A estratégia do Bradesco para atrair os supermilionários
Banco monta parcerias com family offices para conquistar pessoas com patrimônio acima de 30 milhões de reais
Tatiana Vaz
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.
São Paulo - O aumento de renda dos brasileiros, nos últimos anos, não se restringiu apenas às pessoas das classes C e D. Todos deram um passo à frente na pirâmide econômica – inclusive os que já eram ricos. Isso explica porque, de janeiro para cá, o Bradesco Private voltou sua atenção para um grupo bem seleto: os supermilionários, aqueles com um patrimônio acima de 30 milhões de reais.
O banco não abre quantos clientes com esse perfil possui, nem quanto de volume é proveniente deles. Mas, para atrair cada vez mais esse público, o banco está montando, desde o início do ano, parcerias com single ou multifamily offices - empresas privadas que administram fortunas de famílias abonadas. GPS, Turim e Quadrante são algumas dessas companhias que já fecharam com o Bradesco.
Os escritórios fazem a intermediação entre os clientes e o banco, em relação às decisões financeiras que pretendem tomar. Para se ter ideia da importância das family offices para o Bradesco, cerca de 5% das contas abertas pelo private chega por indicação dessas empresas.
Pode parecer pouco em quantidade, mas como cada conta nova significa o ingresso de dezenas de milhões de reais para a carteira do Bradesco, isso faz bastante diferença. Além de mais clientes, as parcerias permitiram que o volume médio aplicado nas contas private subisse para cerca de 6 milhões de reais – o cliente precisa ter, pelo menos, 2 milhões de reais aplicados no Bradesco para ser atendido pelo private.
Meta antecipada
Isso contribuiu para que o banco batesse, em seis meses, a meta prevista para o ano em termos de volume administrado pelo private bank. "Aumentamos o volume gerido dentro do private em 15% até junho, e nosso objetivo agora é crescer outros 15%", diz João Albino, diretor do Bradesco Private, com exclusividade ao site EXAME.
"Por isso, estamos em busca de novas parcerias como essas, além de investir em treinamentos específicos para gestores de contas do segmento", afirma Winkelmann. De acordo com o diretor, a perspectiva é um crescimento da participação destes profissionais na gestão de recursos financeiros de famílias ricas no Brasil.
"O mercado brasileiro seguirá a tendência, o que já acontece nos Estados Unidos e Europa, onde cerca de 40% das famílias muito ricas são assistidas pelas family offices", diz o executivo.
Serviços
"É uma opção a mais para os clientes do private e faz parte de nossa estratégia de oferecer soluções integradas aos clientes, como gestão não financeira, blindagem patrimonial, planejamento sucessório e consultorias tributária e fiscal", afirma o diretor.
A intenção do banco não é deixar de lado os demais clientes do private. "Todos têm atendimento privilegiado, com gerentes responsáveis por poucas contas", diz Winkelmann. "Porém, os clientes com maior volume aplicado exigem ainda mais cuidado, como atendimento domiciliar".
"Muito se fala do crescimento do poder aquisitivo da classe C e D, mas quando se olha de perto a pirâmide, todos os brasileiros deram um passo à frente." E o Bradesco não quer perder o passo.
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