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Ela foi empregada doméstica e hoje lidera clínica de tratamento capilar que fatura R$ 6 milhões

Conheça a trajetória da especialista em tratamento capilar que criou sua própria rede de clínicas em Joinville, Santa Catarina

Simone Correia, CEO da Recupere: "Passei por muitas dificuldades, mas sempre soube aproveitar as oportunidades que surgiam" (divulgação/Divulgação)

Simone Correia, CEO da Recupere: "Passei por muitas dificuldades, mas sempre soube aproveitar as oportunidades que surgiam" (divulgação/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 28 de novembro de 2023 às 14h21.

Última atualização em 28 de novembro de 2023 às 15h22.

Assim como muitos brasileiros, Simone Correia, fundadora da rede de clínicas de tratamento capilar Recupere, que fatura R$ 6 milhões ao ano, começou a empreender por necessidade. Na verdade, ter o próprio negócio parecia algo impossível na realidade da paulista de 26 anos que trabalhava desde a infância como empregada doméstica.

Ela usou o conhecimento adquirido em um salão de beleza especializado em perucas para empreender. Simone começou a oferecer massagens e tratamentos capilares por conta própria. A proposta de negócio deu certo. Em 2008, ela criou a Recupere com foco em tricologia, área da saúde voltada à prevenção e tratamento da saúde capilar. Ela começou com uma sala pequena em Joinville, Santa Catarina. 

"Assim que eu comecei a ter algum retorno financeiro com os atendimentos eu busquei cursos e certificações para estudar tricologia", diz Simone Correia.

Além de liderar uma equipe com 25 funcionários em quatro cidades, Simone também é professora de pós-graduação na área de tricologia e oferece mentoria a profissionais da área.

"Com muita dedicação e estudo eu consegui transformar a minha realidade e ter meu próprio negócio em uma área na qual eu me identifico", diz.

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Quem é a empreendedora

Nascida em Itaquaquecetuba, São Paulo, Simone teve um infância difícil marcada por um adoção e trabalho durante a infância.

Ela era a caçula de oito irmãos e mudou de cidades muitas vezes até ir morar com a família em Joinville, Santa Catarina.

Ela sempre trabalhou como empregada doméstica. Sua única experiência em outra área foi em um salão de beleza especializado em perucas. No início, ela era responsável pela limpeza das perucas, mas logo passou para o atendimento de clientes que buscavam tratamento capilares.

"No salão eu aprendi a fazer massagens e tratamentos para o crescimento e fortalecimento dos fios. Eu decidi deixar o emprego e voltar a trabalhar como empregada doméstica quando a proprietária do salão tirou a pequena comissão que eu recebia por cada atendimento", conta.

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Como ela começou empreender

De volta ao trabalho doméstico, Simone começou a trabalhar na casa de uma família que tinha uma empresa de consertos de computador em Joinville.

A primeira oportunidade que recebeu da família para mudar de área foi para virar secretária administrativa. "Eles viram que eu tinha interesse em aprender coisas novas e crescer", diz a empreendedora.

O chefe, que sabia que Simone tinha trabalhado num salão especializado em cabelo, perguntou se ela poderia fazer um tratamento contra a calvície que começava a aparecer.

Ela começou a atender o então chefe em 2008, que se tornou o primeiro cliente da nova fase da sua carreira.

O tratamento funcionou e cabelo dele voltou a aparecer. Ele passou a indicar o tratamento para amigos e conhecidos na cidade e Simone conquistou os primeiros clientes.

Naquele ano, ela alugou a primeira sala comercial em Joinville e financiou a compra de equipamentos. "Investi cerca de R$ 5 mil para criar a primeira clínica da Recupere", lembra a empreendedora.

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Como funciona a rede de clínicas Recupere

A primeira unidade da Recupere foi inaugurada em 2008 em Joinville. Aquela também foi a primeira clínica especializada em tricologia de Santa Catarina -- o que achou atenção de clientes em outras cidades do estado.

Outras duas unidades próprias foram inauguradas em Florianópolis e em Curitiba. Simone conta que, antes de investir na abertura de uma nova clínica, ela viaja com a equipe de profissionais para as cidades e atendia em espaços alugados.

"Eu só abri novas unidades quando tinha um número grande de clientes na cidade", diz a empreendedora.

Além das três unidades próprias, a rede conta com uma unidade licenciada em Vitória. Para atender a demanda, as clínicas contam enfermeiros, biomédicos e nutricionistas. Ao todo, a rede emprega 25 profissionais.

As unidades atendem 700 pacientes por mês. O tratamento mais buscado é para calvície. Com fototerapia e medicações injetáveis, cada paciente é atendido por cerca de seis meses com consultas quinzenais. Hoje, as quatro unidades da rede faturam R$ 6 milhões ao ano.

Outros pacientes conseguem realizar parte do tratamento de casa. A empreendedora desenvolveu em 2019 uma linha própria de produtos que atualmente conta com 11 itens.

O mercado de transplantes capilares está crescendo no Brasil e no mundo. Relatório da Global Market Insights aponta que o mercado de transplante capilar foi avaliado em US$ 5 bilhões em 2022 e deve apresentar uma taxa de crescimento de 21% até 2032, com mercado estimado em US$ 37,5 bilhões em 10 anos.

A clínica Recupere não trabalha com transplantes capilares, mas oferece tratamentos pré e pós operatórios -- o que tem atraído cada vez mais clientes.

"Sabemos que a área da tricologia está em crescente expansão no Brasil. A prevalência de doenças capilares afeta cerca de 40 milhões de brasileiros o número de cursos e pós graduação em tricologia tem crescido muito", diz Simone.

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Formação acadêmica

A primeira formação da empreendedora na área da tricologia foi internacional. Em 2008, quando criou a Recupere, Simone não encontrava formações técnicas no Brasil. Ela conseguiu um certificado técnico de tricologia na IAT Trichology da Austrália, organização que se dedica ao estudo e tratamento dos problemas relacionados ao cabelo e ao couro cabeludo. "Pedi para o professor traduzir o material e comecei a estudar".

Depois de tirar o certificado australiano de tricologia, Simone não parou mais de estudar. Em 2018, ela se formou em biomedicina. Hoje, ela faz especialização no Hospital Albert Einsten e integra a Associação Mundial de Tricologia, entidade sediada na Flórida.

Além de empreendedora, ela é professora de pós-graduação no Paraná e em Santa Catarina, além de oferecer mentorias para profissionais da área.

"Eu vejo a tricologia como um proposito de vida que mudou a minha realidade. Passei por muitas dificuldades, mas sempre soube aproveitar as oportunidades que surgiram", diz.

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