Elvis Tinti, CEO da NIKY: O obvjetivo é fornecer benefícios que "aumentem a felicidade do funcionário" (Exame/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 24 de julho de 2024 às 18h00.
Profissionais que foram contratados ou desligados remotamente. Colaboradores que nunca pisaram na sede da empresa. Empregados que moram a milhares de quilômetros de distância do gestor imediato. Até pouco tempo atrás, não se ouvia falar de nada disso. Com o advento do trabalho remoto e das jornadas híbridas, nos quais inúmeras empresas passaram a apostar por motivos óbvios, o relacionamento dos funcionários com suas companhias mudou radicalmente. Mas, até aí, nenhuma novidade.
O que ainda chama a atenção — e muito — é um dos reflexos desse fenômeno: a explosão das HRTechs. Falamos das startups que estão ajudando a revolucio- nar a forma como as empresas contratam, treinam, retêm e desenvolvem seus colaboradores. Pelas contas da plataforma Statista, as HRTechs deverão faturar 5,7 bilhões de dólares neste ano, um salto de 28% em relação a 2022. Já o valor movimentado pelas empresas incumbentes desse meio, que também se veem obrigadas a oferecer soluções inovadoras em razão das novas dinâmicas de trabalho, deverá crescer 10,5% — de 67,5 bilhões de dólares, em 2023, para 74,6 bilhões de dólares neste ano.
Com sede em São Paulo, a Niky é uma das HRTechs mais bem-sucedidas. Em resumo, ela aposta em benefícios flexíveis. Ou seja, permite que os colaboradores tenham liberdade na hora de gastar as quantias depositadas pelos empregadores a título, por exemplo, de vale-refeição ou vale-alimentação. Mas ela não para por aí. Com a ajuda de com- panhias parceiras, também facilita o acesso a planos de saúde e ao Gympass ou ao TotalPass, entre outros benefícios do tipo. No total, a HRTech firmou parcerias com mais de 400 empresas, que oferecem descontos para quem tem um cartão da Niky.
“Nosso objetivo é fornecer benefícios que aumentem a felicidade dos funcionários”, resume Elvis Tinti, CEO e um dos sócios da Niky. Em agosto, a startup pretende agregar mais um serviço à plataforma: a concessão de crédito para os colaboradores. “Ajudá-los a acabar com eventuais dívidas e a realizar sonhos é um grande benefício”, acrescenta o executivo. Atualmente, a startup presta serviço para 128 empresas, como Nestlé, Conta Black, Proteste e Ame. Sua carteira já abarca mais de 40.000 funcionários. Com os novos contratos que ainda estão em fase de implantação, a expectativa é chegar a 100.000 até o fim deste ano.
A Niky foi fundada em 2015 com outro nome. Inicialmente, atuava no segmento de banking as a service (baas). Com a chegada de Tinti, em 2021, adotou o nome atual e se converteu em uma HRTech. O CEO não revela quanto ela fatura, mas informa que as receitas cresceram 67% no ano passado, em relação a 2022, e que para este ano está previsto um salto de 62%. “A flexibilização e o aprimoramento dos benefícios destinados aos funcionários tendem a reduzir as taxas de turnover em cerca de 34%, o que faz todo o sentido”, afirma Tinti. “O risco de alguém dar adeus a uma empresa que preza pela qualidade de vida dele é muito pequeno.”
Um dos grandes desafios que muitos gestores enfrentam, atualmente, é o da alta rotatividade de funcionários. De acordo com a Gartner, as companhias eram obrigadas, em média, a repor cerca de 20% do quadro de colaboradores por ano — isso até a pandemia. Em 2022, a taxa de rotatividade subiu para 24%. Significa que uma empresa com 25.000 em- pregados, por exemplo, pode ser obrigada a repor 6.000 vagas em um único ano. De acor- do com o Human Capital Insti- tute, companhias que investem em desenvolvimento pessoal costumam aumentar o engajamento dos colaboradores em 56% e melhorar a taxa de retenção de talentos em 36% — quase o mesmo percentual registrado pela Niky.
Nascido em São Paulo há 44 anos, Tinti trabalha desde os 13. Debutou na tecelagem da mãe dele, de quem diz ter herdado a veia empreendedora. Aos 14 anos, passou a trabalhar como office-boy de uma empresa de cobrança — de onde saiu, aos 18, como faturista, ofício do qual ninguém mais ouve falar. Depois foi trabalhar em uma empresa de autopeças para, em seguida, prestar concurso público para a Nossa Caixa — no extinto banco, incorporado pelo Banco do Brasil em 2009, atuou por quatro anos. O CEO da Niky trabalhou ainda em outras empresas que dispensam apresentações, como GetNet e PicPay, onde exerceu cargos de liderança. Experiência no mundo corporativo, portanto, e nas mais diversas posições, ele tem de sobra.