Empresa de bilionário mais rico da Ásia enfrenta acusação de fraude contábil
Ativos ligados ao Grupo Adani afundaram depois que a Hindenburg acusou as empresas controladas pelo bilionário indiano Gautam Adani de manipulação “descarada” do mercado e fraude contábil
Isabela Rovaroto
Publicado em 26 de janeiro de 2023 às 09h11.
Última atualização em 26 de janeiro de 2023 às 09h25.
As ações e títulos ligados ao Grupo Adani afundaram depois que a Hindenburg acusou as empresas controladas pelo homem mais rico da Ásia de manipulação “descarada” do mercado e fraude contábil.
O bilionário indiano Gautam Adani fica atrás apenas de Bernard Arnault, dono da Christian Dior e marcas de luxo como Louis Vuitton, e dos americanos Elon Musk e Jeff Bezos, da Tesla e Amazon, segundo dados da Bloomberg.
A Hindenburg, empresa americana especializada em ativismo de mercado, divulgou o relatório de uma investigação de dois anos do império do magnata, com amplas alegações de supostas más práticas corporativas.
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O relatório detalha uma rede de entidades offshore controladas pela família Adani em paraísos fiscais, no Caribe, Ilhas Maurício e Emirados Árabes Unidos, que teriam sido usadas para facilitar corrupção, lavagem de dinheiro e roubo dos contribuintes, enquanto desviavam dinheiro das empresas listadas em bolsa do grupo.
O relatório é “uma combinação maliciosa de desinformação seletiva e alegações obsoletas, infundadas e desacreditadas”, disse o diretor financeiro do Grupo Adani, Jugeshinder Singh, em comunicado.
O relatório foi divulgado no mesmo dia marcado para a abertura de subscrições de uma importante oferta de ações da Adani Enterprises, destinada a atrair uma rede mais ampla de investidores. O momento “denuncia claramente uma intenção descarada e de má-fé de minar” e prejudicar o plano de venda de ações, disse Singh.
As ações da Adani Enterprises, principal empresa do bilionário, caíram até 3,7%, enquanto a Adani Transmission caiu 12%. O título em dólar com vencimento em 2032 da Adani Ports and Special Economic Zone caiu 7 centavos para 71,5 centavos de dólar — a maior queda desde a emissão em 2021.
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O ataque da Hindenburg chega em um momento crítico para o magnata. Adani quer aumentar seu perfil internacional e vem diversificando agressivamente seus negócios para áreas como cimento e mídia na Índia, onde mantém um relacionamento próximo com o primeiro-ministro Narendra Modi.
Os planos de expansão do império Adani estão intimamente alinhados com os objetivos econômicos e desenvolvimentistas do governo.
Adani disparou no ranking de bilionários da Bloomberg no ano passado, superando nomes como Bill Gates e Warren Buffett. Após o fechamento dos mercados nesta terça-feira, sua fortuna totalizava US$ 118,9 bilhões, bem próxima dos US$ 119,6 bilhões de Bezos.
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Gautam Adani é líder do Adani Group, um conglomerado fundado em 1988 pelo magnata e que conta com atuação diversificada em transporte, logística e desenvolvimento de infraestrutura.
O empresário tornou-se bilionário em 2008, após 20 anos da fundação do conglomerado. Em julho, Adani ultrapassou Bill Gates na lista da Bloomberg e anunciou também uma doação de US$ 20 bilhões para a Fundação Bill & Melinda Gates.
Porém, antes de fundar essas empresas de sucesso, de alcançar a lista dos mais ricos do mundo e se tornar um filantropo, Adani chegou a desistir da Universidade de Gujarat no segundo ano dos estudos para ir trabalhar com diamantes.
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De onde vem a fortuna de Gautam Adani?
Adani construiu um império de infraestrutura nas últimas décadas, e desde 2008 alcançou o status de bilionário. Atualmente seu patrimônio é avaliado em US$ 119 bilhões, segundo a Forbes.
Os investimentos do magnata vão desde minas de carvão a portos, aeroportos e usinas de energia — essas últimas numa tentativa mais recente de Adani em se tornar um produtor massivo de energias renováveis.
Todas as companhias fundadas por Adani são listadas em Bolsa, e o bilionário detém boa parte das ações de cada uma delas. Nas empresas Adani Enterprises, Adani Power e Adani Transmission, por exemplo, ele detém 75% de participação. Ele também possui mais da metade das ações da Adani Ports & Special Economic Zone e da Adani Green Energy e 37% das ações da Adani Total Gas.
Adani é, portanto, dono do maior porto comercial da Índia e também de uma das maiores minas de carvão do país. Para finalizar, ele é também dono de 75% do aeroporto de Mumbai, o principal do país.
Pouco antes de ter sua nova fortuna mensurada, o magnata se comprometeu a doar 8% de seu patrimônio líquido (algo como US$ 7,7 bilhões) para causas sociais, um movimento comum adotado por outros bilionários pelo mundo. O caso mais recente é, talvez, o de Yvon Chouinard, fundador da Patagonia , que decidiu doar toda a sua fortuna e a companhia avaliada em US$ 3 bilhões.
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Quem são os 10 maiores bilionários do mundo
Desde 1987 a Forbes divulga, ano a ano, uma lista que ranqueia os homens mais ricos do mundo. Confira abaixo a lista dos 10 homens mais ricos do mundo em 2023:
- Bernard Arnault & família: US$ 213,9 bilhões;
- Elon Musk: US$ 160 bilhões;
- Jeff Bezos: US$ 120,4 bilhões;
- Gautam Adani: US$ 119,1 bilhões;
- Larry Ellison: US$ 111,9 bilhões;
- Warren Buffet: US$ 108,2 bilhões;
- Bill Gates: US$ 103,3 bilhões;
- Carlos Slim Helu e família: US$ 92,7 bilhões;
- Mukesh Ambani: US$ 85 bilhões;
- Francoise Bettencourt Meyers & família: US$ 83,3 bilhões;