A SmartStore tem cerca de 2 mil lojas Brasil. Em 2024, chegou no sul da Flórida, e neste ano abriu em Medellín. A expectativa é de chegar a US$ 56 milhões até 2030 só com o faturamento internacional (SmartStore/Divulgação)
Repórter
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 12h58.
Se você já viu em condomínios aqueles minimercados autônomos, em que o morador compra o que precisa sem atendimento, provavelmente era uma operação como a da SmartStore. A rede, criada em 2019, já soma quase 2 mil lojas no Brasil e agora acelera a expansão nos EUA e na Colômbia.
Fundada em 2019, a empresa se consolidou como uma das principais redes de minimercados autônomos do país ao transformar um serviço antes visto como conveniência em um ativo permanente de condomínios e outros negócios (como faculdades, hotéis e até hospitais).
Hoje, com 1.975 contratos assinados no Brasil e previsão de superar 2.070 lojas já no início de 2026, a companhia projeta um crescimento acelerado também fora do país.
“O mercado de condomínios entendeu que a loja virou um ativo, como piscina, academia ou área de lazer. Hoje, ela é tão necessária quanto portaria ou limpeza”, afirma Oberdan Siqueira, sócio da SmartStore e diretor de expansão.
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Siqueira entrou na empresa ainda nos primeiros anos, quando o modelo de negócios passava por ajustes. Inicialmente, a estratégia previa a abertura de dez lojas próprias. Seis unidades depois, a decisão mudou.
“Na sexta loja, a gente já optou pelo modelo de licenciamento. O sistema estava validado, com métricas de abastecimento e operação. Vendemos todas as lojas próprias e partimos para o mercado”, diz.
O movimento foi decisivo para a escala. Do primeiro licenciado, a empresa chegou a quase 2 mil lojas no Brasil, todas passando pelo departamento de expansão. O time, que começou com uma única pessoa, hoje reúne cerca de 25 profissionais dedicados exclusivamente ao crescimento da rede.
Oberdan Siqueira, sócio da SmartStore: “O lockdown acelerou o consumo e nos permitiu testar mix, sortimento e operação muito mais rápido do que levaríamos em condições normais” (SmartStore/Divulgação)
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Atualmente, cerca de 70% a 75% da base da SmartStore está em condomínios residenciais, enquanto empresas representam entre 25% e 30% das operações. Hotéis e faculdades completam o portfólio.
“Muitas incorporadoras já entregam os condomínios com um espaço pensado para o minimercado. Em vários casos, a loja já é instalada junto com a entrega do imóvel”, afirma Siqueira.
No exterior, a expansão começou com estudos em 2023. A primeira loja internacional abriu em 2024, no sul da Flórida, nos Estados Unidos. Neste ano, a empresa iniciou a operação na Colômbia, com estreia em Medellín.
Hoje, são 22 lojas em cada país, com contratos assinados para chegar a 50 unidades em cada mercado até fevereiro. A meta é ambiciosa: alcançar 2.450 lojas fora do Brasil e um faturamento internacional de US$ 56 milhões até 2030.
“O modelo é o mesmo do Brasil: licenciamento, foco em condomínios e expansão junto ao parceiro local”, afirma.
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O crescimento da rede se reflete nos números. Em 2024, a SmartStore faturou R$ 302 milhões. Para 2025, a projeção é fechar o ano em R$ 370 milhões. Em 2026, a expectativa sobe para R$ 448 milhões.
Segundo Siqueira, o cenário macroeconômico não tem sido um obstáculo.
“Mesmo com eleições, Copa do Mundo ou outros eventos, nada disso impacta o nosso cenário. Já passamos por esses ciclos e não vimos mudança relevante.”
A pandemia teve papel central na consolidação do modelo, especialmente dentro dos condomínios.
“O lockdown acelerou o consumo e nos permitiu testar mix, sortimento e operação muito mais rápido do que levaríamos em condições normais”, afirma. “Os moradores passaram a pedir a loja, o que facilitou a aceitação pelos síndicos.”
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Embora seja uma operação sem funcionários nas lojas, a SmartStore investiu em tecnologia para elevar a performance. A empresa criou uma ferramenta própria de análise, a Smart Health, que cruza dados de consumo, horários de pico, mix de produtos e desempenho entre lojas equivalentes.
“Quando começamos, o faturamento médio por loja era de R$ 4 mil a R$ 7 mil. Hoje, estamos entre R$ 17 mil e R$ 22 mil”, diz Siqueira. “O pulo do gato é fazer o cliente comprar todos os dias.”
A empresa também mantém um departamento de performance que atua diretamente com os licenciados. O NPS médio da rede é de 80 pontos.
“Quando uma loja está abaixo do indicador, nosso time entra com consultoria, sem custo adicional, para ajustar mix, abastecimento e operação”, afirma.
Para abrir uma unidade, o licenciado paga uma taxa de R$ 10 mil. A montagem da loja varia entre R$ 25 mil e R$ 35 mil, dependendo do espaço. Em locais sem área disponível, a empresa recomenda a instalação em contêineres.
Apesar do crescimento acelerado, a SmartStore nunca recebeu aporte externo.
“Sempre foi capital próprio. Nunca tivemos investimento e, por enquanto, não temos planos de abrir capital”, diz Siqueira.
Com metas claras até 2030 e expansão já contratada no Brasil e no exterior, a empresa aposta em um modelo que saiu da conveniência para se tornar parte da infraestrutura cotidiana de condomínios e empresas.
“A loja deixou de ser novidade. Hoje, ela faz parte da rotina”, afirma o executivo.