Prevent Senior: operadora pede suspensão de 27 planos (Leandro Fonseca/Exame)
Mariana Desidério
Publicado em 26 de novembro de 2021 às 11h00.
Última atualização em 26 de novembro de 2021 às 21h41.
A Prevent Senior entrou com pedido na ANS para suspender a venda de 27 dos seus planos de saúde. O único plano que ficaria disponível é o Premium , válido para todo o Brasil com valor médio de até R$ 1.828. A suspensão ainda precisa ser aprovada pela agência reguladora.
O objetivo, de acordo com a companhia, é focar esforços para atender os 550 mil beneficiários que já estão na operadora e também responder às investigações em curso contra ela. Após ter sido alvo de uma série de denúncias na CPI da Covid no Senado, a Prevent agora responde a uma CPI da Câmara Municipal de São Paulo, além de ser investigada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. A empresa também está sob direção técnica da ANS.
Pelas contas da operadora, o número de beneficiários cresceria 20% em 2022, caso os planos continuassem a ser vendidos. Se a pandemia voltar a crescer, como tem acontecido na Europa, o número poderia ser ainda maior, o que poderia gerar dificuldades de atendimento.
A solicitação da operadora pegou a ANS de surpresa e, caso seja aprovada, pode movimentar o setor. O segmento aguarda, por exemplo, a venda da carteira de planos individuais da Amil, que possui 450 mil beneficiários, muitos deles idosos. Muitos desses clientes devem buscar a portabilidade do plano, e um destino provável seria a Prevent Senior.
A suspensão dos planos da Prevent pode gerar maior demanda para outras operadoras, em especial a Notredame Intermédica, que também oferece planos de baixo custo para o público idoso em São Paulo, principal praça de atuação da Prevent. Na avaliação do BTG Pactual, o momento pode ser uma oportunidade para a Notredame, que tem atualmente 6% de share no segmento de idosos.
O plano inicial da Prevent é retomar as vendas no ano que vem.
Focada no público idoso, a Prevent Senior cresceu baseada em um modelo de negócio que une operação verticalizada – ou seja, a operadora do plano é também dona dos hospitais usados pelos beneficiários – e foco na medicina preventiva. O modelo tornou possível a oferta de planos de saúde para idosos a preços mais acessíveis do que a maioria dos planos de outras operadoras.
Isso levou a Prevent a se tornar referência em um setor em que o aumento dos custos criava uma barreira para a aquisição de novos clientes, em especial de clientes idosos. Nos últimos anos, outras operadoras verticalizadas cresceram de forma vertiginosa oferecendo planos de saúde mais baratos. É o caso da Hapvida, maior operadora do país, com 45 bilhões de reais em valor de mercado, e da Notredame Intermédica, avaliada em 40 bilhões de reais na bolsa brasileira B3. As duas anunciaram fusão e o negócio aguarda aval do Cade.