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Embraer concentra receita nos EUA, mas agora é diferente

Embraer fez um grande esforço nos últimos anos para diversificar a sua base de clientes, buscando compradores em países como Jordânia, Austrália e Cingapura

Apenas neste ano, as norte-americanas Republic Airways, United Airlines e SkyWest fizeram pedidos firmes por 117 aviões modelo Embraer 175, com valor de 4,8 bilhões de dólares a preços de tabela (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2013 às 23h43.

São Paulo - Os recentes pedidos bilionários de jatos regionais fechados pela Embraer nos Estados Unidos significam que a receita da empresa brasileira voltará a estar mais concentrada em clientes norte-americanos. Mas isso agora não deve ser um problema.

Terceira maior fabricante mundial de aviões comerciais, a Embraer fez um grande esforço nos últimos anos para diversificar a sua base de clientes, buscando compradores para seus aviões de até 120 passageiros em países como Jordânia, Austrália e Cingapura.

Também se posicionou no mercado brasileiro, antes um duopólio das gigantes Boeing e Airbus, ao fornecer jatos para companhias aéreas nacionais de menor porte.

A diversificação da base de clientes da Embraer foi importante na última recessão dos EUA, na esteira da crise financeira global de 2008. Num cenário de consumidores avessos a viagens e um setor aéreo buscando consolidação e redução de custos, a Embraer viu clientes naquele país revendo planos de frota e até pedindo concordata.

Além disso, a forte presença da Embraer nos EUA, no fim dos anos 1990 e começo da década passada, com jatos regionais de 50 assentos, era impulsionada por uma "demanda artificial", segundo executivos da indústria, já que os sindicatos de pilotos dos EUA limitavam o tamanho das aeronaves para voos regionais.

Mas esse quadro mudou. Os sindicatos aliviaram as chamadas "scope clauses" e permitiram a operação de jatos regionais maiores de cerca de 70 assentos --mais modernos e condizentes com a demanda. Também houve alteração no setor aéreo norte-americano, que agora tem menos e mais fortes companhias.

Concentra, mas não tanto

Apenas neste ano, as norte-americanas Republic Airways, United Airlines e SkyWest fizeram pedidos firmes por 117 aviões modelo Embraer 175 (de 76 lugares), com valor de 4,8 bilhões de dólares a preços de tabela.

O mais recente acordo com a SkyWest pode chegar a 200 jatos, considerando 60 encomendas que ainda precisam ser confirmadas e outras 100 opções de compra.


Para analistas do Bank of America Merrill Lynch, ainda há potencial para outro grande pedido a ser feito por uma empresa aérea norte-americana no curto prazo, possivelmente por uma subsidiária da AMR.

Segundo cálculos da Reuters, a Embraer chegou a ter, em 2003, quase 80 % de sua carteira de pedidos ("backlog") na aviação comercial, em número de aeronaves, com clientes dos EUA. No fechamento de 2010, apenas 30 % estava com empresas aéreas norte-americanas.

A inclusão das duas últimas encomendas ao "backlog" deve deixar mais de 50 % da carteira de pedidos da Embraer na aviação comercial concentrada nos EUA.

Recomposição da carteira

Após ter visto em parte de 2012 o valor de sua carteira total de pedidos no menor nível em seis anos, a Embraer foi alvo de questionamentos sobre a habilidade de manter os níveis de produção e entregas na aviação comercial. Os temores foram dissipados com os novos contratos.

Para o BofA Merrill Lynch, o "backlog" da Embraer --que inclui os negócios na aviação comercial, executiva e defesa-- pode subir para 16,1 bilhões de dólares no segundo trimestre com as novas encomendas, ante 13,1 bilhões de dólares em março. Se confirmado, seria o maior valor desde os 16,6 bilhões de dólares do quarto trimestre de 2009.

No fim de abril, o presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado, afirmou que o nível de produção em 2013 e 2014 na linha de produção de aviões comerciais está assegurado. Com pedidos adicionais, há chance de subir de 10 a 15 % no ano que vem, voltando ao patamar de 2011 e 2012.

Os analistas do BTG Pactual esperam crescimento do "backlog" da Embraer na aviação comercial em 2013 e 2014, ou seja, que a fabricante terá mais encomendas do que entregas de jatos, por pequenos pedidos de companhias aéreas em economias emergentes e potencialmente outras grandes compras por norte-americanas.

