Gustavo Traballe (esquerda) e Raphael Levi (direita), cofundadores da Flip
Repórter
Publicado em 8 de outubro de 2024 às 11h34.
A falta de capital de giro é uma das principais causas de fechamento de empresas no Brasil. Segundo o Mapa de Empresas do Governo Federal, quatro empresas fecham por minuto, e a falta de acesso ao crédito é o maior problema para micro e pequenas empresas (PMEs). Considerando este cenário, a fintech Flip decidiu entrar em um novo território: a antecipação de recebíveis de cartão de crédito. A empresa, já conhecida por ajudar PMEs a obter crédito com mais facilidade, quer ampliar sua atuação e disputar espaço com grandes bancos. A expectativa é que essa nova operação movimente R$ 500 milhões até o final de 2024.
Raphael Levi e Gustavo Traballe juntaram suas experiências no mercado financeiro e de tecnologia, respectivamente, para fundar a Flip em 2018. Entre 2022 e 2023, movimentou R$ 600 milhões em operações, e a previsão é de um crescimento de 50% em 2024. Segundo Raphael Levi, cofundador da fintech, o crescimento acelerado vem de uma estratégia clara: atender empresas mal atendidas pelos grandes bancos.
"O objetivo é que toda e qualquer empresa, independentemente do tamanho ou setor, consiga resolver suas necessidades financeiras em apenas dois minutos, simplesmente abrindo o computador", explica. A fintech já impactou mais de 300 mil negócios, está presente em mais de quatro mil municípios e atende empresas de todos os setores. "Se faturar R$ 5 mil ou R$ 15 milhões, nós conseguimos atender", diz Levi.
Esta fintech chamou atenção do ex-CFO do Nubank oferecendo “Pix internacional” para empresasA plataforma da Flip foi desenvolvida para não precisar de interação humana. O robô proprietário da fintech cruza em segundos mais de 500 dados do cliente para oferecer opções de crédito, como a antecipação de duplicatas e, agora, os recebíveis de cartão de crédito. A antecipação de recebíveis do cartão de crédito permite que as empresas recebam de forma imediata o valor das vendas realizadas no cartão, que normalmente seria pago em prazos mais longos, como 30 dias ou mais.
Em vez de esperar o tempo padrão das operadoras, o empresário pode antecipar o recebimento desses valores, pagando uma taxa pela transação. Esse recurso é uma estratégia comum para melhorar o fluxo de caixa e garantir as despesas do dia a dia, como folha de pagamento e compra de mercadorias. “O pequeno empresário não tem tempo ou recursos para lidar com a burocracia dos grandes bancos, que muitas vezes negam crédito a essas empresas. A Flip nasceu para mudar essa realidade", afirma Gustavo Traballe, cofundador da fintech.
Com alta de 13% em julho, faturamento das PMEs inicia terceiro trimestre em altaA plataforma da Flip se diferencia por operar como um carrinho de compras, onde o cliente pode escolher quais vendas deseja antecipar. O robô proprietário da fintech analisa e processa os dados dos clientes em segundos, oferecendo as melhores opções de crédito conforme o perfil de cada empresa. Segundo Traballe, a empresa está investindo em IA generativa para aprimorar ainda mais as decisões de crédito e reduzir o risco de fraudes.
“Com a IA, já conseguimos cruzar informações de forma que um ser humano jamais conseguiria fazer. Agora, o próximo passo é aprimorar nossos modelos antifraude e tornar a experiência do cliente ainda mais simples e rápida”, diz. A expectativa é que a nova tecnologia também melhore a precisão das decisões de crédito e permita à fintech escalar suas operações ainda mais rapidamente.
Recentemente, uma mudança nas normas do Banco Central (normativa BCB nº 264) promete trazer mais transparência e competitividade ao mercado de recebíveis de cartão de crédito. Agora, as empresas podem ver, em um canal único, todas as suas vendas e antecipações de forma centralizada, facilitando o controle financeiro e abrindo espaço para que fintechs como a Flip ofereçam condições mais competitivas. “Vemos com bons olhos as mudanças regulatórias no mercado de cartões, que aumentam a transparência e favorecem fintechs como a nossa, que conseguem oferecer taxas mais justas e um processo sem burocracia”, diz Traballe.
A empresa, que já movimentou mais de R$ 1,5 bilhão em operações de crédito, vê um futuro promissor com a expansão de suas tecnologias e a entrada em novos mercados. “Queremos impactar ainda mais empresas em todo o Brasil. O objetivo é continuar crescendo e chegar a mais de um milhão de negócios impactados até o final de 2025”, diz Traballe.