamentos até o ano de 2011, e também lhe deu US$ 4 milhões para a campanha eleitoral de 2010.
Os US$ 27 milhões foram entregues através de contas do empresário e amigo de Toledo, Josef Maiman, investigado e processado ao lado do ex-presidente por lavagem de dinheiro, com quem ele criou uma empresa de fachada para fazer compras imobiliárias em Lima.
O antigo chefe da Odebrecht no Peru se comprometeu a entregar os documentos que sustentam os pagamentos ilegais dos US$ 4 milhões, como parte das 4 mil páginas do Setor de Operações Estruturadas, que serão entregues aos promotores peruanos responsáveis pela operação Lava Jato no país.
Barata chegou a afirmar, segundo o site, que em certa ocasião Toledo o repreendeu: "ouça Barata, pague por isso!", quando reivindicou o depósito das propinas, que eram feitos a cada três ou quatro vezes por ano.
O interrogatório de Barata foi comandado pelos promotores, liderados por Rafael Vela, para esclarecer as propinas pela estrada Interoceânica sul, assim como pela Linha 1 do Metrô de Lima, obra executada durante o segundo governo do ex-presidente Alan García, que cometeu suicídio no último dia 17, ao saber que seria preso por conta do caso da Odebrecht.