As ações da Embraer fecharam nesta terça-feira em alta de 2,06 % na Bovespa, para fechar no maior patamar desde 23 de outubro de 2007, a 19,29 reais. Na máxima desta terça-feira, os papéis chegaram a avançar quase 5 %.


Para analistas, a Paris Air Show pode ser um novo catalisador para as ações da Embraer. A empresa deve apresentar sua próxima geração de jatos regionais na maior feira de aviação do mundo, que acontece em junho.

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Terceira maior fabricante mundial de aviões comerciais, a Embraer fez um grande esforço nos últimos anos para diversificar a sua base de clientes, buscando compradores para seus aviões de até 120 passageiros em países como Jordânia, Austrália e Cingapura.

Também se posicionou no mercado brasileiro, antes um duopólio das gigantes Boeing e Airbus, ao fornecer jatos para companhias aéreas nacionais de menor porte.

A diversificação da base de clientes da Embraer foi importante na última recessão dos EUA, na esteira da crise financeira global de 2008. Num cenário de consumidores avessos a viagens e um setor aéreo buscando consolidação e redução de custos, a Embraer viu clientes naquele país revendo planos de frota e até pedindo concordata.

Além disso, a forte presença da Embraer nos EUA, no fim dos anos 1990 e começo da década passada, com jatos regionais de 50 assentos, era impulsionada por uma "demanda artificial", segundo executivos da indústria, já que os sindicatos de pilotos dos EUA limitavam o tamanho das aeronaves para voos regionais.

Mas esse quadro mudou. Os sindicatos aliviaram as chamadas "scope clauses" e permitiram a operação de jatos regionais maiores de cerca de 70 assentos --mais modernos e condizentes com a demanda. Também houve alteração no setor aéreo norte-americano, que agora tem menos e mais fortes companhias.

Concentra, mas não tanto

Apenas neste ano, as norte-americanas Republic Airways, United Airlines e SkyWest fizeram pedidos firmes por 117 aviões modelo Embraer 175 (de 76 lugares), com valor de 4,8 bilhões de dólares a preços de tabela.

O mais recente acordo com a SkyWest pode chegar a 200 jatos, considerando 60 encomendas que ainda precisam ser confirmadas e outras 100 opções de compra.


Para analistas do Bank of America Merrill Lynch, ainda há potencial para outro grande pedido a ser feito por uma empresa aérea norte-americana no curto prazo, possivelmente por uma subsidiária da AMR.

Segundo cálculos da Reuters, a Embraer chegou a ter, em 2003, quase 80 % de sua carteira de pedidos ("backlog") na aviação comercial, em número de aeronaves, com clientes dos EUA. No fechamento de 2010, apenas 30 % estava com empresas aéreas norte-americanas.

A inclusão das duas últimas encomendas ao "backlog" deve deixar mais de 50 % da carteira de pedidos da Embraer na aviação comercial concentrada nos EUA.

Recomposição da carteira

Após ter visto em parte de 2012 o valor de sua carteira total de pedidos no menor nível em seis anos, a Embraer foi alvo de questionamentos sobre a habilidade de manter os níveis de produção e entregas na aviação comercial. Os temores foram dissipados com os novos contratos.

Para o BofA Merrill Lynch, o "backlog" da Embraer --que inclui os negócios na aviação comercial, executiva e defesa-- pode subir para 16,1 bilhões de dólares no segundo trimestre com as novas encomendas, ante 13,1 bilhões de dólares em março. Se confirmado, seria o maior valor desde os 16,6 bilhões de dólares do quarto trimestre de 2009.

No fim de abril, o presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado, afirmou que o nível de produção em 2013 e 2014 na linha de produção de aviões comerciais está assegurado. Com pedidos adicionais, há chance de subir de 10 a 15 % no ano que vem, voltando ao patamar de 2011 e 2012.

Os analistas do BTG Pactual esperam crescimento do "backlog" da Embraer na aviação comercial em 2013 e 2014, ou seja, que a fabricante terá mais encomendas do que entregas de jatos, por pequenos pedidos de companhias aéreas em economias emergentes e potencialmente outras grandes compras por norte-americanas.

As ações da Embraer fecharam nesta terça-feira em alta de 2,06 % na Bovespa, para fechar no maior patamar desde 23 de outubro de 2007, a 19,29 reais. Na máxima desta terça-feira, os papéis chegaram a avançar quase 5 %.


Para analistas, a Paris Air Show pode ser um novo catalisador para as ações da Embraer. A empresa deve apresentar sua próxima geração de jatos regionais na maior feira de aviação do mundo, que acontece em junho.

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